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RIO DE JANEIRO | Carta Pública do Coletivo Trabalhadores do CAPS III Maria do Socorro Santos - Rocinha/RJ

Compartilhamos no Esquerda Diário a carta do Coletivo Trabalhadores do CAPS III Maria do Socorro Santos - Rocinha/RJ

segunda-feira 16 de dezembro de 2019 | Edição do dia

Diante do fechamento do CAPS nos dias 14 e 15 de dezembro, desassistência do acolhimento noturno no território e redução do serviço diário em função da não contratação de profissionais;

Frente a eminência de calamidade técnica da saúde pública na Cidade do Rio de Janeiro;

Diante de dois meses de atraso salarial contínuo e três anos de insegurança salarial;
Nós, trabalhadores do SUS do Centro de Atenção Psicossocial Maria do Socorro Santos, viemos a público nos posicionar frente os recentes acontecimentos.
O CAPS MSS atende ao Território Dois irmãos, na área programática 2.1 - incluindo Rocinha, Vidigal e adjacências - desde março de 2010, oferecendo à população serviço de atenção à saúde mental. Nosso trabalho é pautado pelo tratamento territorial humanizado, fruto da atenção psicossocial e da Reforma Psiquiátrica Brasileira.

O CAPS MSS presta assistência a mais de 700 pacientes. Realizamos cuidados de enfermagem, atendimento psicológico, psiquiátrico e social, bem como atividades expressivas, de convivência e geração de renda. Dispomos de 9 leitos de acolhimento noturno para usuários em crise psicossocial aguda. A clínica do CAPS MSS é baseada na dedicação e sensibilidade a imensa vulnerabilidade da população assistida, acometida pela desigualdade, violência, que se somam à segregação, preconceito e agravo impostos às pessoas com sofrimento psíquico crônico ou agudo. O trabalho do CAPS MSS e da Residência Terapêutica vinculada evitou por cerca de 10 anos centenas de internações iatrogênicas, situações de risco de suicídio e vulnerabilidade de cidadãos em intenso sofrimento psíquico e social.

Ao longo dos últimos anos o CAPS MSS, no bojo dos ataques ao SUS, vem sofrendo dramaticamente a precarização de seu quadro técnico, com incerteza salarial; redução de profissionais e recursos; falta de medicações. Cada recuo da capacidade de assistência e efetividade do CAPS significa para nós trabalhadores o sofrimento, risco de desassistência e dignidade das famílias assistidas pelo CAPS com quais construímos os laços afetivos que são próprios da nossa clínica. Vemos desabar um longo e fino trabalho de construção de laços e vida.

Na última semana a precarização chegou ao ápice, de modo que a assistência precisou ser reduzida e o serviço fechado diante da ausência de reposição de profissionais e dois meses de atrasos salariais. O fechamento do CAPS Maria do Socorro, ainda que temporário, significa o absoluto desamparo à população. Nos opomos e repudiamos a redução imposta! São inaceitáveis as justificativas de falta de recursos financeiros. Nenhuma falta de recurso é imprevisível e irremediável se os responsáveis têm probidade e respeito pela população assistida. A população tem direito a assistência em saúde mental digna e de qualidade. Por nenhum serviço de saúde a menos!

Sábado, 14 de dezembro de 2019.




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