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Bregman: "A força das mulheres irrompe de forma explosiva no mundo"

segunda-feira 21 de novembro de 2016 | Edição do dia

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Companheiros e companheiras,

Que emoção, realmente, ver esse estádio lotado de trabalhadores, de mulheres, de jovens... obrigado, obrigado a todos por estarem aqui!

Acabou de acontecer um terremoto político no coração do capitalismo. Um milionário, profundamente machista, ganhou fazendo demagogia, prometendo empregos para conquistar o voto da classe trabalhadora branca. Mas eu, quero trazer uma outra perspectiva, da outra candidata: Hillary Clinton, que também ganhou fazendo demagogia para ganhar os votos dos afrodescendentes, dos imigrantes e, especialmente, das mulheres. Porém ela não pode esconder que é a candidata das corporações, a candidata de Wall Street... Essa é Hillary Clinton. Porque ambos representam o poder dos capitalistas e por isso dividem os oprimidos. A única forma de unir o que nos divide é enfrentando e derrotando esse poder! Essa é nossa bandeira, esse é nosso horizonte!

Agora, companheiros, companheiras... Há outra notícia no mundo, e esta vai ser boa. A força das mulheres, nossa força, irrompe de forma imprevista, de forma explosiva, em diversas partes do planeta. Na França, em greves por igualdade salarial com os homens, na Polônia milhares em manifestações pelo direito ao aborto, na Argentina as impressionantes mobilizações ao grito de “NiUnaMenos” “VivaNosQueremos”.

Esse exemplo companheiras, se estendeu por toda a América Latina: pelo Chile, pelo México, pela Bolívia, pelo Brasil... E queria destacar um feito histórico para o nosso país: a paralisação do dia 19 de outubro, uma paralisação que surgida de baixo, por reivindicações próprias de nós mulheres. Aqui, nesse estádio de Atlanta, estão muitos dessas companheiras e companheiros que pararam as grandes multinacionais, que pararam LAM, Pepsico, que pararam as operadoras telefônicas... Um aplauso para eles!

E a todas que estamos aqui, queria dizer a vocês que sabemos que o patriarcado, o machismo, acompanham como uma sombra o corpo do capitalismo, porém nós não vamos deixar nenhuma demanda básica das mulheres nas mãos dos políticos e das políticas burguesas que fazem demagogia com nossas reivindicações. Porque lutamos com todas nossas forças por cada demanda das mulheres, por mais básicas que sejam, no que diz respeito a igualdade ou paridade perante a lei. Porque cada luta é um ponto de apoio para conquistar a igualdade real que só se realizará quando derrotarmos o capitalismo.

E também companheiras e companheiros, queria dizer mais uma coisa. Na Argentina de Macri existe uma presa política. Se chama Milagro Sala, e por isso, apesar de nossas profundas diferenças, desde o primeiro minuto temos reivindicado sua liberdade, como reivindicamos também desta tribuna a liberdade para outra série de detidos em Salta.

Companheiras, nós temos que nos organizar. Sabem por que? Porque na Argentina, a cada dia, morre praticamente uma mulher por dia, produto dos brutais feminicídios. Por isso, gritemos bem forte: “Se tocam uma de nós, organizamos milhares!” “Se tocam uma de nós, organizamos milhares!”

E este governo que tanto se orgulha das piores estatísticas, também dissemos que na Argentina, cada dia, morre mais uma mulher fruto dos abortos clandestinos. Porque este governo macrista, como os governos anteriores kirchneristas, se tem negado a resolver as demandas básicas das mulheres, desde os abrigos para as vítimas para violência de gênero, até a igualdade salarial por trabalho igual e as creches nos locais de trabalho. Porque tem muitos que gostam de tirar a foto do “NiUnaMenos” da carteira, porém são os mesmos que a cada dia condenam as mulheres para os piores trabalhos, à miséria e ao desemprego. E, desde esta tribuna, também queremos denunciar a nova ‘centro-esquerda papal’. Esses se colocam como ‘progressistas’, mas se aliam ao vaticano. Não há aliança possível com aqueles que são o centro da oposição ao casamento igualitário e ao direito ao aborto, que seguiremos lutando. Basta de violência contra nossas vidas! Separação já entre a Igreja e o Estado!

Mas companheiras, companheiros... Frente a esse cenário de horror há outra boa notícia. E essa boa notícia se chama Tere Golosito. Um aplauso para Tere. Sabem por que? Porque se nesse sistema todas as instituições são machistas e as mulheres nos sindicatos das mãos da burocracia lutam pelas beiradas, Tere encabeçou uma lista para a comissão interna na multinacional, na Stanley, uma fábrica com mais de 800 companheiros, e ganharam para o benefício de todos os trabalhadores e trabalhadoras! Obrigada Tere. Avante as mulheres trabalhadoras, ai estão nosso futuro!

Companheiros e companheiras, não vamos acabar com a opressão às mulheres, gays, lésbicas, trans, se não acabarmos com o capitalismo. E a classe trabalhadora não vai acabar com o capitalismo se não tomar em suas mãos as demandas de todos os oprimidos, começando pelas mulheres que são a enorme maioria da humanidade e grande parte da classe trabalhadora. Quero compartilhar com vocês uma frase León Trotski que me marcou. León Trotski dizia: “Se queremos transformar a vida, temos que aprender a vê-la com os olhos das mulheres”.

Esses são nossos olhos, essa é nossa visão! Porque nós queremos acabar com essa realidade, queremos organizar uma forte frente! Companheiras, companheiros, os convidamos a colocar de pé a comissão das mulheres em cada bairro, em cada escola, em cada universidade e, especialmente, em cada local de trabalho para arrancar nossos direitos! Companheiras, vamos às ruas neste 25 de novembro o Dia de Luta Contra a Violência Contra as Mulheres! No dia 26 na Marcha do Orgulho Gay, façamos um grande bloco unitário da Frente de Esquerda! Assim nos encontramos: nas ruas! Viva a luta das mulheres! Viva a classe trabalhadora! Viva a Frente de Esquerda!

Tradução: Pâmella Vaz e Douglas Martins




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