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DESEMPREGO | Brasil fecha 1,54 milhão de vagas formais em 2015, pior resultado em décadas

As demissões superaram as contratações em 1,54 milhão de vagas formais em todo ano passado, informou o Ministério do Trabalho nesta quinta-feira (21) com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

sexta-feira 22 de janeiro de 2016 | 00:00

O resultado de 2015 é o pior resultado para um ano da série histórica do ministério, que tem início em 2002, considerando ajustes. Na série sem ajustes, é o pior desempenho desde 1992, quando teve início a contabilização dos empregos formais pelo governo, segundo números do Ministério do Trabalho. Com isso, trata-se do pior resultado em 24 anos.

O fechamento de vagas aconteceu em meio à forte queda do nível de atividade da economia, com a economia em recessão, e disparada da inflação – que ficou em 10,67% em 2015, o maior patamar em 13 anos. No último ano, também houve aumento de vários tributos por parte do governo.

"2015 foi um ano difícil. Não é um resultado bom. Tivemos redução de empregos e da média de salários de admissão, mas as conquistas dos últimos anos estão preservadas pois o estoque de empregos continua alto. Queremos recuperar a geração de empregos", declarou o ministro do Trabalho e da Previdência, Miguel Rossetto.

O cinismo da declaração do ministro petista é que para nenhum ministro, deputado, juiz ou senador o ano de "2015 foi difícil". Estes altos funcionários faturaram salários milionários para garantir a aplicação à risca dos ajustes (chegando a serem parabenizados por chefes banqueiros como Setúbal do Itaú e Trabuco do Bradesco), enquanto os trabalhadores na indústria, no comércio e nos serviços amargam profundas taxas de desemprego, que podem ultrapassar 10% já no primeiro trimestre. O que fariam se todo político ou funcionário de alto escalão ganhasse o mesmo que um trabalhador, sendo revogáveis caso descumpram promessas como a de "diminuir o desemprego"?

Os dados mais recentes mostram que, de janeiro a novembro de 2015, foram destruídos 945 mil vagas formais —revertendo a tendência de alta verificada de 2002 a 2014. A indústria concentrou 44% da perda, seguida pela construção civil. Comércio e serviços juntos responderam por 30% das vagas fechadas.

De acordo com os números do governo, quase todos os setores da economia demitiram no ano passado, com exceção da agricultura. A indústria de transformação foi o setor que mais demitiu trabalhadores com carteira assinada no ano passado, com 608 mil demissões, seguida pela construção civil (-416 mil vagas).

A presidente Dilma Rousseff diz que, atualmente, todo o esforço do governo federal está voltado para impedir que o desemprego se eleve ainda mais. Deveríamos, portanto, desconsiderar a incompatibilidade entre o que o governo do PT faz, pesados ajustes que facilitam as demissões pelos empresários, e os "esforços para não elevar o desemprego". O PT trata de arranjar-se à sua maneira: a burocracia sindical da CUT e da CTB paralisa e isola cada uma das lutas operárias contra as demissões, e em troca disso apresenta o PPE (diminuição da jornada com diminuição salarial), além de se unir às patronais para defender a redução dos juros e a lei que libera as empresas envolvidas em corrupção de serem punidas.

Precisamos de um plano coordenado de lutas, exigindo o fim imediato das demissões, a reversão das demissões e lay-offs já impostos, a abertura dos livros de contabilidade de todas as empresas para mostrar para toda a população a falácia do discurso capitalista sobre a crise. Devemos nos dirigir desde a CSP-Conlutas às bases das centrais sindicais da CUT e CTB para exigirmos juntos que suas direções saiam de sua paralisia completa e organizem ações comuns de enfrentamento contra os ajustes nas fábricas. O PSOL, ao contrário do que vem fazendo, precisa utilizar suas bancadas parlamentares para defender os postos de trabalho e denunciar as manobras patronais, com projetos de lei que impeçam as demissões, como os deputados classistas do PTS na Frente de Esquerda e dos Trabalhadores na Argentina fazem. Estas ações de frente única operária são vitais para que barremos os ataques com os métodos da luta de classes e que emerja um sujeito político independente dos trabalhadores.




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