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Com medo, governo do Egito restringe venda de coletes amarelos

As autoridades egípcias restringiram a venda de coletes amarelos no país, temendo que a classe trabalhadora inspirada no exemplo francês, se mobilize contra a crise em grandiosas manifestações no aniversário de sete anos da Primavera Árabe, que será em janeiro.

quarta-feira 12 de dezembro de 2018 | Edição do dia

Na frança os coletes amarelos têm mostrado o caminho de como fazer com que os capitalistas paguem pela crise. Uma verdadeira jornada de manifestações revolucionárias rompeu com a passividade das centrais sindicais e encurralou Macron, que cedeu e anunciou um aumento de 100 euros no salário mínimo e isenção de impostos aos aposentados e trabalhadores que ganham menos de 2 mil euros. É sem dúvida uma importante conquista e que já começa a ressoar pelo mundo como um grande exemplo de que é somente pela via da luta de classes que é possível enfrentar cada ataque dos patrões e do imperialismo.

As autoridades egípcias restringiram a venda de coletes amarelos no país, temendo que a classe trabalhadora inspirada no exemplo francês, se mobilize contra a crise em grandiosas manifestações no aniversário de sete anos da Primavera Árabe, que será em janeiro.

O governo orientou os vendedores de equipamentos de proteção a não oferecerem os coletes amarelos para compradores e restringir o comércio da peça para companhias que tenham permissão da polícia para a compra. Segundo a agência de notícias Associated Press, fontes das forças de segurança e vendedores afirmam que tais instruções foram passadas por agentes da polícia em uma reunião com importadores de produtos de segurança para a indústria e vendedores, no Cairo, nesta semana. Há ainda a ameaça de punições para aqueles que violarem as novas regras.

A Associated Press esteve em seis lojas em uma região do Cairo e em todas elas não conseguiu comprar os coletes amarelos. Em duas delas os lojistas apenas afirmaram não ter mais as peças, mas em outras quatro, o que os vendedores informam é que estão seguindo ordens da polícia. “Eles parecem não querer que as pessoas façam como na França", declarou um vendedor. O Ministério do Interior egípcio recusou-se a comentar o assunto. O que se sabe é que a restrição permanecerá até o final de janeiro.

No Egito a repressão policial se intensificou nos últimos dois anos como medida para barrar quaisquer manifestações e eventos em comemoração da revolta de 2011, que culminou na queda de Hosni Mubarak. A mídia egípcia tem cumprido o papel de ecoar as ideias capitalistas, ecoando o refrão do presidente Abdel-Fattah el-Sissi de que a ação nas ruas leva ao caos.

Os protestos estão praticamente proibidos no Egito. O general El Sissi se apoia na falácia de que é preciso jogar duro contra os protestos para que se mantenha a “estabilidade”, visando com isso, obviamente, manter seguros os ataques capitalistas e as portas abertas para que os trabalhadores sofram brutais ataques e que seja em suas costas descarregada toda a crise.

Desde 2014 quando El Sissi assumiu a presidência, após liderar a retirada militar no ano anterior de um presidente eleito, não ocorreu nenhuma manifestação ou protestos significativos. Contudo, os reflexos de 2011 e ainda geram insegurança no governo que agora, pela via da proibição da venda dos coletes amarelos, pensa que pode parar a força da auto-organização operária.

Está claro que os métodos da luta de classes são responsáveis por arrancar conquistas importantes aos franceses, e aponta para que todos os trabalhadores do mundo façam com que sejam os capitalistas a pagarem pela crise, através de sua organização e com a força de suas lutas.




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