Flávia ToledoSão Paulo
quinta-feira 7 de janeiro de 2016 | 00:25
Nos últimos meses de 2015, os estudantes secundaristas de São Paulo deram um grande exemplo de luta e impuseram uma forte derrota ao governo Alckmin, barrando a reorganização escolar e derrubando o secretário de educação. Foi o mais importante ascenso de juventude desde junho de 2013, quando as ruas foram tomadas a partir da luta contra o aumento das passagens de ônibus para R$3,20. Agora, Alckmin e Haddad dão as mãos e aumentam juntos a tarifa para R$3,80, mostrando que realmente querem jogar a crise nas costas dos trabalhadores e da juventude.
Mas os secundaristas mostraram o caminho para vencer os governos, um exemplo que já se espalha pelo país e tem de chegar com tudo nas universidades. Em meio à profunda crise política em que vivemos, com processos de luta estourando em diversos lugares, a juventude tem de entrar em cena junto com os trabalhadores para barrar os ataques e ir por muito mais. É esse o caminho para barrar esse aumento e avançar impondo medidas que garantam o acesso a um transporte de qualidade, já que a tarifa e as condições do transporte atuais também são absurdos, e por isso devemos lutar pela estatização de todo o transporte público sob controle dos trabalhadores e usuários, arrancando-o das mãos da máfia das empresas privadas, e garantindo um transporte de qualidade para todos. Nós, do Centro Acadêmico de Letras da USP, o CAELL, e do Centro Acadêmico de Pedagogia, o CAPPF, entendemos que as entidades estudantis têm o dever de organizar os estudantes para dar ao movimento estudantil a responsabilidade de ser um agente político importante no país. É preciso organizar uma forte resistência aos ataques com a gana de arrancar vitórias, como fizeram os secundaristas.
Fazemos esse chamado a todos os estudantes e demais centros acadêmicos para que estejamos desde o início dessa luta nas ruas, pressionando os governos e dizendo em alto e bom som que não aceitaremos que descarreguem essa crise nas nossas costas!
Veja na íntegra o chamado do CAELL e do CAPPF:
"A tarifa veio quente, os estudantes já estão fervendo!
Estamos passando por um momento efervescente no país. Os governos se aliam aos patrões para atacar a juventude, os trabalhadores, as mulheres, lgbts, negras e negros. Cortam direitos, reduzem a maioridade penal, cortam dinheiro da educação e agora querem aumentar, em São Paulo, o preço do terrível transporte público para R$3,80.
Mas enquanto os ataques vêm, os explorados e oprimidos se levantam para dizer que não aceitarão que a crise caia sobre suas costas. Greves em fábricas, de professores, correios, nas universidades… E agora uma vitória dos secundaristas de São Paulo que barraram a reorganização escolar de Alckmin com sua mobilização que já avança Brasil a dentro.
A luta que está dada agora é contra os aumentos abusivos que tiram do bolso do trabalhador e da juventude pra encher os bolsos dos corruptos das empresas de transporte. Uma luta contra tarifas caríssimas de um transporte que a cada dia está mais precarizado, onde as condições dos passageiros e de trabalho são cada vez piores.
O aumento do custo das passagens serve apenas aos interesses das máfias de transporte que lucram bilhões. À população, é um recado claro: você apenas tem direito a trabalhar ou ir pra sua aula (a única “liberdade” que o passe livre de Haddad te dá). Usufruir da cidade se torna direito para cada vez menos gente.
Mas os últimos meses nos mostraram que, assim como aconteceu em 2013, é possível vencer os governos. Somente a mobilização nas ruas, escolas, locais de trabalho, com a aliança entre a juventude e os trabalhadores é capaz de fazer os governos cederem. Os estudantes têm um papel fundamental nessa luta, que é debater a fundo a questão dos transportes e em que medida ele se relaciona com todos os ataques que estamos sofrendo.
É preciso tomar as ruas, inflamados pelo espírito dos secundaristas, e levantar um novo junho de 2013, um novo novembro de 2015! Chamamos a todos os estudantes a participarem do Primeiro Grande Ato Contra o Aumento da Tarifa, nessa sexta-feira (08/01), com concentração às 17h, no Theatro Municipal. Chamamos também as entidades estudantis a construírem essa importante luta desde antes do início do ano letivo.
CAELL – Gestão Por Isso Me Grito e CAPPF – Gestão Da Lama ao Caos"
