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VIOLENCIA POLICIAL | Cinco jovens negros tem carro fuzilado pela Polícia Militar no RJ

terça-feira 1º de dezembro de 2015 | 00:00

Em mais um caso envolvendo homicídio doloso e fraude processual, conforme atua rotineiramente a polícia militar, cinco jovens entre 16 e 25 anos foram metralhados no Rio de janeiro na noite de sábado.

Os jovens tinham saído para comemorar o primeiro salário de Roberto de Souza, 16 anos, como Jovem Aprendiz no Atacadão de Guadalupe. Voltaram do Parque Madureira e resolveram ir lanchar, por volta das 23 horas, na comunidade de Costa Barros quando o carro em que estavam foi alvejado por inúmeros disparos da Polícia Militar, que ainda teria tentado alterar a cena do crime.

Segundo a tia de dois dos jovens assassinados (Wilton, 20, e Wesley, 25 anos), os policiais chegaram a ameaçar os parentes com fuzil. "Minha cunhada queria ver o filho dela dentro daquele carro, mas o PM botou o fuzil na cara dela e disse que ia atirar em quem se aproximasse do carro. Quando chegamos deu para ver que o Wilton e o Carlos estavam agonizando e ainda estavam vivos. Pedimos para socorrer, mas eles não deixaram", contou Érika, ressaltando que a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da região fica a menos de 50 metros do local e ainda era possível tentar socorrer as vítimas.

Os policiais ainda teriam tentado forjar um auto de resistência e colocado uma arma embaixo da roda esquerda do carro. "Eles disseram que o carona que estava atirando. Como isso aconteceu se a arma estava do outro lado? Quem deveria proteger a gente está matando. Não tenho confiança em mais nada. Há um mês mataram dois meninos em uma moto porque confundiram um macaco hidráulico com um fuzil", afirmou Erika.

"Era tudo trabalhador. O meu filho começou a trabalhar agora no Atacadão, jovem aprendiz, primeiro emprego. Estava rindo à toa, estava de bem com a vida. O primeiro salário que recebeu foi brincar no Parque de Madureira com os colegas dele. Mais tarde tem essa notícia triste", lamentou o pai de Roberto. Júlio Cesar, pai de Wesley, afirmou “Foi uma execução a sangue frio. Pobres e negros perderam o direito de ir e vir”.

Familiares das vítimas cobraram explicações do secretário de Segurança Pública. Somente ontem à tarde, após a repercussão do caso, Beltrame classificou a ação dos PM’s de indefensável e disse esperar o afastamento de todos os agentes. O comando da PM anunciou a exoneração do tenente coronel Marcos Netto, comandante do batalhão responsável pela área onde ocorreu o crime. Já o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) classificou o crime como abominável, disse que pediu investigação rigorosa e garantiu que o Estado vai dar apoio às famílias – ainda que essas cenas tem se repetido sem qualquer iniciativa sério do governo nesse sentido.

Ano passado as polícias, militar e civil, mataram em média 8 pessoas por dia. Praticamente todos esses crimes permanecem impunes. O foro privilegiado de julgamento somente perante seus pares em tribunal militar termina sempre inocentando os policiais. Quando eles não são premiados e incorporados em “tropas de elite” da PM, como as Rondas Ostensivas Tobias Aguiar, ROTA, e o Batalhão de Operações Especiais, BOPE, são “punidos” com a transferência de batalhão ou readaptação em trabalho interno. A maioria atua fora do expediente em grupos paramilitares de execução de mendigos e perseguição a jovens trabalhadores de periferias.

Opinião

Para Carolina Cacau, do Centro Acadêmico de Serviço Social da UERJ, "o mero afastamento dos agentes, como defende Beltrame, não resolve. Toda a política de segurança publica do Rio de Janeiro, baseada na criminalização da pobreza, no racismo e na busca de higienizar a cidade e controlar os espaços marginalizados por via de um Estado cada vez mais envolvido na corrupção, no narcotráfico e na criminalidade é a principal responsável por esse genocídio da população pobre e negra. Exigimos o fim dos "autos de resistência" da policia e o fimda impunidade das forças de repressão."




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