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CALOURADA USP | CA de Letras da USP organiza a recepção para os calouros matriculados pelo SiSU

Nesta sexta foi realizada na USP a primeira matrícula de estudantes através do método SiSU, que seleciona estudantes pela nota do ENEM. No curso de letras, onde atuamos como Juventude às Ruas junto a independentes na atual gestão do Centro Acadêmico, foram 85 estudantes ingressantes, de um total de 850 vagas. O restante delas será distribuída na seleção pela FUVEST, o mais elitista filtro social aplicado em todo o país.

sábado 23 de janeiro de 2016 | 01:00

A recepção foi organizada pelos membros do Centro Acadêmico pensando nos critérios de receptividade, respeito e combatividade. Organizamos turnos para buscar os calouros no metrô para que pudessem chegar com mais facilidade à matrícula.

Elaboramos um material que falava sobre a atual situação de crise da universidade, da educação como um todo que vem a cada ano sofrendo mais cortes pelos governos da ordem, tendo a frente o PT e o PSDB. Organizamos uma confraternização sem trote, para que não houvesse dentro de nosso curso a reprodução da prática ritualística e arcaica utilizada como parte de um ritual de entrada daqueles que furam o filtro social. Organizamos passeios pelo prédio apresentando a estrutura que nos é disponibilizada, que infelizmente conta com problemas de precariedade, falta de acessibilidade, espaços estudantis, trabalho precário e, assim que iniciarem as aulas, salas superlotadas.

O tema do transporte público ganhou força pelo papel que o CA vem tentando cumprir de ajudar a impulsionar uma articulação regional na luta contra o aumento. Antes mesmo de iniciar a matrícula estivemos junto a secundaristas panfletando um material de chamado de apoio à população que frequenta o Terminal do Butantã.

O SiSU democratizou o acesso à universidade?

Vários jovens negros apareceram na fila de matrícula reivindicando sua vaga na USP. Entretanto, apesar das aparências, o SiSU também funciona através de uma seleção hiper elitizada, onde mesmo que o estudante venha de escola pública, a USP determina previamente qual o mínimo de gradação em cada habilidade que “aceitará” em cada um de seus cursos. No caso da Letras, para poder concorrer às 85 vagas o estudante deveria pontuar ao menos 600 (de 1000) em cada habilidade do ENEM, seja de exatas, humanas ou biológicas.

O resultado disso é que apenas aqueles advindos das melhores escolas públicas são agraciados pelas vagas. A visão de uma matrícula mais “democratizada” se dá portanto não porque seja uma mudança de fato profunda, mas porque o método de seleção pelo vestibular é tão elitista que mesmo uma seleção quase tão elitista, já faz diferença uma diferença notável.

No momento da implementação do SiSU na USP, vale lembrar, este veio como resposta à reivindicação do movimento negro de que a USP obedecesse à lei nacional de cotas e disponibilizasse ela também uma quantidade de vagas para cotistas.

Com declarações absurdamente racistas, como a de que com a entrada de negros a universidade seria mais perigosa, a USP respondeu ao movimento negro com o SiSU, e segue ignorando nossas pautas de acesso como as cotas proporcionais à população do estado.

Entretanto, sabemos que o problema do acesso à universidade, seja pela população negra ou branca, só se resolve com o avanço das pautas estudantis para enfrentar os tubarões do ensino, que no caso do brasileiro envolve grandes corporações como a Kroton-Anhanguera, que já é o maior capitalista da educação de todo o mundo.

Enfrentar-se com esses tubarões, exigindo a estatização do ensino superior e de base, lado a lado com os corajosos secundaristas que deram exemplo de defesa da educação pública durante o final do ano passado, garante a educação como prioridade em lugar do lucro e, consequentemente, o direito a que todo jovem possa acessar a universidade sem o filtro social do vestibular ou de suas “máscaras”, como o ENEM.




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