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ESTADO ESPANHOL - | Catalunha: Liberdade aos presos políticos! Por uma greve geral e mobilizações contra o Regime de 78 em todo o Estado

Declaração da CRT (Corriente Revolucionaria de Trabajadores y Trabajadoras) que impulsiona o Esquerda Diário na Espanha, diante dos últimos episódios da escalada repressiva contra o movimento catalão. Por uma greve geral na Catalunha. Que a "Primavera Catalã" conflua com todas as lutas contra o Regime de 78 em todo o Estado.

segunda-feira 26 de março de 2018 | Edição do dia

FOTO: EFE/MARTA PEREZ

Nas últimas 48 horas estamos vivendo um ataque brutal do golpe institucional contra a Catalunha e na bonapartização do Regime de 78. A prisão dos “consellers” (representantes eleitos) desistituídos, Turull, Romeva, Rull, Bassa e Forcadell, nesta sexta-feira, e detenção e envio à prisão provisória na Alemanha de Carles Puigdemont, confirma que o bloco monárquico liderado por Felipe VI, o governo do PP, CS, o PSOE e o Poder Judiciário, pretendem esmagar o movimento democrático catalão. A colaboração alemã confirma que a reacionária UE e seus governos apoiam o golpe de outono, como já foi feito pela Comissão Europeia e pelo Conselho da Europa.

Prender ou manter no exílio a direção do processo, prevenir a maioria pró-independência que ganhou eleições de 21 de Dezembro de que formem um governo, a manutenção do chamado “155” e os mais de 900 processos judiciais abertos contra ativistas catalães: estes são os ingredientes para impor uma derrota na Catalunha que abre as portas para uma restauração reacionária do Regime de 78, marcada por mais centralismo, mais perseguição dos direitos e liberdades democráticas fundamentais e uma forma de governar e passar a agenda de ajustes pendentes, com base em juízes, promotores e policiais.

Na Catalunha, este salto significou um retorno da mobilização nas ruas. Na sexta-feira, milhares saíram às praças e ruas, cercaram as delegações do governo e fizeram cortes em estradas. Para este domingo novos protestos e cortes foram chamados, e o clamor de "paralisação geral" é ouvido novamente com força. Para muitos, se trata do começo da "primavera catalã", ou seja, do ressurgimento da mobilização social que levaria a frente o chamado das manifestações de 1 e 3 de Outubro e 8 de Novembro, que o “golpe do 155” e a claudicação da direção do processo deixaram em suspenso.

A onda de “espanholismo” (anti-independência catalã) que foi promovida desde o bloco monarquista e de seus meios de comunicação no outono vai querer surgir novamente para obter apoio social para este ataque golpista no resto do Estado. Desta vez não será tão fácil. Mesmo alguns membros do bloco monarquista separam-se timidamente das últimas medidas, como o PSC, embora isso não os liberte de sua responsabilidade.

Mas principalmente porque este ano de 2018 começou com um renascimento da mobilização social contra o PP, o CS e o Regime 78. Centenas de milhares de aposentados saem às ruas em defesa de aposentadorias decentes e denunciam os resgates milionários dos banqueiros. Milhões de mulheres entraram em greve e se manifestaram neste 8M. A Coroa está novamente desacreditada pela indignação gerada após as sentenças contra a liberdade de expressão com as quais quer enviar rappers, jornalistas e twitters para a prisão. Setores precários, como os trabalhadores da Amazon ou da restauração do aeroporto de El Prat, estão se organizando e lutando.

Desde a Corriente Revolucionaria de Trabajadores y Trabajadoras (CRT), estamos sendo parte destas mobilizações, a serviço de que emerja a Primavera Catalã e que esta conflua com o resto das lutas sociais e democráticas contra o governo e o Regime de 78 no resto do Estado.

É urgente preparar uma nova jornada de greve geral na Catalunha, como já se canta nas manifestações. O CDR, a esquerda pró-independência e a esquerda sindical deveriam levar isso a frente como fizeram antes do 1-Outubro e exigir até que isso seja imposto à liderança dos sindicatos majoritários. É preciso parar tudo para exigir a liberdade e a retirada do processo de todos os presos políticos, a retirada do “155” e a defesa do mandato do 1-O.

Esse deve ser o primeiro ato de um plano de luta que retome o movimento de outono a partir das lições que ele levantou. É essencial expandir a base social do movimento democrático catalão, ganhando os setores da classe trabalhadora que o veem como algo alheio. Para isso, devemos vincular essa batalha democrática à luta por um programa para resolver os grandes problemas sociais de desemprego, precariedade, aposentadorias e serviços públicos. Um programa se proponha a avançar sobre os interesses dos capitalistas, que são também a perna econômica do golpe e o projeto de restauração reacionária.

Para isso, não se pode continuar confiando nos "roteiros" daqueles que se recusaram a defender a república. Os partidos da burguesia e da pequena burguesia da Catalunha vêem demonstrando sua falência histórica. A decisão da CUP de não apoiar o novo roteiro autonomista de Turull estava correta. Mas é necessário fazer um balanço profundo da política da "mão estendida" e romper com ela, apostar em um caminho baseado no desenvolvimento da mobilização e auto-organização, com a classe trabalhadora a frente e em aliança com o resto do Estado. Só assim será possível conquistar uma república catalã, que não é dos capitalistas, mas sim dos trabalhadores e dos socialistas.

A "Primavera Catalã" deve impactar o resto do Estado. A escalada repressiva contra o movimento catalão é parte da perseguição da liberdade de expressão e contra os ativistas sociais. Se finalmente os prisioneiros políticos catalães são condenados por rebelião e sedição, o que podemos esperar nós trabalhadores quando piquetamos ou ocupamos uma fábrica? O que podem esperar os ativistas da PAH que bloqueiam os comitês judiciais para evitar despejos? Os estudantes que cortam ruas e rotas de comunicação pela universidade gratuita?

Por esta razão, as organizações sindicais e a esquerda do resto do Estado devem convocar imediatamente manifestações em solidariedade com a Catalunha e pela liberdade dos presos políticos. “Podemos” e a “Izquierda Unida” rejeitaram as últimas ações, o que estão esperando para chamar mobilizações?

O movimento de mulheres protagonizou manifestações massivas e greve no 8M, os aposentados se mobilizaram em todo o Estado e cada vez mais os setores da classe trabalhadora e da juventude se organizam contra a precariedade e a repressão às leis da mordaça. Todas essas lutas contra o governo e o regime de 78 devem mostrar solidariedade e convergir com o movimento catalão, na perspectiva de uma greve geral para atacar com um só punho, o governo do PP, as partes do Regime, a Coroa e o juízes que querem aprisionar ativistas e ideias. A Primavera Catalã deve estender-se a todo o Estado, em uma luta para impor processos constituintes realmente livres e soberanos, pôr fim à Coroa e abrir as portas para a conquista de governos operários em uma livre federação das repúblicas operárias e socialistas da Península Ibérica.

Abaixo o 155 e o golpe institucional monárquico! Por uma greve geral na Catalunha! Por um grande movimento em todo o Estado contra o Regime de 78 e pelo direito de decidir! Por uma república catalã operária e socialista! Por uma livre federação das repúblicas operárias em todo o Estado!




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