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JUVENTUDE | Chapa "Primavera nos Dentes" ao DCE da USP publica seu programa

Publicamos abaixo o programa da chapa "Primavera nos Dentes" ao DCE da USP. A chapa é composta por membros da Faísca - Juventude Anticapitalista e Revolucionária - e independentes.

segunda-feira 7 de novembro de 2016 | Edição do dia

Quem tem consciência para ter coragem
Quem tem a força de saber que existe
E no centro da própria engrenagem
Inventa a contra-mola que resiste

Quem não vacila mesmo derrotado
Quem já perdido nunca desespera
E envolto em tempestade, decepado
Entre os dentes segura a primavera

PRIMAVERA NOS DENTES
DCE USP 2017

Faísca - Juventude Anticapitalista e Revolucionária e independentes

POR UM DCE QUE REALMENTE ORGANIZE A RESISTÊNCIA AOS ATAQUES DOS GOLPISTAS E DA REITORIA, DE MANEIRA INDEPENDENTE DO PT.

Primeiramente, abaixo Temer, a PEC 241 e os ataques dos golpistas!

Uma vez consolidado o golpe institucional no país, a direita reacionária tem dado os primeiros passos para jogar ainda mais sobre as nossas costas a conta de uma crise que não geramos, aprofundando os ataques que já vínhamos enfrentando nos governos petistas.

Está sendo aprovada a PEC 241, chamada de “PEC do fim do mundo”, que congela os gastos em áreas como saúde e educação por 20 anos, e assim vai destruir completamente o SUS e as federais. Na educação vem acompanhada da “reforma” do ensino médio de Temer, que serve para demitir, precarizar e segregar ainda mais a juventude trabalhadora. O judiciário, fortalecido pela Lava-Jato que está somente trocando um esquema de corrupção por outro e se apoiando nas prisões preventivas e outras medidas que se voltam ainda mais contra o povo pobre, está levando adiante grande parte dos ataques, retirando direitos trabalhistas, acabando com o direito de greve no serviço público, e ameaçando liberar a terceirização em todas as atividades. Em São Paulo ainda temos Alckmin e seu novo prefeito, João Dória representando a mesma política.

Mas quem abriu espaço para tudo isso foi o PT, com a conciliação de classes e os acordos sujos com esses mesmos golpistas. Depois de 13 anos de ataques e controle dos trabalhadores e estudantes por meio das burocracias da CUT e da UNE, o PT deu mais uma prova de que não serve aos nossos interesses, ao lavar as mãos do combate ao golpe que estava em curso. Com a possibilidade de organizar efetivamente centenas de milhares para barrar o golpe, optou por manter a paralisia, segurando as bases de trabalhadores e estudantes. O PT provou que prefere um golpe a ver jovens e trabalhadores mobilizados.

No Paraná e em todo o país a juventude mostra o caminho!

A juventude dá um exemplo de resistência em todo o país, com mais de 1200 ocupações de escolas, universidades e institutos, contra a PEC 241 e a reforma do ensino! Isso mostra que o discurso do PTismo de que estamos à beira do fascismo e por isso devemos aceitá-lo como “mal menor” é falso e interessado. Ao contrário, esse enorme movimento, que é continuidade das ocupações de escola do ano passado e do fenômeno de juventude de 2013, mostra que podemos resistir pelas nossas próprias forças, especialmente se conseguirmos superar a burocracia sindical e estudantil pra nos unirmos com a classe trabalhadora! A juventude brasileira vem resistindo assim como a juventude francesa que saiu às ruas contra a reforma de Holande, os sul africanos que se levantaram contra o racismo e pela efetivação dos trabalhadores terceirizados e a juventude norte-americana que grita como as vidas negras importam.

O “Futuro da USP” com Zago é desmonte e privatização!

A crise chegou na USP e a fatura a ser paga, cada vez mais, recai sobre nós. Super salários e desvios convivem com cortes de verba na graduação e pesquisa, fechamento de vagas nas creches, leitos e serviços nos hospitais, ameaça de desvinculação do HU, terceirização dos bandejões e dos serviços de manutenção da prefeitura, disciplinas obrigatórias deixando de ser dadas na Escola de Aplicação por falta de professores, falta de moradia e permanência estudantil, cortes nas bolsas de pesquisa e estudo – tudo justificado por uma falta de dinheiro que a reitoria atribui aos gastos com trabalhadores e professores, enquanto se nega a abrir os livros de contas, e fica calada sobre as centenas de milhões de reais descontados por Alckmin do repasse do ICMS para as universidades, que está congelado desde 1995, quando a universidade era menos da metade do que é hoje.

Ao contrário, Zago busca é o grande empresariado, com o projeto “USP do Futuro”, para que eles decidam sobre a gestão do futuro da universidade de acordo com seus interesses, que segundo Zago “são os interesses da sociedade”, dando um salto na privatização da USP.

