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Campanha #MeToo no McDonald’s dos EUA: trabalhadores fazem greve contra abuso sexual no trabalho

A greve ocorre em mais de dez cidades e exige melhora nos protocolos contra assédio sexual. As trabalhadoras denunciam casos de agressões por parte dos supervisores e outros empregados.

terça-feira 18 de setembro de 2018 | Edição do dia

Há alguns meses, exatamente no 8 de março, a rede de fast food McDonald’s quis surpreender quando tornou seu logotipo dourado, para celebrar o Dia Internacional das Mulheres.

O dia em que milhões de mulheres no mundo se mobilizam pelos seus direitos, a companhia estadunidense só conseguiu realizar este cínico gesto, que não demorou em ser descoberto. Nas redes sociais muitos usuários recordaram à multinacional que se realmente quisesse homenagear as mulheres, começasse a pagar salários dignos aos seus empregados.

Certamente, os executivos do McDonalds que conceberam o gasto publicitário do 8 de Março, agora devem estar se perguntando por que as trabalhadoras dessa empresa, em dez cidades dos Estados Unidos (Chicago, Durham, Kansas City, St Louis, Missouri, Los Angeles, San Francisco, Miami, Milwaukee, Nueva Orleans e Orlando) fazem uma greve nesta terça-feira na hora do almoço para exigir da companhia medidas mais efetivas para frear, o que elas chamam, de uma "epidemia" de assédio sexual contra a qual não se toma medidas.

As organizações que impulsionam a medida dizem que esta será a primeira greve multiestatal no país que é direcionada especificamente para reivindicar medidas contra o assédio sexual no locais de trabalho. A medida foi aprovada no dia 12 de setembro pelos Comitês de Empresa (comissões) de Mulheres de dezenas de locais, segundo informou a agência Associated Press (AP).

As impulsionadoras da greve dizem que se inspiraram no movimento #MeToo e buscam melhoras nos protocolos para quando ocorrer uma denuncia de assédio, tanto na agilidade do procedimento como na formação de encarregados e gerentes.

Entre as organizadoras da greve encontra-se Tanya Harrell, de 22 anos, de Nova Orleans. Ela apresentou uma queixa em maio para a Comissão de Igualdade de Oportunidades no Emprego (EEOC na sigla em inglês) alegando que seus dois gerentes, da unidade do McDonalds onde trabalha, a assediavam. Entretanto, nem a EEOC nem a empresa tomaram qualquer ação. Harrell, que ganha 8,15 dólares por hora, disse à agência AP que ela e muitos de seus colegas eram céticos sobre o compromisso da companhia em combater o assédio: "Querem que a gente pense que eles se importam, mas eles não se importam".

Outra dentre as organizadoras é Kim Lawson, de 25 anos, quem também apresentou uma queixa na EEOC alegando que os gerentes responderam de forma ineficaz quando denunciou o assedio sexual de um companheiro de trabalho. Lawson afirmou que se sente alentada pelo forte apoio dos outros trabalhadores a greve. "Todo mundo tem sido valente a respeito" disse à agencia AP e afirmou que "É hora de defender o que acreditamos".

A greve conta com o apoio ea plataforma Fight for $15, que luta pela melhoria salarial nos restaurantes de fast food; e pelo Time’s Up Legal Defense Fund, que proporciona apoio jurídico às mulheres sem recursos que denunciem assédio sexual.




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