Um cheque apreendido pela Operação Alba Branca, que apura esquema de desvio na compra da merenda para escolas públicas em São Paulo, demonstra, segundo investigadores, que a cooperativa de suspeita de fraudar licitações pagou a ex-assessores do presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Capez. O cheque da Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar) no valor de 50 mil, ao qual o jornal Folha teve acesso, foi feito em nome de José Merivaldo dos Santos, assessor do gabinete de Capez de 2010 a 2011 e da liderança do PSDB na Assembleia de 2013 a 2015.
Guilherme de Almeida SoaresSão Paulo
segunda-feira 8 de agosto de 2016 | Edição do dia
Além deste cheque, há um contrato de gaveta feito entre a Coaf e outro ex-assessor de Capez, Jéter Rodrigues Pereira, que trabalhou no gabinete tucano de 2013 a 2014. Pelo contrato, de R$ 200 mil, a Coaf conferiu a Pereira a ‘’condição de consultor para sua relação comercial junto à Secretaria de Educação do Estado de São Paulo’’. Para os investigadores, tratam-se do cheque e do contrato de parte da propina.
O contrato de gaveta entre a Coaf e Pereira, assessor de Capez à época, é de vinte cinco de agosto de 2014, período eleitoral. O documento menciona o cheque de R$ 50 mil que seria para pagar a primeira parcela do valor acordado. Isso indica, ainda segundo a investigação, que Merivaldo e Pereira atuariam juntos.
Embora tenha sido emitido pela Coaf em 2014, o cheque era pré-datado para 20 de março de 2015. Conforme depoimento do ex-presidente da empresa Cássio Chebabi, esperava-se que nessa data o Estado já estivesse pagando pelo suco e o caixa da Coaf estivesse ‘’cheio’’. O cheque chegou a ser depositado por Merivaldo em sua conta pessoal, mas voltou porque não tinha fundos.
A cláusula sétima do contrato da propina estipulava que os repasses seriam feitos à medida que o Estado pagasse pelo suco. ‘’As partes obrigam-se a manter mais absoluta confidencialidade de todas as informações, dados e documentos’’, estipulava a cláusula nona do contrato. Ainda conforme o documento, os negócios fechados entre a Coaf e o governo deveriam ser informados à Paciello Consultoria, atribuída à advogada Vanessa Paciello Laurino, para que fosse feitos os pagamentos a Pereira.
O avanço das investigações Alba Branca contra os tucanos de São Paulo mostra que este setor está estreitamente ligado aos interesses das grandes empresas e dos bancos. Esta direita representada pela a ala tucana de Geraldo Alckmin é parte essencial deste Estado que está a serviço dos grandes empresários e banqueiros, por isso que os tucanos possuem a necessidade de fazer acordos espúrios com os mesmos setores.
Enquanto se comprova a fraude em torno da merenda escolar, as escolas estão cada vez mais precárias, cada vez mais tem menos salas de aula e as salas que existem estão superlotadas, o professor recebe um salário de miséria e trabalha em péssimas condições, inúmeros professores que foram aprovados no concurso que ocorreu em 2013 não foram chamados e quase a metade da categoria trabalhando como ‘’OFA’’ (professores que possui menos direitos do que o demais e com contrato temporário de um ano).
Esta operação mostra que esta ala tucana que tenta passar a imagem de ‘’ética’’ representada por Geraldo Alckmin, também está envolvida em corrupção e tem que responder as crises que ocorrem dentro dela. O mesmo governo tucano que foi derrotado pelos estudantes secundaristas e sabe que para derrotar esta nova geração que despertou para a luta, terá que ser na base de muita repressão (especialidade dos tucanos)
É importante citar que esta denuncia contra o governo de Geraldo Alckmin, ocorre num momento onde a ala tucana do governador de São Paulo pressiona o presidente golpista Michel Temer para que os ajustes sejam duros e que seja aplicado o mais rápido possível. Ao mesmo tempo que Alckmin tenta dar o exemplo, através da candidatura de João Doria para prefeitura de São Paulo, de como os grandes empresários tem que enfrentar a crise econômica, acontece uma importante fricção dentro da ala Alckmista.
É preciso urgentemente um plano de luta contra o fechamento das salas de aula, que o professor receba um salário mínimo estabelecido pelo DIEESE (que é acima de 3000 reais), que os professores aprovados do último concurso sejam chamados, que todo categoria OFA seja efetivado sem concurso, contra a escola sem partido e que o escândalo da merenda seja investigado até o final e os envolvidos punidos. Esta luta em defesa da educação tem que ser parte de uma luta contra os ajustes e a privatizações, onde para nós a saída de fundo tem que ser por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana imposta pela luta dos trabalhadores e demais setores da sociedade.