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Com medo de delações, Temer quer acelerar ataques

Às vésperas de votar na Câmara dos deputados o segundo turno da PEC 241, que congela os investimentos na educação e saúde, além dos salários e a contratação de funcionários públicos, pelos próximos 20 anos, Michel Temer se preocupa com a repercussão que a negociação de delação premiada da Odebrecht com a Lava Jato pode causar no seu já instável governo.

Marcella CamposProfessora de SP, membra da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas

terça-feira 18 de outubro de 2016 | Edição do dia

Isso porque a delação deve atingir principalmente o núcleo duro do governo e até mesmo o próprio presidente Michel Temer. José Serra, ministro das Relações Exteriores, Moreira Franco, secretário do Programa de Parcerias de Investimentos, Geddel Vieira, ministro da Secretaria de Governo, e Romero Jucá, braço direito de Temer famoso pelos áudios vazados que afirmavam pacto para deter a Lava Jato, são os principais alvos das delações.

Para evitar que a turbulência prejudique seus planos de atacar e fazer a os trabalhadores pagarem pela crise, o governo quer adiantar ao máximo as tramitações e votações no Congresso sobre a PEC 241 e da Reforma da Previdência. A ideia de Michel Temer é acelerar para que a PEC 241 chegue ao Senado até novembro e em seguida comecem as votações sobre a Reforma da Previdência.

As negociações da Operação Lava Jato com a Odebrecht previam inicialmente 53 nomes, mas 30 nomes a mais de funcionários podem ser incorporados, fazendo com que mais de 80 funcionários delatores recebam os benefícios das delações premiadas da justiça brasileira. Estes últimos 30 funcionários podem ser incluídos como lenientes, o que os protegem de multas e penas.

Já os primeiros 53 executivos que a empresa negocia com o Ministério publico, incluindo Marcelo Odebrecht, devem pagar multas, mas muitos provavelmente se livrarão da prisão ou cumprirão em regime domiciliar, mostrando toda a dureza "pero no mucho" da justiça brasileira a depender dos réus, já que é uma realidade de benefícios e acordos maleáveis muito distante do povo, principalmente das periferias.

O principal objetivo deste governo, pressionando pela Lava Jato que atua como articulador da política, é colocar mais vapor nos cortes, ajustes e ataques aos trabalhadores do que o governo do PT vinha colocando. Com este objetivo, a Lava Jato, os setores mais reacionários e de direita, junto com PMDB, PSDB e os partidos do chamado centrão se unirão para dar continuidade ao golpe institucional.

Além de aprofundar os ataques, a justiça com sua operação Lava Jato, tenta dar legitimidade a um regime carcomido e sem credibilidade, para isso se utilizam de toda uma verborragia de combate a corrupção. Quando na verdade atuam como árbitros e beneficiam o projeto de um futuro governo PSDB, com a sua nada imparcial atuação.




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