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COBERTURA ESPECIAL I CONGRESSO DO MRT | Com 250 pessoas, começa o I Congresso do MRT (ex-LERQI)

Nesta sexta-feira, com cerca de 250 pessoas deu-se início ao I Congresso do Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT, ex-LERQI), seção brasileira da Fração Trotskista - Quarta Internacional.

sábado 18 de julho de 2015 | 10:09

Nesta sexta-feira, com cerca de 250 pessoas deu-se início ao I Congresso do Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT, ex-LERQI), seção brasileira da Fração Trotskista - Quarta Internacional.

Com 60 delegados eleitos, 34 deles pertencentes ao movimento operário e 29 delegadas mulheres, a primeira sessão do Congresso se iniciou com o debate internacional.

A mesa, coordenada por Simone Ishibashi, foi composta por dois companheiros da Fração Trotskista na França: Daniela Cobet, do Comitê Político Nacional do Novo Partido Anticapitalista (NPA) da França, e Juan Chingo, do conselho editorial da Revista Estratégia Internacional e do periódico digital francês ligado à rede Esquerda Diário, Révolution Permanente; e Daniel Matos, da direção nacional do MRT. O debate versou sobre a crise na Europa e os fenômenos políticos como o Syriza na Grécia, e a crise dos chamados governos "pósneoliberais" na América Latina.

Juan Chingo abordou os aspectos centrais da crise econômica e geopolítica pela qual passa o continente europeu, numa situação muito distinta da geopolítica do pós-Guerra Fria, com a crise na Ucrânia que envolve a Alemanha, Rússia e os Estados Unidos, e os efeitos da primavera árabe.

Estando na França, não poderia deixar de mencionar a crise na Grécia, com a pressão do imperialismo alemão que resultou num acordo neocolonial aceito no parlamento grego com o voto afirmativo de Alexis Tsipras e da maioria do Syriza e com o apoio dos principais partidos da direita pró-austeridade. Com o objetivo de humilhar o povo grego e enviar uma mensagem a toda a Europa de que a austeridade não pode ser desafiada, a Alemanha conseguiu armar uma "Santa Aliança" em toda a Europa entre conservadores e socialdemocratas para multiplicar os ajustes que foram recebidos pela capitulação completa do Syriza.

Este problema na Grécia se combina com a crise financeira na China, com a saída de 3 trilhões de dólares das Bolsas de Xangai e Shenzen em menos de 20 dias, colocando em xeque o estado da eocnomia chinesa e com consequencias mundiais mais profundas do que o problema da dívida grega. Estas quedas bursáteis na China, que abalaram os mercados financeiros de todo o mundo nas últimas semanas, são sintomas de quão traumático será a transição da economia chinesa a um novo padrão de crescimento, a um ritmo muito menor que o das últimas décadas, e que afetará todo o sistema econômico mundial.

Daniela Cobet, da Corrente Comunista Revolucionária e da Executiva do NPA, traduziu os grandes debates de estratégia que atravessam a esquerda francesa, apoiados na experiência do Syriza. Como fenômenos que encantaram a esquerda europeia, Syriza e Podemos, com suas diferenças, foram projetos que desde o início não se ergueram sobre o princípio da independência de classes e não puderam ser uma alternativa política que batalhasse por uma saída à esquerda da crise. O desenlace do acordo na Grécia obriga a esquerda mundial a se perguntar: por que razão uma organização que chegou ao poder com o discurso de terminar com a austeridade terminou sendo o agente que aplicará os planos da Troika no país? A lição na Grécia é de que a defesa de um programa antiausteridade sem a defesa de um programa anticapitalista é incapaz de sustentar um combate à chantagem imperialista.

Com estas ideias é que atuamos dentro do NPA, discutindo quais são os pontos chave de uma estratégia anticapitalista e socialista, baseada na centralidade da classe operária, que levarão a uma verdadeira batalha para impedir que a crise de representatividade do PS de Hollande seja aproveitado pela extrema direita da Frente Nacional. Nessa empreitada, temos tido várias experiências de um trabalho em comum com correntes de outras tradições trotskistas como os companheiros do Anticapitalismo e Revolução.

Daniel Matos se encarregou de dar um panorama do fim de ciclo político dos governos pósneoliberais que se assumiram o governo de distintos países latinoamericanos no início dos anos 2000, em condições econômicas internacionais favoráveis à concessão de reformas em troca de cooptar e passivizar os trabalhadores e movimentos sociais, reabilitando a autoridade do Estado burguês em crise. O fim deste ciclo de reformas e o esgotamento destes projetos (incapazes de seguir com a extinção das condições econômicas da última década) abriram o caminho para a adoção da agenda da direita contra os trabalhadores.

Em contraposição à experiência de Syriza e Podemos, a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores na Argentina, formada pelos dois principais partidos da esquerda trotskista no país (PTS e PO, além da IS), teve um papel chave na expressão superestrutural do ativismo e da politização de amplas camadas do movimento operário argentino, dentro do qual o PTS, organização irmã do MRT naquele país) tem uma importante inserção.

A Frente de Esquerda e dos trabalhadores (FIT) na Argentina, e em particular o PTS como o partido dessa frente que tem maior estruturação no movimento operário, mostra que uma alternativa que defende claramente a independência politica dos trabalhadores em relação à burguesia e possui um profundo enraizamento na classe trabalhadora capaz de dirigir combates na luta de classes é o caminho para impedir que as experiências com os governos pós-neoliberais seja capitalizado pela direita e preparar estrategicamente as condições para a luta revolucionaria da classe trabalhadora contra o capitalismo.

Concluindo a mesa de debates, Daniel Matos destacou o Esquerda Diário como uma rede internacional de diários digitais. Uma rede que conta com diários na Argentina no Brasil, no Chile, no México, na França, no Estado espanhol e outros países, que além de espanhol português e francês agora também está colocando de pé um diário digital em inglês. Uma nova forma de internacionalismo prático que unifica as distintas expressões nacionais das batalhas que damos contra a burocracia sindical, a patronal, os governos e o imperialismo. Uma ferramenta que colocamos a serviço da construção de um Movimento por uma Internacional da Revolução Socialista, que para nós é a reconstrução da IV Internacional fundada por Leon Trotsky.

Saudações de distintas organizações da esquerda convidadas ao Congresso

O primeiro dia do Congresso do MRT contou com a participação de distintas correntes da esquerda antigovernista, que fizeram saudações ao final da apresentação dos informes internacionais.

João Machado, representando a corrente Insurgência do PSOL, esteve presente para saudar o I Congresso do MRT. Diego Vitello também fez uma saudação pela coordenação nacional da CST/PSOL.

Junto à companheira Juliana Donato do PSTU, o companheiro Paulo Barela, da direção nacional do PSTU, agradeceu o convite e mencionou como o I Congresso expressava o desenvolvimento do MRT, "uma organização importante da esquerda brasileira". Do Movimento Negação da Negação (MNN) estiveram João Borghi e Rafael Padial, que também fez uma intervenção saudando a sessão inaugural do Congresso.

Publicaremos trechos das intervenções no Esquerda Diário, que continuará este final de semana a cobertura do Congresso.




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