Após uma greve com a participação de estudantes de dezenas de cursos, junto a trabalhadores e professores, que reivindicava contratação de professores e funcionários, a resposta intransigente da Reitoria foi um novo plano de demissão voluntária, fechando mais 1500 postos de trabalho, totalizando um quinto do quadro de funcionários. A contratação de professores também continua congelada, gerando superlotação de salas, e ameaçando habilitações, como na letras, e até cursos inteiros, como na FOFITO.

Na EACH, que já é alvo prioritário da precarização, foi cortado auxílio aos estudantes, o que só foi revertido graças à mobilização, mas agora no início de 2017 mais uma vez haverá corte no auxílio. E agora surge a notícia de que metade das vagas do único curso de licenciatura do campus serão cortadas, e a justificativa da reitoria que corta a permanência é que há evasão e vagas ociosas!

Enquanto lutamos pela democratização da estrutura de poder, a Reitoria aumenta a sua intransigência, determinando até mesmo como deve se dar a representação estudantil!

Frente a nossa luta por Cotas raciais, o CO da universidade mais racista do país atropela essa demanda e toma medidas que tornam o acesso ainda mais difícil e elitista. Exigimos a implementação imediata das cotas proporcionais para negros e indígenas, e queremos a garantia de permanência para toda demanda.

Aqueles que resistem a esses ataques enfrentam a repressão, como os trabalhadores que tiveram mais de dois salários cortados simplesmente por exercer seu direito de greve em defesa da universidade (e agora o STF transformou esse ataque ao direito de greve em regra pra todo o funcionalismo), o Sintusp que está com sua sede ameaçada pela reitoria, que também processa vários diretores com o objetivo de demiti-los, assim como fez com o companheiro Brandão, e agora processa outros trabalhadores e estudantes.

Por um DCE que resista de verdade, e independente do PT!

Desde a USP, podemos e devemos nos somar a essas lutas, servindo como um real polo de resistência e um incentivo à luta em todo o país.

Já sabemos que da parte do PT (que compõe a chapa Todos os Cantos) não virá qualquer forma de organização e mobilização efetiva para barrar os ataques. Pelo contrário! Farão de tudo para voltar com tudo (e com Lula) em 2018, aparecendo como o grande salvador da pátria, pela via institucional e ainda mais dispostos aos acordões que deram o tom de seus governos.

Querem enganar os estudantes falando em movimento estudantil participativo e democrático, quando estão há décadas na direção da UNE, com a prática mais burocrática e distante dos estudantes possível.

Mas também não será da atual gestão do DCE (que compõe a chapa Travessia), que há quase dez anos segue presa no mesmo rotineirismo de sempre, que virá o impulso pra nossa luta. Falam em “organizar um polo de resistência”, quando há anos fazem o contrário disso. Não foi ofensivo quando poderia e não preparou os estudantes para momentos como o atual em que precisamos resistir organizadamente. Não foi um “polo” de organização dos estudantes nas nossas greves, nem em junho de 2013, nem junto aos secundaristas no ano passado. Falam em “unidade para vencer”, só se for a unidade entre eles mesmos pra vencer as eleições, já que na greve desse ano não unificaram sequer o movimento estudantil da USP, muito menos com os trabalhadores, com os secundaristas que lutavam, nem construíram o comando unificado com os estudantes Unicamp e Unesp, e foram totalmente vacilantes a respeito do golpe, defenderam contra nossa proposta de que as primeiras assembleias da greve tivessem um posicionamento contra o impeachment, com parte da atual gestão defendendo a Lava-Jato de Moro!

Nós, da chapa Primavera nos Dentes, queremos realmente organizar uma resistência de luta a todos os ataques, com estudantes e trabalhadores em aliança profunda.

Quem tem consciência para ter coragem

Essa situação demonstra que, dentro e fora da USP, se faz necessário ter um DCE que organize os estudantes para combater esses ataques que se tornam cada vez mais sensíveis a todos nós. É preciso ter consciência pra resistir e coragem pra seguir em luta. É urgente um DCE que seja presente na vida dos estudantes, fortaleça a discussão política e a organização democrática para lutarmos contra os ataques que se colocam.

Por isso defendemos a importância das assembleias onde todos estudantes possam efetivamente opinar, propor e decidir, a auto-organização para a luta com comandos de greve compostos por representantes eleitos na base e revogáveis, e a proporcionalidade na gestão do DCE, para que todas as posições dos estudantes que se organizem através de chapas se expressem na gestão do DCE, proporcionalmente ao número de votos que tenham nas eleições como expressão do seu peso entre os estudantes.

O corporativismo e a passividade são caras de uma política para manter “tudo como está”. Nós queremos levar cada debate e demanda sabendo que não existe uma dicotomia entre as questões específicas da universidade e os grandes debates do país. Parte dos que hoje compõe a chapa Primavera nos Dentes, em 2015 estiveram na linha de frente de buscar organizar medidas de solidariedade ativa às ocupações de escola em São Paulo desde a USP, e a partir das entidades das quais participamos (CAELL e CAPPF), fizemos no começo desse ano ao chamar comitês de luta contra o aumento da passagem com os secundaristas e como tentamos fazer a partir do encontro estadual dos estudantes em luta durante a greve e da proposta de um comando estadual, mesmo com setores que compõem a atual gestão do DCE se mostrando totalmente contrários ao fortalecimento de organismos de democracia de base que pudessem servir como um forte instrumento político para a unificação das lutas.

