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ABC PAULISTA | Com maior taxa de letalidade da Covid-19 no país, empresários do ABC obrigam metalúrgicos a trabalhar

De acordo com as informações publicadas no site do sindicato dos metalúrgicos do ABC (SMABC) na última sexta feira, a região registra a maior taxa de letalidade do Estado de São Paulo. O ACB registra 9,7% de letalidade, enquanto em todo o estado a taxa é de 7,9% e no país 6,9%. O total de casos tem dobrado a cada 10 dias e o de mortes, a cada nove dias. O índice de isolamento social ficou em 49%. Na cidade com mais casos e mortes na região, São Bernardo, não houve atualização dos dados para este levantamento. Enquanto São Caetano é o município do ABC com mais infectados por 100 mil habitantes.

terça-feira 19 de maio de 2020 | Edição do dia

Segundo informações do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde dessa segunda-feira, em todo país já são quase 260 mil casos de coronavírus e 17 mil mortos, mesmo com a enorme subnotificação existente. Com esses números, o Brasil se torna o terceiro país no mundo com o maior número de casos confirmados da doença, atrás de Estados Unidos e Rússia.

A alta taxa de letalidade no ABC paulista e os índices de isolamento social abaixo do recomendado para diminuir a curva de contágio são agravadas pela ganância dos empresários, que com o apoio dos políticos burgueses, que de Bolsonaro a Dória e prefeitos de diferentes cidades, buscam favorecer os interesses dos capitalistas permitindo, por exemplo, que a indústria metalúrgica volte a funcionar apenas para satisfazer os interesses dos lucros dos empresários. Obrigando milhares de trabalhadores se expor a contaminação pelo vírus, sem fornecer como mínimo testes, máscaras e EPIs necessárias. Isso sem contar as MP aprovadas pelo governo e o Congresso, como a MP 936/2020, que autoriza as empresas a reduzir a jornada de trabalho e os salários durante a pandemia e a suspensão temporária do contrato de trabalho. Enquanto em todo país vemos o pico da pandemia cada vez mais aumentar.

Sobre isso, conversamos com a professora da rede estadual em Santo André, Maíra Machado, que declarou:

O que estamos vendo hoje é que por um lado temos Bolsonaro, esbanjando ódio contra a população pobre e trabalhadora, dizendo “e daí” para as milhares de mortes pela Covid-19, preocupado somente em proteger sua família das inúmeras acusações de corrupção e o CNPJ dos empresários. Por outro, temos a demagogia cínica de políticos como o governador João Dória, que faz propaganda dizendo “fique em casa”, enquanto juntamente com os empresários obriga milhares de trabalhadores a seguirem trabalhando, sem testes, EPIs ou qualquer garantia contra as demissões que já estão acontecendo. O aumento da taxa de letalidade no ABC paulista está diretamente relacionado a sede de lucro dos grandes empresários metalúrgicos, que em meio a gravidade da pandemia obrigam os trabalhadores a retornar ao trabalho para produzir peças e automóveis, sendo que faltam respiradores e leitos de UTIs para salvar vidas”.

Sobre esse tema da produção industrial e falta de equipamentos necessários para o sistema de saúde no país, a professora comentou:

Nós do Esquerda Diário e do MRT defendemos fortemente a necessidade de uma lei que proibia as demissões e revogue as MPs da morte aprovadas por Bolsonaro. Além de lutarmos pela anulação da reforma da previdência e trabalhista que vem agravando a situação precária da vida de milhares de trabalhadores e piorando os impactos da doença. Defendemos também a necessidade da reconversão de toda produção industrial no país, não precisamos de carros para aumentar os lucros dos empresários, precisamos de máscaras, testes, respiradores e leitos que salvem vidas. As indústrias metalúrgicas do ABC deveriam reconverter sua produção e passar a produzir respiradores que salvam vidas. Todos os trabalhadores deveriam ser testados, os que estiveram contaminados deveriam juntamente com os trabalhadores do grupo de riscos serem liberados com o pagamento integral dos salários e direitos. Os que estiveram saudáveis podem ser parte dessa missão de salvar vidas. Poderíamos contratar mais trabalhadores para diminuir as horas de trabalho, mantendo o salário integral e combatendo o desemprego que atinge a região. Para tudo isso, as fábricas deveriam ser controladas pelos trabalhadores, eles é que definiriam os ritmos da produção, garantiriam que todos pudessem ser testados e ter EPIs necessárias para continuar seu trabalho, assim como preservariam os direitos dos trabalhadores e não os lucros da patronal.

Por fim, Maíra declara que para conquistar essas demandas e dar uma resposta da classe trabalhadora diante da crise política e sanitária em nosso país é necessário:

Para tudo isso precisamos em primeiro lugar potencializar a resistência dos trabalhadores que são a linha de frente do combate a essa pandemia. Cercando de solidariedade as trabalhadoras da saúde que vem se manifestando em diversas cidades do país, como as do Hospital Universitário da USP. Apoiando cada manifestação e ato de resistência dos trabalhadores contra os políticos e empresários que desprezam nossas vidas e só se importam com seus lucros. Precisamos criar comitês de higiene e saúde em cada fábrica e local de trabalho, para que sejam os trabalhadores aqueles que decidam se a produção feita nesse lugar é ou não essencial. Esses comitês também precisam ser parte da nossa luta por retomar nossos sindicatos como ferramentas de luta e organização dos trabalhadores e não das burocracias que estão em quarentenas, em alguns casos diretamente acordando com os patrões os ataques que vem sendo implementado. contra nossa classe. Essa luta passa também por levantar o Fora Bolsonaro e Mourão, e a defesa de que o povo possa decidir por meio de uma assembleia constituinte livre e soberana imposta pela força da nossa luta. Esse é o debate que viemos fazendo com cada trabalhador e jovem, e com as organizações da esquerda em nosso país, como vai ser hoje no debate promovido pelo Esquerda Diário, reunindo alguns dos dirigentes da esquerda brasileira para discutir qual saída revolucionária diante da crise sanitária e capitalista.




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