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TRANSPORTE | Chegar à capital: o desafio diário de 192 mil habitantes da Região do ABC

Thiagão Barrosmorador de Mauá, no ABC paulista

sábado 4 de abril de 2015 | 00:02

Um aglomerado de quase 200 mil pessoas se descolocam diariamente do ABC para a cidade de São Paulo para trabalhar ou estudar, a viagem dentro de ônibus e trens lotados duram em média 1h30 minutos de sufoco.

Segundo estudo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) cerca de 10% (192mil) da população da região do ABC se desloca diariamente para trabalhar ou estudar em São Paulo, os dados já em 2010 apontavam que 176,15 mil pessoas dos sete municípios mantinham emprego na capital e que 16,43 mil se deslocam para estudar.

A cidade com maior fluxo registrado foi na cidade de São Bernardo com 48,9 mil trabalhadores e 5,9 mil alunos, seguida por Santo André que teve 41,6 mil trabalhadores e 3,2 mil estudantes, o terceiro maior deslocamento fica com Diadema com 37 mil trabalhadores e 4,2 mil estudantes. A lista segue ainda com Mauá 24,5 mil trabalhadores e 1 mil estudantes, São Caetano, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra que juntas somam cerca de 20 mil trabalhadores e 5 mil estudantes.

Transporte entre as cidades do ABC

Os dados também são preocupantes quando observamos os deslocamentos de trabalhadores e estudantes entre as cidades da região, número que chega a um pouco mais de 20% do total das sete cidades. A falta de infraestrutura e planejamento para ligar as cidades faz com que um simples deslocamento de poucos quilômetros vire uma viagem de horas. Um trabalhador que sai de Mauá para trabalhar em Diadema ou em São Bernardo pode pegar até 4 conduções para chegar ao seu destino e pode gastar R$21,80 por dia para ir e voltar do trabalho já que os transportes no ABC não são interligados.

Transporte caro e de má qualidade

Trem, Ônibus e Trólebus lotados todos os dias, a situação fica pior quando a chuva aparece e uma viagem longa tende a triplicar o seu tempo. As jornadas de ônibus demoradas, desconfortáveis e com itinerários confusos tornam o trajeto cansativo e estressante, a qualidade das vias também ajuda a piorar a situação que é quase insustentável. A linha 10 – Turquesa da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) é responsável por transportar 350 mil usuários por dia em situação desumana nos trens velhos e estações subaquáticas, que inundam frequentemente. O valor da tarifa reajustado no início do ano só aumenta o lucro dos empresários e piora a qualidade de vida do trabalhador.

As vozes das ruas já diziam

Em 2013, a juventude e os trabalhadores saíram às ruas em nome de um transporte de qualidade e barato, porém ainda agora o transporte é precário não funciona ele funciona! Porque isso acontece? Esta é a pergunta que todos os trabalhadores e estudantes que sofrem dia após dia esmagados dentro do transporte público se fazem. A resposta é simples, o transporte segue a lógica do lucro, quanto mais cheio está um vagão de trem ou de ônibus mais lucro se obtêm por viagem. Os empurrões para entrar nos ônibus e trens muitas vezes se convertem em brigas, o desconforto de viajar horas na mesma posição, os desmaios causados pelo clima abafado, a marmita que azeda por causa do calor do amontoado de pessoas e o medo enfrentado por muitas mulheres que sofrem com a violência sexual dentro dos vagões e ônibus lotados fazem parte da realidade cotidiana e vira lucro nas mãos dos grandes empresários do transporte e dos governantes.

Essa realidade só vai mudar, quando a qualidade de vida dos trabalhadores estiver a frente da necessidade de lucro dos grandes capitalistas, para isso é necessário que a juventude e os trabalhadores se organizem e possam arrancar das mãos dos empresários o controle sob os transportes, estatizando todo o sistema de transportes e colocá-lo nas mãos daqueles que trabalham nele e o utilizam diariamente, aí poderemos organizar democrática e racionalmente seu funcionamento em benefício de toda a população.




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