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Conclat | Chega de subordinar nossa luta às eleições! Por uma paralisação nacional para enfrentar a inflação, a reforma trabalhista e unificar as lutas!

As centrais sindicais convocaram para 7/4 uma Conclat - Conferência Nacional da Classe Trabalhadora - com uma nota que subordina integralmente as necessidades da nossa classe às promessas eleitorais de Lula e aponta claramente para um ano sem qualquer mobilização. Ao contrário, frente à explosão dos preços do combustível e do gás, empurrando ainda mais pra cima a inflação dos alimentos que, junto com o desemprego, já castiga nossa classe com a fome, e em que seguem pesando os ataques como a reforma trabalhista, precisamos é de um plano de luta, com uma paralisação nacional. Uma Conclat precisaria estar a serviço disso, e com participação da base.

quinta-feira 17 de março de 2022 | Edição do dia

A classe trabalhadora e os mais pobres vêm enfrentando uma situação cada vez mais dura no país. Agora, frente à guerra na Ucrânia - promovida pelo nacionalismo reacionário de Putin, por um lado, e pela busca da OTAN de aumentar sua influência imperialista sobre o leste da Europa, por outro -, os preços dos combustíveis e do gás disparam, elevando ainda mais a inflação de todos os produtos de primeira necessidade. Isso para garantir que os acionistas da Petrobŕas, que vieram ganhando com a privatização da empresa, tenham lucros ainda maiores. Ao custo de aumentar a fome que já atinge milhões. Seguem pesando os grandes ataques, como a reforma trabalhista, que aprofundou muito a precarização do trabalho, e que foi vendida por Temer com a promessa de diminuir o desemprego, que está mais alto que nunca. E agora Bolsonaro e o congresso aproveitam a situação como pretexto para avançar esmagando os direitos dos povos indígenas sobre suas terras.

Bolsonaro, Paulo Guedes e militares são responsáveis por essa situação, com os inúmeros ataques, privatizações e reformas que vieram sendo aprovadas nos últimos anos, que para serem implementados contaram com o apoio do Congresso, STF e governadores, que apesar de terem conflitos e disputas eleitorais entre si, sempre estiveram unificados para implementar a agenda neoliberal e de ataque aos trabalhadores.

Frente a essa situação, que torna ainda mais urgente a mobilização da classe trabalhadora, a política das centrais sindicais é convocar uma Conclat - Conferência Nacional da Classe Trabalhadora - com uma nota que subordina integralmente as necessidades da nossa classe às promessas eleitorais de Lula e seu provável próximo governo, e aponta claramente para um ano sem qualquer organização ou atuação da nossa classe para além das eleições. É a convocação de uma Conferência totalmente burocrática, sem nenhuma participação da base da nossa classe, nenhuma relação com as lutas em curso. Ao contrário, o objetivo é justamente estabelecer que no ano eleitoral não haja mobilização e colocar as entidades da nossa classe a serviço da política de Lula de conciliação de classes nas eleições, em aliança com Alckmin, a burguesia e a direita golpista. Esperam em troca negociar a volta de melhores condições para a burocracia sindical no regime, como a retomada do financiamento estatal dos sindicatos. Essa Conclat seria parte da pactuação petista com a direita que Lula está levando adiante, ao buscar estabelecer uma plataforma política que unifique os interesses da burocracia sindical com a chapa com Alckmin, deixando intactos os ataques aprovados desde o golpe institucional de 2016. Por isso mesmo figuras como Paulinho da Força se somam a Lula para dizer que não querem a revogação da reforma trabalhista.

O que precisamos é do contrário disso. É da unificação das lutas em curso - como as greves de professores em Minas Gerais e outros estados, a mobilização e preparação de greve de servidores e professores federais, de professores e servidores municipais em várias cidades - e de uma paralisação nacional como parte de um plano de luta para dar uma saída de emergência contra a fome, o desemprego e os problemas mais sentidos pelas massas trabalhadoras. Passando pela revogação integral da reforma trabalhista e de todos os ataques e privatizações dos últimos anos. Pela reestatização de 100% da Petrobras, sob gestão dos trabalhadores e controle popular, reduzindo imediatamente os preços dos combustíveis e do gás de cozinha. Pelo reajuste mensal dos salários junto com a inflação, e pelo direito ao emprego, com todos os direitos, para todos, com a redução da jornada de trabalho.

A organização de uma Conclat deveria estar a serviço disso, com a participação dos trabalhadores pela base, para impulsionar atuação da nossa classe com independência política dos patrões, da direita e das instituições que vieram e seguem nos atacando.

A CSP-Conlutas deve denunciar o caráter desses objetivos e exigir um CONCLAT organizado pela base e a serviço de lutar contra os ataques.

Nós do MRT e do Nossa Classe somos parte da CSP-Conlutas, e nas últimas semanas apresentamos nas reuniões da nossa central essa visão, e a opinião de que foi um erro importante a CSP-Conlutas assinar essa convocatória nesses termos - em que pese concordarmos com posições críticas que a CSP-Conlutas publicou em um artigo em seu site. Isso não significa que seria preciso romper de antemão, como os companheiros do PSTU, que integram a direção majoritária da central, responsável por essa decisão, argumentam que seria nossa posição. É sim necessário levar adiante a luta política buscando mostrar a necessidade de que essa Conferência respondesse às necessidades urgentes da nossa classe. Mas assinar embaixo desse conteúdo com as demais centrais, que orienta a realização de uma Conclat a serviço da política de conciliação de classes na eleição e da desmobilização vai justamente na contramão dessa luta política.

A coordenação estadual da CSP-Conlutas de São Paulo aprovou, por proposta nossa, a seguinte resolução:

Considerando que o chamado da Conclat realizado pelas grandes centrais apresenta um caráter bastante superestrutural e de conteúdo fortemente eleitoral e de subordinação da classe trabalhadora às promessas eleitorais de Lula-Alckimin: A CSP-Conlutas buscará denunciar fortemente o papel das grandes centrais sindicais ao querer canalizar o descontentamento com Bolsonaro para uma saída eleitoral e fortalecerá a exigência às grandes centrais que deveriam organizar uma Conclat com a participação da base, que construa um plano de lutas para impulsionar a organização com independência de classes nos locais de trabalho, pela revogação integral da reforma trabalhista, da previdência, teto dos gastos e todos os ataques.

Consideramos que essa política é fundamental para que a CSP-Conlutas ofereça uma alternativa claramente contraposta a essa política que as demais centrais sindicais estão levando adiante, o que é fundamental para fortalecermos, junto também com o Polo Socialista Revolucionário que construímos conjuntamente, uma política de independência de classe, por dentro dos processos de luta em curso hoje, e frente às necessidades cada vez mais urgentes da nossa classe.




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