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ENTREGANDO TODOS DIREITOS | CUT oferece paz a Bolsonaro: "reforma da previdência alternativa" e oposição "propositiva"

Flavia ValleProfessora, Minas Gerais

Marcello Pablito Trabalhador da USP e membro da Secretaria de Negras, Negros e Combate ao Racismo do Sintusp.

terça-feira 18 de dezembro de 2018 | Edição do dia

Vagner Freitas, presidente da CUT ofereceu uma escandalosa entrevista ao jornal espanhol El País. Nessa entrevista ele escancara como reconhece Bolsonaro e que toda a atuação da maior central sindical do país está pautada em tentar ser uma mera interlocutora, que tenha algum prestígio, que altere um pontinho ou outro enquanto Bolsonaro, Sérgio Moro, Paulo Guedes trucidam cada direito trabalhista e social.

Na entrevista o burocrata, responsável junto a outras centrais em desmarcar a greve geral de 30 de junho de 2017, permitindo que Temer aprovasse – sem luta – a reforma trabalhista, mal consegue se segurar no seu afã de entregar tudo a Bolsonaro. Ele começa se desculpando por ter falado que não reconhecia o governo do ex-militar, e afirmando como sim o reconhece, negando-se a fazer qualquer denúncia, até mesmo do papel do judiciário em garantir sua eleição, primeiro com a prisão e prescrição de Lula, mas inclusive com mil e uma manobras tais como o vazamento da delação de Palocci ou mesmo o roubo de mais de 1 milhão de votos nordestinos com a desculpa da biometria.

Não nada disso importa ao burocrata. Bolsonaro foi eleito e ele tem que negociar com Bolsonaro. Admitamos a razão desta lógica. O que mais ele propõe? “O que queremos fazer é sermos propositivos, fazer uma oposição com proposição.”

E o que se inclui nestas proposições. Algum discurso e panfleto – para constar – contra a privatização de empresas como a Petrobras e uma reforma da previdência alternativa. Diz o burocrata “Não está fechado ainda, mas devemos apresentar uma proposta de Previdência que nós entendemos que seja adequada ao momento que estamos vivendo.”

Essa proposta das centrais sindicais nasceria de um “Encontro Nacional da Classe Trabalhadora” em algum momento do começo do ano que vem.

A CUT prepara qualquer plano de luta para proteger as aposentadorias de milhões? Não. Junto com as demais centrais sindicais, propõe "reformar" o mais importante ataque neoliberal de Bolsonaro. Em outras palavras, Vagner Freitas e o PT propõem serem eles mesmos os autores da reforma da previdência a ser aplicada por Bolsonaro. Uma vergonha sem limites. E qual a razão para se erguerem como "negociadores responsáveis e propositivos" deste enorme ataque? Um só: evitar um enfrentamento sério aos ajustes da extrema direita, impedir que os trabalhadores brasileiros façam como os franceses, que com os métodos da luta de classes fizeram o governo Macron recuar. São entreguistas de todos os nossos direitos e dão governabilidade ao novo regime reacionário que surge. Essa paz social serve aos interesses dessa burocracia, que procura defender seus privilégios sindicais e amenizar atritos com Bolsonaro, os golpistas e o autoritarismo judiciário

Voltemos ao plano da CUT. Até acontecer a reunião onde formularão sua proposta de reforma "alternativa", nenhum plano de luta contra a reforma da previdência, para quando esta reunião da cúpula das centrais, entre aquelas que já apoiam Bolsonaro (como a UGT) que não apoiam mas foram parte importante do golpe institucional (como a Força) e aquelas que tem outro discurso e estão umbilicalmente ligadas ao PT, como a CUT e CTB, e que juntas vão definir qual parte dos direitos dos trabalhadores querem entregar de bandeja para Bolsonaro. Eis um plano coerente de entrega de nossos direitos!




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