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Debate sobre o veto ao Esquerda Diário na APEOESP de Santo André | Carta da corrente Renovar Pela Luta

Publicamos a Carta da corrente Renovar Pela Luta, direção da APEOESP Santo André, sobre a decisão de não permitir divulgarmos nossos artigos entre professores e professoras.

sábado 11 de julho de 2015 | 00:01

::: Na Subsede APEOESP Santo André tem...
Democracia, Compromisso com o Movimento e Coerência!

Resposta ao MRT (ex LER-QI)/ESQUERDA DIÁRIO :::

A existência de publicações e a disputa de ideias pelas correntes de esquerda no interior da sociedade frente à burguesia e seus meios é fundamental para que a classe trabalhadora se organize com autonomia e se forme.

Consideramos importante e legítima a existência do Esquerda Diário, mas ao contrário do que se postula não devemos esquecer que é UM dos veículos da esquerda e que é dirigido por UMA das correntes, o MRT, e não por um conselho editorial das várias correntes. Não é A voz dos trabalhadores, mas UMA de suas vozes, a de UM setor e, portanto parcial. E como fica essa relação buscando unir e organizar o Todo do movimento? Quem se preocupa com o movimento de conjunto deve-se fazer essa pergunta.

Ocorre que a febre de construção da sua corrente a todo custo impede o MRT (bem como outras correntes) de realizar esse exercício de reflexão, pois os levaria a ter que se repensar e modificar suas concepções e estruturas muitas vezes engessadas.

Nesse sentido, reivindicamos junto à direção do MRT como imediato direito de resposta, que este texto seja publicado na página do Esquerda Diário.

  •  - DEMOCRACIA, LUTA e FORMAÇÃO POLÍTICA na GESTÃO RENOVAR PELA LUTA

    A Subsede APEOESP Santo André, cuja maioria de sua Executiva é o Renovar Pela Luta, corrente sindical no campo da Oposição Alternativa, é respeitada no movimento em razão de uma concepção de luta, antiaparatização e pela unidade com os demais movimentos.

    Nestes 4 anos de gestão, vimos participando e prestando apoio e solidariedade real a todos os movimentos da região, como luta pela Moradia, movimentos de alunos, contra o aumento das passagens, apoio e participação às lutas na Fundação Santo André e na UFABC, organizando atos e debates das questões de gênero, raça e LGBT, assim como apoio às demais categorias em Greve, inclusive com contribuição financeira através do Fundo de Solidariedade da Subsede.

    Como o próprio artigo de acusação coloca, houve uma decisão tomada por uma Executiva Ampliada, formato de fórum proposto pelo Renovar Pela Luta no pós-Greve para incorporar com direito a voz e voto todos os ativistas que participaram do Comando de Greve. Assim é o funcionamento da nossa Subsede, um regime de Comissões abertas à participação dos professores mesmo não sendo membros da Executiva Eleitos.

  •  - COMUNICAÇÃO A SERVIÇO DA UNIDADE E DA ORGANIZAÇÃO DO MOVIMENTO

    Durante a Greve dos Professores do Estado de São Paulo, o Comando de Greve criou uma página no facebook com a finalidade explícita de informar e organizar as atividades da Greve, submetido às diretrizes gerais do Comando. Aquele espaço, bem como a página oficial da Subsede, não serviria de projeção das correntes sobre o movimento, mas deste construído por todos os ativistas e correntes. O Comando de Greve aprovou isso em votação, com ampla maioria, e foi criada uma comissão para as postagens e publicações.

    Posteriormente foi criado, por iniciativa de um companheiro, um grupo no whatsapp chamado InfoGreve, nome bastante sugestivo do seu objetivo. Esse grupo foi muito importante para dinamizar os informes, atividades e encaminhamentos sobre a greve.

    Ocorre que passada a greve e sem que houvesse discussão e deliberação coletiva, o MRT-Santo André passou a postar matérias e artigos do Esquerda Diário, que é uma publicação de SUA corrente.

    Terminada a Greve, o grupo se submeteu às instâncias da Subsede. Por isso, as mesmas diretrizes da Comunicação foram discutidas e aprovadas em Executiva Ampliada, por 18 votos a favor (inclusive independentes) e 6 contrários de que os vários instrumentos da Subsede (página no Face e grupo do whatsapp) sejam utilizados para dinamizar com informes, publicações e encaminhamentos relativos ao movimento e não um espaço de postagem das publicações das correntes. Portanto, foi uma deliberação COLETIVA da Executiva Ampliada e não apenas do RPL.

    Em nosso entendimento, foi uma decisão tomada por uma questão Tático-organizativa, tendo em vista que a unidade de pontos comuns e entre as correntes e demais ativistas (proposta, realizada na prática também com os boletins semanais) é um elemento MOBILIZADOR, UNITÁRIO e DE FORÇA e que a disputa política exacerbada em espaços de organização prática da luta, pelo contrário, desmobiliza.

    Os professores buscavam e buscam (no pós-Greve) nesses canais (Facebook e Whatsapp) informações objetivas, propostas e encaminhamentos para suas demandas e não infinitas discussões entre as correntes e sua promoção. Não que sejam desnecessárias, obviamente que não, mas cada corrente ou organização já tem seus meios próprios para propagandear suas posições, eventos etc. O próprio whats fornece todos os contatos do grupo.

