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Calero acusa Temer de tráfico de influência em favor de Geddel e abre crise governamental

quinta-feira 24 de novembro de 2016 | Edição do dia

Em depoimento à Policia Federal, Marcelo Calero, ex-ministro da Cultura, afirmou que Michel Temer o pressionou no caso Geddel, para que ele buscasse uma saída para a obra de interesse do ministro. Esse depoimento pode levar a abertura de inquérito contra Michel Temer no Supremo Tribunal Federal (STF) e abrir mais um capítulo importante da crise política nacional.

O empreendimento La Vue Ladeira da Barra, um prédio de 31 andares, com um apartamento por andar e uma cobertura, situado na Ladeira da Barra, foi embargado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) por agredir o patrimônio histórico de Salvador. Geddel Vieira Lima adquiriu um dos apartamentos. Contudo a obra foi paralisada, Calero afirmou que, além de Geddel, Temer teria pressionado pela resolução do problema de modo a satisfazer os interesses do ministro.

No depoimento prestado, o ex-ministro da cultura disse que, em encontro com o presidente da República, na quinta (17), Temer também o pressionou para que prosseguissem com a obra. "Que na quinta, 17, o depoente foi convocado pelo presidente Michel Temer a comparecer no Palácio do Planalto; que nesta reunião o presidente disse ao depoente que a decisão do Iphan havia criado ’dificuldades operacionais’ em seu gabinete, posto que o ministro Geddel encontrava-se bastante irritado; que então o presidente disse ao depoente para que construísse uma saída para que o processo fosse encaminhado à AGU [Advocacia-Geral da União], porque a ministra Grace Mendonça teria uma solução", disse Calero, em declaração enviada ao STF e Procuradoria-Geral da República. Além disso, Temer disse que “a política tinha dessas coisas, esse tipo de pressão”.

Segundo o porta-voz do governo, Parola disse ainda que Temer “sempre endossou caminhos técnicos para solução de licenças em obras ou ações de governo”. Após reunião e emergência nessa noite de quinta-feira, o governo soltou uma mensagem que diz ainda que o presidente buscou resolver o conflito entre Calero e Geddel “sugerindo a avaliação jurídica da Advocacia-Geral da União, que tem competência legal para solucionar eventuais dúvidas entre órgãos da administração pública”.
Mostrando um profundo envolvimento com o caso particular de Gedel, uma vez que após o prédio ter sido embargado pelo Iphan, o governo ao contrário de ter tido uma postura técnica como tenta afirmar, busca outras instancias para resolver o conflito dentro do governo. Uma verdadeira afronta a toda juventude e trabalhadores que vem sofrendo com os cortes, saúde e educação precária, além dos ataques aos salários e direitos trabalhistas, onde mal é possível pagar um aluguel, o governo usa do dinheiro e órgão públicos para resolver seus problemas e garantir seus privilégios (como um apartamento na praia).

Mais uma vez a crise política nas mãos do Judiciário

Aberta essa crise, caberá ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, decidir se pedirá ao STF a abertura de inquérito ou se arquivará o caso. A Procuradoria deverá abrir inquérito contra Geddel, quanto ao caso de Temer ainda esta aberto como irá e encaminhas, caso abram inquérito o STF decidirá se instaura investigação ou arquiva o caso.

Essas medidas podem ser parte de uma pressão política ao governo Temer, com uma impaciência dos empresários com a dificuldade do governo implementar os ataques num cenário de piora econômica. O que pode colocar a prova a possibilidade de políticos tão questionados conseguirem implementar as exigências de ajuste dos empresários nacionais e do imperialismo.

Assim poderia abrir uma hipótese de uma maior simpatia à possibilidade da Lava Jato seguir se aprofundando e pegando políticos mais centrais, para uma espécie de mãos limpas, que alem de mudar todo o regime, colocaria o Judiciário ainda mais no centro, como sujeito político para implementar os ataques.

Mais esse fato mostra a urgência de uma política independente de qualquer variante patronal e das elites, que fazem parte de um regime político de privilégios. A Lava Jato preserva os corruptos e busca relegitimar o regime dos ricos para a aplicação de mais ataques. Impor uma Assembléia Constituinte pela luta da juventude e dos trabalhadores é a única saída independente dos golpistas e que não trabalha para o retorno do PT, para se enfrentar com esse regime e acabar com os privilégios.




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