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ATO INTERNACIONALISTA DO PTS NA ARGENTINA | Bregman: "Enquanto muitos falam de diálogo, a direita queima as wiphalas e provoca massacres"

Publicamos aqui trechos da intervenção de Myriam Bregman no ato internacionalista do PTS na Frente Esquerda em Buenos Aires.

domingo 17 de novembro de 2019 | Edição do dia

Companheiros, companheiras, obrigado por estarem aqui. Acabamos de ouvir os camaradas do Chile que estão enfrentando o Macri chileno, o neoliberal Piñera. Também aos camaradas da Bolívia que enfrentam um golpe de estado.

Além disso, nossos companheiros que são membros de nossa organização internacional em diferentes partes do mundo têm participado das manifestações na Catalunha, na França e em muitos outros lugares. E já que citei a França, quero lhes dizer que, em 5 de dezembro, está sendo preparada uma grande greve geral, que no setor ferroviário pode ser por tempo indeterminado; portanto, acompanharemos de perto o que acontece no país que soube dar os Coletes Amarelos.

Os poderosos, a burguesia e "os donos de todas as coisas" são muito claros de que devem se unir. Eles sabem que precisam coordenar a defesa de seus interesses e os saques de suas multinacionais. Assim fizeram nos anos 70, quando seu poder foi desafiado, quando seu domínio foi discutido. Eles organizaram o Plano Condor para sequestrar, torturar, matar e até roubar bebês. O Plano Condor era realmente um terror internacional.

Hoje eles nos dizem que "o mundo mudou". Não é assim, camaradas. Os Estados Unidos ainda estão por trás das tentativas de golpes em toda a região. Embora agora busquem legitimá-los, dar-lhes formas institucionais, eles precisam disfarçá-lo porque temem gerar um rechaço tal que acabem desatando processos revolucionários. Temem que se unam quem desejam desunir, que a classe média, os trabalhadores e os pobres se juntem.

O Departamento de Estado ainda está atrás de operações como Lava Jato, atrás do juiz Moro. Eles e o Comando Sul estão por trás dos planos de instrução da polícia e dos exércitos chamados "planos antiterroristas". Você acha que Patricia Bullrich descobriu sozinha que havia uma conspiração mapuche que estaria devastando o Chile e a Argentina? Não. Isso está planejado no norte, nos Estados Unidos. É por isso que dizemos aqui em voz alta: Santiago Maldonado e Rafael Nahuel, Presente!

E também dizemos Camilo Catrillanca, Presente! Camilo era um jovem líder mapuche, morto pelo Comando Selva de Carabineros, preparado para práticas "antiterroristas". É por isso que hoje neste ato internacionalista queremos lembrá-lo.

Os Estados Unidos não apenas submetem nossos países ao Fundo Monetário, como na Argentina ou no Equador, onde houve uma importante revolta. Também intervém com organizações como a Organização dos Estados Americanos, que mais uma vez demonstraram na Bolívia que, como Che Guevara a chamou, a OEA é um "Ministério das Colônias dos Ianques".

A mesma OEA que se calou diante da Guerra das Malvinas em favor da Inglaterra, que de fato aprovou nos últimos anos o golpe em Honduras, no Paraguai, no Brasil, com a destituição de Dilma Rousseff e a tentativa de golpe na Venezuela. Essa é a OEA com seus mecanismos, mas as potências imperialistas e seus parceiros também têm a ONU. Aqui dizemos: Fora ingleses das Malvinas, Fora Ianques da América Latina!

Quero parar por um minuto em algo que alguns marcaram como contradição. Até fizeram piadas com os pôsteres que, através da Frente de Esquerda, colocamos nas bancadas do Congresso Nacional e nas diferentes legislaturas. Eles nos dizem "Mas como eles podem dizer ’Não ao golpe na Bolívia’ e ’Fora Piñera’? Nos dois casos, se quer romper a ordem constitucional". É muito importante discutirmos em todos os lugares que não estamos confusos.

Na Bolívia, repudiamos o avanço da direita racista, que acaba com todas as conquistas do povo trabalhador. No Chile, por outro lado, defendemos o direito legítimo do povo de se rebelar. Acompanhamos esse poder constituinte que se manifesta nas ruas. Essa mobilização é a única garantia de que haverá uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana que permita varrer toda a herança pinochetista. Cuidado com as armadilhas: o que eles agora chamam de "convenção constitucional" não tem outro propósito senão usar a enorme mobilização, não para um poder constituinte, mas para manter o podrido do regime constituído.

Por isso dizemos com tanto fervor que a direita e o imperialismo são confrontados nas ruas. Eles não entendem de pactos, acordos, diálogos e apelos à paz. Enquanto muitos levantam esse discurso, a direita queima a whipala, ataca as mulheres de pollera ou comete um massacre horrível como o que fizeram ontem em Cochabamba. A única linguagem que entendem é a da luta de classes.

É por isso que é o oposto do que nos dizem em outros lugares da América Latina, mas que aqui também ouvimos muito. Nos dizem que se mobilizarmos, que se formos às ruas, estaremos fazendo o jogo à direita. Que, se lutarmos, teremos de suportar consequências terríveis.

Mas vamos pensar na Argentina por um minuto: quando, após as grandes mobilizações de 2017, se decidiu não enfrentar Macri e que a única saída era eleitoral. O peronismo e a CGT disseram "Há 2019" e é isso, acabou.

Precisamos dizer, porque este presidente domador de raposa que temos, está de férias com impunidade. Mas tudo o que aconteceu de dezembro até aqui é terrível, porque o veio acordo com o Fundo Monetário, que nos endividava, nossos filhos e as gerações futuras. Quem fala sobre esses custos? Quem fala sobre os milhões que caíram abaixo da linha da pobreza de dezembro de 2017 até aqui? Não basta relatar as cifras que a maioria das crianças é pobre na Argentina. Isso tem responsáveis e se decidiu não enfrentar Macri.

Mas Macri, como um bom direitista, continuou avançando. Eles não param, sabem que podem seguir em frente. Toda essa luta não dada teve um custo enorme. É por isso que nos perguntamos: vão dizer a mesma coisa no Chile? Não são 30 pesos, são 30 anos. Devemos suportar mais 30 anos de pinochetismo?

No Brasil, a passividade, a quietude antes do golpe contra Dilma Roussef e a prisão de Lula terminaram com Bolsonaro na casa do governo e que hoje aplica ajustes brutais contra os trabalhadores.

Na Bolívia eles dirão que não há que lutar? Que aqueles companheiros heroicos que saem às ruas, que dão suas vidas para enfrentar a direita e o golpe, estão errados? Não. Companheiros e companheiras, o verdadeiramente utópico é pensar que o FMI, as patronais e os inimigos vão parar sem a força da mobilização. Isso é utópico.

Quero deixar uma reflexão para terminar. O que vemos na América Latina é parte de lutas e revoltas em muitos países do planeta. No Iraque, no Líbano, no Sudão e em Hong Kong. Somos encorajados pela ideia de que algumas dessas revoltas podem ser transformadas em revolução e que a classe trabalhadora e as massas exploradas assumam o poder.

Viva a luta do povo chileno!
Abaixo o golpe na Bolívia!
Obrigado camaradas por estarem aqui hoje!




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