    Há ao menos 7 correntes atuando em nossa Subsede (Renovar Pela Luta/Espaço Socialista, MTS/PSTU, Professores Pela Base/MRT, TLS/PSOL, Levante Popular, Articulação/PT e PCR). A abertura para que todas as correntes pudessem postar suas publicações e artigos no específico espaço do grupo InfoGreve e na página do Comando (ambos agora Pós-Greve) ao nosso ver iria congestioná-los, dificultando que sua finalidade principal seja cumprida.

    Ao nosso entender, a reconstrução da subjetividade da classe trabalhadora passa não apenas pela construção das correntes, mas também dos organismos de base, da sua consciência coletiva e organização autônomas frente às correntes, mesmo as que dirigem ou são maioria, e muitas vezes isso é esquecido ou menosprezado pelo MRT (e também por outras correntes).

    As organizações de esquerda não podem atuar de maneira puramente “imagética” em busca apenas ou principalmente de sua projeção em todos os espaços do movimento e/ou de tão-somente autoconstrução, mas também ajudarem DE FATO – e não apenas no discurso - os trabalhadores e a juventude a desenvolverem suas formas de organização de base e isso inclui muitas vezes respeitar os limites do próprio movimento e da disposição dos ativistas para debates que muitas vezes não entendem ou são mesmo inócuos mas que muitas correntes insistem em impor sobre eles, congestionando os espaços e assim afastando muitas pessoas dos movimentos e das próprias correntes.

    Quanto à publicação no facebook e grupo do whatsapp de informações relativas ao movimento veiculadas nas mídias burguesas, a categoria de professores já tem acúmulo para fazer o filtro e absorver apenas os fatos (por exemplo: notícia sobre o pagamento dos dias parados...). Além disso, os ativistas podem a todo momento se posicionar e debater nesses meios de comunicação, como tem ocorrido.

  •  - OS COMANDOS DE MOBILIZAÇÃO/GREVE E VISITAS ÀS ESCOLAS

    Nas visitas às escolas do Comando de Mobilização antes da Greve, fomos acusados de querer cercear as correntes de divulgarem seus materiais. Ora, não se trata disso!

    Visitar as escolas e entregar seus materiais é um direito de todas as correntes, DESDE QUE NOS APRESENTEMOS COMO TAL! Mas não em Comando de Mobilização ou de Greve, quando devemos trabalhar com os materiais unitários do movimento.

    Imagine se ao chegar em uma escola para falar com os professores e tentar convencê-los da importância de se mobilizar e fazer a Greve cada umas das correntes ainda fosse distribuir seu material? O material coletivo, do movimento ficaria diluído e confundido justamente em um momento de luta e de dificuldades para mobilizar como é a situação que enfrentamos! Mas infelizmente o MRT não compreende dessa maneira...

    Fala-se muito sobre o que nos unifica, a pauta comum, a unidade na luta, porém, na prática cotidiana de várias correntes, isso é totalmente secundarizado!

    Durante as visitas do Comando de Mobilização, depois Comando de Greve às escolas, os ativistas receberam ajuda de custo disponibilizada pela Subsede (passagem ou combustível, alimentação).

    Se as correntes ao visitarem as escolas entregassem seus materiais próprios, isso não poderia ser como Comando de Mobilização ou de Greve. Nem essa atividade poderia se caracterizar como atividade sindical da Subsede e sim da corrente. Não seria ético e nem coerente que as correntes utilizassem dessa ajuda para entregar seus materiais e fazer o trabalho de construção da sua corrente. Seria uma aparatização. O Renovar Pela Luta não tem essa prática e cobra das demais correntes que também tenham.

  •  - CONCEPÇÕES DIFERENTES: O PROBLEMA DO “DIRIGISMO”

    Infelizmente para uma parte das organizações de esquerda radical (no bom sentido) – persiste um modus operandi de militância centrípeta, ou seja, uma militância pra dentro de si mesma. Isso aparece nitidamente nas posições, declarações e formas de atuação do MRT em Santo André (embora esse problema também perpasse outras correntes).

    Não caracterizamos isso como mau-caratismo, ou desonestidade mas sim como uma forma de conceber o movimento e a construção de seu grupo político, o que informalmente nomeamos de “dirigismo”:

    Parte-se da análise de que a crise da esquerda restringe-se a uma “crise de direção”. Assim, cabe ao (auto-declarado) Partido Revolucionário disputar essa direção e finalmente “guiar” os trabalhadores segundo a sua estratégia para a vitória de uma greve, de um movimento, de um processo político etc. Da mesma forma leva a ter a construção de SUA organização como o fim quase absoluto, independente das consequências que tenha para o movimento e suas organizações.

    O dirigismo, em suma, caracteriza-se por essa prática: um ímpeto apenas por discursos inflamados em fóruns que já estão mobilizados por outros elementos quase sempre externos ao grupo político dirigista! Esse grupo irá se aproveitar de uma situação de mobilização pelo qual não tem responsabilidade para tentar fazer vencer a sua proposta e se construir. Propostas que têm uma aparência revolucionária, mas que não estão plasmadas no movimento que pretende dirigir, uma vez que não foram construídas a médio ou longo prazo por um trabalho real e sistemático de base.

    Uma prática que invariavelmente demonstra sua arrogância, na medida em que a experiência vivida na organização da luta em seu cotidiano é totalmente desprezada e vale apenas a sua autoproclamada consciência revolucionária e menos a disposição e energia para ajudar o movimento e suas organizações de fato a avançar em passos reais.

    Corrente Sindical Renovar Pela Luta!/Oposição Alternativa




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