Estivemos na linha de frente desse processo, no primeiro curso a entrar em greve (Pedagogia) e na primeira ocupação (Letras), buscando os demais cursos da USP para tentarmos conformar um forte comando de greve que se unificasse com as demais estaduais paulistas e com uma aliança exemplar com os trabalhadores da universidade, porque sabemos que quem luta sozinho sempre estará em profunda desvantagem.

Se aliar aos trabalhadores de dentro e fora da universidade, para nós tem uma importância fundamental, somente com essa aliança é que nossas lutas poderão efetivamente afetar os de cima. A força da juventude que resiste em cada ocupação e em cada ato, aliada a classe operária que tudo produz e tudo pode parar, é tudo que a reitoria e os governos não querem.

Contra o machismo, o racismo e a LGBTfobia!

Precisamos de uma entidade que se coloque na linha de frente de lutar pela demanda das mulheres, negros e LGBT. Ao mesmo tempo que espalha totens em todo o campus dizendo que "as mulheres podem", as creches estão sendo fechadas e a professora que julgava o escândalo dos estupros na Medicina foi afastada e substituída por um professor conhecido por declarações machistas.
As mulheres estiveram na linha de frente da luta de 2016 na USP.

Na Ocupação da SAS, na luta defesa das creches ou contra a violência de gênero, na greve e em cada combate que travamos por uma universidade e educação públicas e de qualidade, demonstramos como a luta contra o machismo deve ser parte fundamental para que a luta de todo o movimento estudantil avance. A resposta da Reitoria e da ONU Mulheres não corresponde às nossas necessidades. Não abaixaremos a cabeça, assim como não abaixamos quando houve o escândalo dos estupros na Medicina. Precisamos de um DCE que fomente a organização das mulheres estudantes, aliadas às trabalhadoras e todos os nossos companheiros para combater os casos de opressão às mulheres na USP.

Em uma universidade fundada pelos filhos dos grandes escravocratas, que tem na sua porta de entrada a academia de polícia de um lado e do outro a FUVEST, a luta contra o racismo estrutural se faz fundamental. Precisamos de um DCE que leve a diante as demandas do negros de dentro e fora da universidade. Contra a transfobia e a LGBTfobia estrutural que nem sequer permite o direito ao nome social sem uma enorme burocratização envolvida. Lutamos pelo direito pleno ao nome social e a permanência estudantil para as LGBT.

O seu conhecimento serve para que(m)?

Para nós a luta contra cada um dos ataques da reitoria à universidade, e os ataques de Temer e Alckmin à educação, está ligada ao objetivo estratégico de combater o caráter elitista da universidade, que serve aos interesses dos grandes empresários, e colocá-la a serviço dos trabalhadores e da juventude pobre que é excluída dela.

Precisamos de uma universidade democrática de fato, no acesso e na estrutura de poder. Além das cotas raciais, lutamos também pelo fim do filtro social que é o vestibular, e para garantir vagas a todos é necessário estatizar toda a rede de ensino privado, colocando na educação o dinheiro que vai para os investidores da dívida pública, atacando os lucros, e tirando o controle das mãos dos tubarões do ensino privado e colocando nas mãos daqueles que estudam e trabalham.

Por trás de cada corte, há o Conselho Universitário, um pequeno grupo constantemente envolvido em escândalos de corrupção, com as diversas fundações que existem na universidade. Um terço de seus membros é dono de empresas terceirizadas ou dirigente de fundações privadas que atuam na USP ganhando milhões. Estão vendendo a universidade pra si próprios.
Enquanto a universidade for gerida por um conselho de burocratas que defendem apenas seus próprios interesses, o conhecimento que produzimos aqui dentro será destinado para os interesses das grandes empresas em vez de atender às demandas da população. Por isso, lutamos por uma assembleia estatuinte livre e soberana, imposta pela mobilização, para que estudantes, trabalhadores e professores que não fazem parte da burocracia acadêmica estejam na linha de frente de pensar o seu projeto de educação e definir seus rumos e funcionamento. Achamos que uma estatuinte deveria servir para pôr fim ao Conselho Universitário (C.O) e ao reitorado, acabando com essa estrutura de poder, para impor uma gestão composta pelos três setores e com maioria estudantil, em aliança com a população.

Lutamos também para acabar com o trabalho precário, por condições dignas de trabalho na dita universidade de excelência, buscando a efetivação de todos os trabalhadores terceirizados sem a necessidade de concurso público.
Queremos uma universidade a serviço dos trabalhadores e de toda a população pobre e oprimida. Uma universidade onde o conhecimento produzido seja voltado para atender as demandas da população, onde a história ensinada seja a de luta e resistência dos trabalhadores, das mulheres, dos negros, das LGBTs. Questionamos o caráter de classe da universidade como parte de questionar também toda sociedade de classes.




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