3,40 NEM TENTA | Chamado ao 3º Ato Contra o Aumento em BH e debate com o Tarifa Zero e a esquerda

A juventude de Belo Horizonte deu mostras de que quer emergir com força no cenário político da cidade. Na semana passada protagonizamos as maiores manifestações de juventude desde junho de 2013, especialmente a de sexta-feira (14), que reuniu 3000 jovens e tomou o centro da cidade; justamente o que queriam proibir o governador Fernando Pimentel (PT) e a PM-MG. Pôde-se sentir os “ares de junho” em Belo Horizonte ao final do ato, quando centenas de jovens chegavam triunfantes à Praça Sete cantando “Ô, Pimentel, qual é que é? O povo fecha rua quando quer”.

Com estes atos convocados pelo Tarifa Zero pôde-se ver a enorme disposição de luta da juventude belorizontina, que mostrou uma via para derrubar o aumento das passagens. Este absurdo reajuste é o terceiro em um ano e meio, e chegou até a ser julgado ilegal pelo judiciário, mas esta liminar acabou caindo, com uma ação na justiça a pedido da própria prefeitura de Márcio Lacerda (PSB).

Por isso nós da Juventude Às Ruas estaremos no próximo ato convocado pelo Tarifa Zero, que acontecerá na terça-feira (25), às 11h da manhã, em frente ao CEFET, na Avenida Amazonas, 5253 e convidamos a todas e todos a se somarem ao ato.

É preciso debater os caminhos para barrar o aumento

Na última reunião chamada pelo Tarifa Zero, que ocorreu na segunda-feira (17), a proposta deste movimento junto ao MPL-BH foi que se chamasse o ato somente para terça-feira (25), com um espaço de 10 dias em relação ao ato anterior, em um horário “fora do comum” e em uma região distante do centro de BH. A proposta foi apresentada pelo Tarifa Zero como algo que já não poderia ser alterado e nós da agrupação Juventude às Ruas defendemos que era necessário chamar um ato mais rapidamente e em uma região central (a proposta concreta foi na quarta-feira, dia 19, às 17h na Praça Sete).

Achamos que existe uma grande vontade de lutar contra o aumento na juventude e que é preciso aproveitar a oportunidade para fortalecer os atos de rua, que são as principais armas do movimento neste momento. Em Junho de 2013 defendemos que estava colocada a possibilidade imediata de efetivar um tipo de organização através de assembleias de base em cada local de trabalho e estudo, que daria condições para coordenar todo o movimento de forma democrática através de uma assembleia de representantes, eleitos e a qualquer momento revogáveis pelas assembleias locais. Com esta força, atos mais “dispersos” pela cidade poderiam cumprir um papel de convergência.

No entanto, hoje achamos que essa possibilidade, pela óbvia diferença na força da mobilização, é menos provável. Portanto, as medidas de luta nas ruas têm o caráter de aumentar a mobilização, e tendo em vista este objetivo, fazer os atos nos locais mais tradicionais, nos horários mais comuns à maioria das pessoas (após horário comercial para os que trabalham, por exemplo) é fundamental para ampliar a mobilização. E o ato às 11h, em um local distante do centro e de difícil acesso para muitos, destoa deste objetivo.

Por isso vamos com toda nossa força, e estamos fazendo uma cobertura especial que já chegou à visualização de dezenas de milhares na internet, mas não escondemos nossas críticas à estratégia do Tarifa Zero e de todas as organizações (PSTU, CST-PSOL, PCR, MPL) que defenderam o ato como foi fechado.

Bloco da Juventude Às Ruas: pelo que lutaremos na terça-feira

Nós da Juventude às Ruas participamos desde 2013 da gestão do CAFCA, o Centro Acadêmico de Filosofia da UFMG. Em junho de 2013 conformamos o Bloco da Filosofia junto a dezenas de estudantes do curso, da FAFICH e da UFMG. Durante toda a luta contra a Copa, em 2013 e 2014, este bloco esteve presente defendendo também a retirada do transporte das mãos dos empresários e dos políticos corruptos e privilegiados

Como dissemos em um texto chamado “5 ideias para barrar o aumento” neste mesmo Esquerda Diário, não confiamos nos governos do PSB de Lacerda e nem no de Pimentel do PT, pois ambos governam para os empresários do transporte, dão sinal verde para os aumentos a favor do lucro e sinal vermelho para as lutas e os movimentos sociais com uso da violenta PM-MG.

Por outro lado, se é verdade que o Ministério Público buscou tornar o aumento ilegal, por conta do fato de ter sido o terceiro em um ano, é verdade também que em geral o sistema jurídico anda na contramão dos anseios da juventude, dos movimentos sociais e da classe trabalhadora. Os juízes e altos-funcionários recebem “salários de deputados” (quase 30 mil reais por mês) e não vivem as dificuldades dos jovens e da maioria da população.

Podemos nos apoiar na ajuda das ações jurídicas para fazer avançar a luta, mas sabendo que este não é o “terreno” dos trabalhadores e da juventude, e sim dos ricos que controlam o aparato estatal e muitas vezes usam dele para nos enganar e fazer as mobilizações “baixar as armas”.

Barrar o aumento nas ruas é nossa principal “ambição”, pensar todas as medidas e meios de mobilização e divulgação desta luta (e colocamos a disposição para isso o Esquerda Diário, que chega a centenas de milhares de visualizações mensais), levantando a necessidade de uma luta massiva e independente nas ruas. Esta luta para nós é inseparável do diálogo e da união com os trabalhadores.

E na mesma medida em que esta união se concretize, achamos que se colocará a necessidade da organização desde os locais de estudo e trabalho. Para nós esta é uma “lição” do que faltou em Junho.

Outra lição é que para apontar uma solução profunda e definitiva para a questão, a melhor saída é a retirada dos transportes da mão dos empresários, com a estatização dos transportes, colocando-o sob controle dos trabalhadores e usuários, utilizando as assembleias nos locais de trabalho e estudo e os representantes eleitos e revogáveis por força destas como instrumento independente dos empresários e governos para ter um transporte público e de qualidade.

Convidamos todas e todos a se somarem também ao bloco da Juventude Às Ruas no ato. Podemos barrar o aumento!