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Com a economia arruinada, Nordeste contabiliza o maior repúdio a Temer no país

André Barbieri São Paulo | @AcierAndy

sexta-feira 31 de março de 2017 | Edição do dia

Pesquisa Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), federação patronal que aplaude entusiasticamente a terceirização geral e a reforma da previdência, aponta que o governo golpista de Temer permanece com o maior porcentual de rejeição na Região Nordeste, onde tem 67% de avaliações ruins ou péssimas.

Na última pesquisa, em dezembro do ano passado, este número era de 57%. A ironia era que, já então, Temer se considerava o “melhor presidente da história do Nordeste”, honraria para a qual Temer não encontrou um único argumento.

A reprovação do golpista nos Estados do Nordeste representa mais de 10 pontos porcentuais acima da segunda região com pior avaliação, o Sudeste, onde 52% avaliam o governo como ruim ou péssimo – na última pesquisa, o número era de 46%. Em seguida está a Região Norte/Centro-Oeste, com 49% de reprovação, frente 39% em dezembro do ano passado. No Sul, a rejeição ao governo passou de 40% para 48%.

A média no país para a avaliação ruim/péssima do governo subiu de 46% para 55%. A pesquisa foi realizada de 16 a 19 de março deste ano. O levantamento ouviu 2 mil pessoas em 126 municípios.

Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em 2015 foram cortados 76,6 mil postos de trabalho no Nordeste. Já no período que vai de julho de 2015 a julho de 2016, a região Nordeste registrou a segunda maior taxa de demissões no país, com 223.382 trabalhadores que perderam postos de trabalho formais. Dados da Pnad de 2016 mostram que a taxa de desocupação no Brasil é maior entre as mulheres (13,8%, enquanto a dos homens é 10,7%). O Nordeste é a região que apresenta maior taxa de desemprego entre as mulheres em todo o país, de 16,5%.

A reforma da previdência irrita de um modo particular a população nordestina, pela baixa taxa de urbanização relativa e a grande proporção de trabalhadores rurais. A aposentadoria no campo independia de prazo fixo de contribuição. Agora, o texto da reforma previdenciária de Temer adota a idade mínima, também para trabalhadores rurais, de 65 anos para aposentar pela Previdência Social.

A média da expectativa de vida no Nordeste é de 71 anos (pouco acima da pior média regional, no Norte, com 70 anos), e em regiões como o sertão nordestino, esta média cai para quase 65 anos, a mesma idade aposentatória que quer Temer. Literalmente, trabalhar até morrer.

A autonomia concedida aos estados encontra resistência nos próprios políticos capitalistas, como o senador alagoano Renan Calheiros (PMDB-AL), que foi obrigado a se pronunciar criticamente à nova aposentadoria rural.

Nem falar da reforma trabalhista e do PL4302, que regulamentaria a terceirização geral do trabalho e traria uma condição ainda mais dura de exploração capitalista no Nordeste.

Como não poderia deixar de ser, o cinismo petista trata de explorar a situação. Ainda mais que no restante das regiões brasileiras, o PT utiliza sua influência nos movimentos sociais e principalmente nos sindicatos (através da CUT e da CTB), e de frentes como a Frente Brasil Popular, para encadear o legítimo repúdio a Temer para a saída eleitoral “Lula 2018”. Esta saída de recomposição do podre regime político – ainda que esteja em perigo pela Lava Jato, que busca substituir o esquema de corrupção petista por um esquema com a cara da direita – não faria mais do que colocar nas mãos de Lula os ataques que Temer não puder concluir.

Muita demagogia vem sendo feita pelo PT com a inauguração da transposição do Rio São Francisco, por Lula e Dilma, no distrito de Monteiro na Paraíba. Enquanto isso, o PT segue pactuando com os golpistas no parlamento para tentar se salvar da Lava Jato; nos estados em que governam, como Minas Gerais, são os implementadores dos ajustes; e, através da burocracia sindical, bloqueiam e freiam o desenvolvimento da mobilização das massas.

Não à toa, para proteger este plano eleitoralista, as centrais sindicais ligadas ao PT fazem o jogo da direita, dando uma trégua de mais de um mês para uma próxima jornada de paralisação ainda difusa, no dia 28 de abril, com o objetivo de fazer refluir a subjetividade de combate da classe trabalhadora no 15M, que ficou marcado pela entrada dos trabalhadores e de seus métodos de luta no centro da cena política, contra a reforma da previdência.

É fundamental que participemos com força do 31M retomando a disposição do dia 15M e lutar pela organização pela base, única forma de nos preparar seriamente para o duro enfrentamento contra as reformas com a construção de fato de uma greve geral, pois as centrais sindicais, como a CUT e CTB, com sua trégua ao governo e seu objetivo de preparar a campanha eleitoral Lula2018, já demonstraram querem controlar as massas dos trabalhadores para não colocar em risco seus objetivos eleitorais. A força dos trabalhadores – e não o “Lula 2018” – pode impor um verdadeiro plano de luta e derrotar Temer e os ataques.




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