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CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO NOS EUA | Brasileiro sobre filho preso em campo de concentração: "Ele chorou e me abraçou muito"

sexta-feira 22 de junho de 2018 | Edição do dia

Desde que foi anunciada a nova política anti-imigratória pela Secretaria de Justiça dos EUA, funcionários do Departamento de Segurança Interna do país estão autorizados a encaminhar os casos de entrada ilegal no território estadunidense para serem processados criminalmente. Muitos dos adultos que cruzam a fronteira dos EUA sem permissão, sobretudo na região do Vale do Rio Grande (Texas), são detidos e separados de seus filhos, revelando a face mais monstruosa da política xenófoba de “tolerância zero” à imigração do governo Trump.

2,3 mil crianças já foram separadas de seus pais, segundo dados da Patrulha da Fronteira dos EUA, e mantidas sob custódia do governo norte-americano em gaiolas de metal e em condições desumanas, enquanto aguardam pelo encaminhamento dos processos criminais. Na noite desta quinta-feira (21), revelou-se que entre elas está o filho de um brasileiro.

Segundo informações do portal G1, o homem de 31 anos, cujo nome não foi revelado, contou em depoimento à agência Associated Press que recentemente perdeu seu emprego na padaria em que trabalhava em Minas Gerais, passando a contrair uma dívida de R$30 mil, a qual não tinha recursos para pagar. Ao ser perseguido por um grupo em cobrança à dívida contraída, o mineiro tomou a decisão de se mudar para os EUA, junto com o filho de 9 anos, em busca de um emprego e melhores condições de vida para sustentar a família que deixou no Brasil.

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Há 26 dias, na tentativa de atravessar a fronteira entre o México e os EUA, próxima à cidade de San Isidro, na Califórnia, ele e o filho foram presos por agentes policiais e encaminhados a um centro de detenção, onde se encontravam detidas muitas outras famílias. Depois de dois dias, pai e filho foram separados sob a alegação de que o menino seria encaminhado a um centro para menores de idade por não mais do que cinco dias. Desde então, o brasileiro afirma que só pôde falar uma vez por telefone com seu filho e que não tem ideia de quando voltará a vê-lo.

Nos últimos dias, têm chegado à imprensa relatos desesperadores sobre as condições deploráveis em que se encontram as milhares de crianças e jovens imigrantes encarcerados, em sua maioria latinos e negros fugindo das condições de vida miseráveis de seus países, impostas pela política de saque de países imperialistas. Autoridades imigratórias tratam com assédio e deboche os gritos das crianças detidas, às quais é oferecida alimentação precária. Não obstante, a Oficina de Assistência dos Refugiados (ORR) vem aplicando de maneira forçada nos menores doses de psicotrópicos, cujos efeitos colaterais podem causar aumento brusco de peso e incapacidade de locomoção.

A monstruosidade desta situação demonstra a urgência da crise imigratória, que nunca foi novidade dentro de um sistema econômico decadente que força massas trabalhadoras dos países semicoloniais e periféricos a abandonarem suas casas, suas famílias e seus países em busca de melhores condições de vida. Em momentos de agravamento da crise econômica mundial, esse fenômeno tende a se aprofundar. Países imperialistas como os europeus e os EUA não medem esforços para colocar em curso políticas imigratórias xenófobas, afim de proteger seus interesses nacionalistas e manter seu mecanismo de saque aos países pobres e semicoloniais, historicamente explorados e eternamente devedores de uma dívida pública fraudulenta. A brutalidade destinada às crianças imigrantes escancara a completa falência do capitalismo, sustentado na exploração do trabalho, na miséria e na barbárie humana, em troco da manutenção do lucro de alguns poucos.




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