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TESTES MASSIVOS | Ciência brasileira carece de pessoal e infraestrutura para produzir testes em massa

Biofísico Marco Krieger da fundação diz que Brasil precisa agora de pessoal treinado e infraestrutura no Brasil para dar conta da demanda por exames da Covid-19. Enquanto isso, governadores, prefeitos e presidente preferem adotar a longa espera de materiais vindos de fora.

quinta-feira 23 de abril de 2020 | Edição do dia

Imagem: Wolfgang Rattay/Reuters

A ciência brasileira, que contou com cortes ao longo de todo o ano de 2019, e que vem combalida desde a aprovação da EC 55 de Temer em 2016, vem superando diversos obstáculos para conseguir ampliar sua capacidade técnica e logística sem que o governo federal e os estados coloquem qualquer investimento de vulto para incentivar a pesquisa no país.

Segundo o Marco Krieger, entrevistado pelo O Globo: "A Fiocruz está instalando unidades de apoio à rede de diagnóstico, unidades automatizadas. Já instalamos cinco. Hoje estamos adicionando à rede uma capacidade de 2.700 testes por dia, e pretendemos até o final do mês ampliar essas instalações para chegar num número bastante significativo: de 20 a 25 unidades fazendo entre 11 mil e 13 mil testes por dia, só na Fiocruz" Leia aqui a entrevista completa.

Mas ressalta que para ampliar de fato a capacidade de testagem brasileira é preciso ampliar o processamento: "Para fazer uma testagem maciça, como foi proposto por alguns países, a gente ainda precisa avançar nessa capacidade de processamento. Países que tiveram o maior sucesso em testagem, como é o caso da Coreia do Sul, da Alemanha, dos EUA, ainda assim testaram um proporção relativamente pequena da população, abaixo de 1%". (...) "A gente precisa se preocupar com essa demanda futura, mas hoje eu diria que o gargalo é mais de logística e do processamento dos testes do que da disponibilidade dos testes."

Segundo ele, a capacidade de processamento não cresce ao mesmo tempo que a entrega de testes pela ciência brasileira: "No mês passado nós entregamos 58 mil testes, neste mês vamos entregar 1,2 milhão de testes. Em menos de um mês, então, multiplicamos por 20 a quantidade de testes. Mas a capacidade de processamento não cresceu nessa mesma dimensão. Ela cresceu abaixo de cinco vezes, e a gente precisa ainda fazer um esforço muito grande."

Para ele, falta hoje no Brasil tanto pessoal treinado como infra-estrutura para o processamento dos dados dos testes realizados. O que indica novamente a necessidade de investimento público maciço na ciência para que o Brasil possa testar em massa a população, uma medida que permite uma quarentena muito mais racional que separe doentes de saudáveis.

Tanto o Governo Bolsonaro quanto Doria, Witzel e os demais estados vem apostando na longa espera de insumos de outros países, mesmo com a demonstrada capacidade da ciência brasileira em produzir respiradores e testes em massa.

Os hospitais de campanha do Rio estão praticamente prontos, porém Witzel e Crivella adotaram a estratégia da interminável espera de insumos do exterior, enquanto já há filas de espera nas UTIs do estado e cariocas estão morrendo sem conseguir o acesso a um respirador. Eles se recusam a investir no que é público, mesmo com nossos instituto de ponta como é a FioCruz produzindo testes em massa, e outras universidades, como a UFRJ que estão construindo respiradores.

No sentido oposto, Witzel publicou uma media absurda em meio à pandemia para ser votada a toque de caixa na Alerj que abre espaço para privatizar a UERJ, o Theatro Municipal, a CEDAE e outras entidades públicas. Defendemos investimento maciço nas universidades públicas, na produção de testes em massa para população, além de leitos e respiradores, reconvertendo toda a produção privada no estado para o combate a pandemia.

Contra o plano de Witzel de privatização da CEDAE, cultura e ciência! Taxar as grandes fortunas e não pagar a dívida pública!




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