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FAÍSCA UFMG | Carta aos estudantes da UFMG: organizemos uma plenária de debate sobre programa para o DCE

Está aberto o processo eleitoral para o DCE de uma das principais universidades federais do país, cujos estudantes protagonizaram grandes assembleias e manifestações no último período contra os ataques à educação e à previdência. Que DCE precisamos para haver uma organização dos estudantes à altura de derrotar a extrema-direita? Quais as tarefas do movimento estudantil frente ao primeiro ano de governo Bolsonaro? Chamamos os estudantes, entidades estudantis e grupos que constroem a gestão atual do DCE a organizar uma plenária para debater programa para essa entidade.

terça-feira 3 de setembro de 2019 | Edição do dia

A próxima eleição para o DCE da UFMG não será como as anteriores: é a primeira no governo Bolsonaro, que avança cotidianamente em seus ataques reacionários, como a sequência de cortes das bolsas de pesquisa universitária e de orçamento, e coloca para o movimento estudantil o desafio de discutir profundamente o seu papel e como construir entidades militantes. O mundo se escandalizou com a evidência de que, para o governo Bolsonaro, a prioridade são os lucros do agronegócio e os interesses de imperialistas em detrimento das vidas indígenas, da biodiversidade e da existência de condições sustentáveis de vida na Terra. A Amazônia em chamas sucede a aprovação da reforma da previdência na câmara de deputados e a apresentação do Future-se, programa que abre um espaço ainda maior para a privatização das pesquisas e restringe mais intensamente o acesso da população negra e pobre ao ensino superior, reduzindo-o ao mínimo necessário para atender os interesses de lucro dos grandes capitalistas, como as mineradoras que exploram até afogar em lama seus trabalhadores.

Essa sequência de atrocidades escancara que Bolsonaro, os militares, o centrão e o judiciário estão sincronizados no objetivo de aprofundar a exploração e precarização da população, aumentando nossa dependência dos países imperialistas, que mantêm soberania científica e tecnológica, ao mesmo tempo em que nos relega cada vez mais à função de “fazenda do mundo”, que garante soja, minério de ferro e mão de obra barata de uma classe trabalhadora - com destaque para a juventude, as mulheres e negros - que enfrenta a super-precarização, superexploração e o desemprego. Romeu Zema, defensor da Vale mesmo depois do assassinato de centenas de trabalhadores em Brumadinho, agora quer fechar centenas de salas de aula em mais de 200 escolas no estado.

A juventude, que em MG reivindicou a aliança às importantes lutas dos trabalhadores da educação, demonstrou seu rechaço às consequências do golpe institucional e está disposta a combater, na linha de frente, todos os planos de ataques do governo Bolsonaro e de Zema. Mas, mesmo tendo assumido essa posição, não encontrou na União Nacional dos Estudantes a ferramenta potente que deveria ser para unir nacionalmente nossas pautas com a dos trabalhadores. A entidade, dirigida pelo PT e PCdoB, não organizou desde a base a disposição de luta dos estudantes que vimos se expressar com tanta força em nossa universidade nos dias de mobilização nacional. Enquanto isso os governadores desses partidos negociaram com Maia o apoio à reforma da previdência, abrindo espaço para um fortalecimento parcial do governo que permitiu a apresentação de mais ataques à educação além de declarações saudosistas da ditadura militar.

Neste dia 7/9 precisamos tomar as ruas contra os cortes e o Future-se de Bolsonaro, batalhando pela ampliação e coordenação da luta pela educação nacionalmente. A falta de um plano de lutas para ligar cada manifestação e discutir como derrotar os ataques tem cobrado seu preço, e só se justifica porque esses partidos, PT e PCdoB, que também dirigem as grandes centrais sindicais CUT e CTB, não têm uma alternativa para responder à crise capitalista no Brasil, e acabam, no máximo, por tentar “desidratar” os ataques colocados em vez de combatê-los completamente e, como consequência, não organizam toda a força que poderiam apesar da grande disposição de luta da juventude e dos trabalhadores da educação.

O forte protagonismo dos estudantes da UFMG na luta contra todos os ataques colocados desde o golpe institucional, com o qual os planos de Bolsonaro estão intimamente ligados, foi expresso também na última eleição para o DCE, em que os estudantes elegeram uma gestão composta por correntes à esquerda do PT – Afronte, Correnteza e UJC –, distinta das alternativas que há décadas estão na direção majoritária da UNE. Para levar à frente o sentimento de que é preciso combater a direita com respostas e atuação sem conciliação de nossos interesses com os dos capitalistas, agronegócio, mineradoras, igrejas evangélicas e setores reacionários, precisamos ir além e batalhar pra que esses milhares de estudantes que lutam contra Bolsonaro na UFMG tomem pra si nossas entidades, fazendo de todas elas entidades militantes. E para isso precisamos fazer a mais ampla discussão entre os estudantes da UFMG sobre qual DCE precisamos para tomar em nossas mãos o grande desafio que é não apenas resistir ao avanço da extrema-direita sobre nossos direitos, mas vencê-la.

Queremos discutir por quais pautas nossa entidade deve batalhar a partir de refletir o que poderia ter fortalecido mais o movimento estudantil no último processo de mobilizações e qual papel o DCE pode cumprir. Por isso propomos uma grande plenária dos estudantes da UFMG rumo às eleições do DCE, que sirva para discutir qual a unidade necessária nessa conjuntura, a partir de um debate de programa, isto é, de por quais pautas precisamos lutar. Uma iniciativa como essa seria fundamental para discutirmos como defender nossa universidade e qual universidade queremos, em tempos que Bolsonaro e Weintraub querem universidades mais elitistas e subordinadas aos interesses daqueles que lucram com o conhecimento que produzimos.

Pensando em como colocar os milhares de jovens que fizeram grandes assembleias e foram às ruas de BH no último período à frente de elaborar a orientação política do nosso DCE, nossa proposta desde a Faísca Anticapitalista e Revolucionária é que possamos construir essa plenária a partir dos estudantes e das entidades estudantis da UFMG. Para isso o papel das correntes que hoje se colocam à esquerda do PT e como oposição da direção majoritária da UNE é fundamental. Por isso chamamos os coletivos de juventude como Afronte, MUP, Correnteza, Juntos, Vamos à Luta, entre outros, assim como os CA’s e DA’s que organizam na base a resistência contra os ataques de Bolsonaro, e todos os estudantes que vem sendo linha de frente, a construirmos juntos essa plenária programática como um espaço fundamental de debate de ideias, com propostas sobre quais os rumos que nossas entidades estudantis podem tomar pra derrotar Bolsonaro e sermos sujeitos dos processos que se abrirão no próximo período.

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