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REPRESSÃO NA UERJ | Chamado a uma campanha contra a repressão e autoritarismo da reitoria da UERJ

Carolina CacauProfessora da Rede Estadual no RJ e do Nossa Classe

sexta-feira 29 de maio de 2015 | 14:51

Ontem ocorreu uma violenta repressão sem precedentes na história das universidades brasileiras. Os seguranças da reitoria fecharam o acesso à universidade. Mantiveram alunos presos dentro e fora armaram um verdadeiro campo de batalha contra os estudantes com barricadas, jatos d´água, bombas, espancaram estudantes e mantiveram um estudante do curso de geografia em cárcere privado.

Uma verdadeira ação de guerra por parte da reitoria de Vieiralves.
Os estudantes da UERJ se reuniriam em assembleia para decidir os rumos da mobilização contra a crise da universidade quando ficaram sabendo da remoção com repressão que ocorria na favela Metrô-Mangueira que se localiza ao lado da universidade. Coletivamente decidiram remarcar a assembleia e decisão pela greve estudantil para segunda-feira (01/06), e em apoio aos moradores seguiram até o local. Foram recebidos com bombas de gás lacrimogênio lançadas pela tropa de choque na Radial Oeste, rua que dá acesso à uma das entradas da universidade. Ao retornarem para dentro da UERJ fugindo da repressão, e na tentativa de retomar a manifestação com maior visibilidade na Rua São Francisco Xavier, foram surpreendidos por policiais e um deles deu três tiros de arma de fogo em direção aos estudantes. No pavor diante da absurda ação deste policial, os estudantes correram para entrar pela porta principal da universidade e foram impedidos pelos seguranças que começaram uma brutal repressão.

Esta escandalosa ação da reitoria de militarização da universidade é parte de um projeto que vem acumulando um histórico de decisões autoritárias contra o caráter público da UERJ e universal de formação de conhecimento e livre pensamento da universidade. Em 2013 a UERJ foi fechada por um mês para a Copa das Confederações de maneira autoritária comprometendo o calendário do ano letivo. Em 2014 foi alugada pela FIFA, sendo que até hoje não se sabe onde foi parar o dinheiro. Vieiralves no final do ano passado impôs o fim do semestre autoritariamente para que a mobilização estudantil que se iniciava diante da crise gerada pelos atrasos de pagamento dos terceirizados não tomasse mais força.

Na sexta-feira da semana passada (22/05) fechou a universidade alegando precaução por qualquer “tentativa violenta” por parte do movimento estudantil, mas o episódio de ontem escancarou que violenta é a reitoria, que além de manter trabalhadores sem salários, estudantes sem bolsa, usa da repressão para conter qualquer mobilização contra a crise da universidade. Os seguranças de empresa contratada têm circulado pela universidade à paisana e cumprido o verdadeiro papel de polícia atuando junto com os seguranças efetivos da universidade.

Os seguranças alegaram cinicamente na mídia que fecharam a universidade para que moradores da favela Metrô-Mangueira não entrassem, mostrando também o caráter elitista da universidade e o uso como propriedade privada por parte da reitoria contra a população pobre e negra das favelas que não tem acesso à educação gratuita, publica de qualidade. Ironia da história: a UERJ está construída onde antes era a Favela do Esqueleto, com seus moradores sendo expulsos pelas remoções do reacionário governador Carlos Lacerda, justamente há 50 anos, em junho de 1965.

Hoje a universidade é surpreendida por nova medida autoritária do reitor que em comunicado reafirma uma visão de universidade fechada a população de seu entorno e também comunica que abrirá processos aos manifestantes. É inadmissível que sejam instaurados processos contra manifestantes.

O que ocorreu foi uma violência contra os direitos humanos. É urgente um amplo movimento democrático de toda a comunidade universitária democrática – estudantes, professores e funcionários – que repudie esta ação de responsabilidade do reitor e dos responsáveis pela segurança da universidade e que tome ações para que situações como esta nunca mais se repitam. Convocamos todas as forças democráticas como organizações políticas e sindicais, parlamentares, a a compartilharem dessa nossa luta pela democracia e liberdade de expressão e organização na UERJ. Como parte deste movimento amplo e democrático que precisa ser construído urgentemente levaremos a frente também as reivindicações do movimento estudantil da UERJ que incluem também a luta pela imediata saída deste reitor.




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