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DESIGUALDADE AUMENTA NO BRASIL | Brasil é o 10˚ país mais desigual do mundo. O capitalismo segue seu curso de miséria

Até mesmo a ONU, órgão imperialista insuspeito de ser de esquerda, apontou por meio de seu índice de desenvolvimento social: a crise capitalista afunda o Brasil em uma mar de desigualdade, em que são os mais pobres os que pagam pelos custos de uma crise criada pelos patrões e seus governos. Até quando suportaremos sobre nossas costas um sistema social de miséria e barbárie?

quarta-feira 22 de março de 2017 | Edição do dia

A Organização das Nações Unidas (ONU), é muitas vezes vista pelo senso comum como um organismo multilateral que realiza ações de solidariedade e humanitarismo nos diferentes países para ajudar os mais pobres. A instituição criou seus braços “humanitários”, como a Unicef, especificamente com esse propósito.

Na realidade, trata-se de uma agência do imperialismo, em que países como EUA e seus sócios maiores no capitalismo global detém um imenso poder, e países mais pobres se encontram em completa subordinação. Foi responsável pelo reconhecimento do Estado de Israel, que segue desde 1947 massacrando e oprimindo o povo palestino; é responsável também – com o Brasil à cabeça – pela monstruosa ocupação do Haiti feita pelas suas tropas (a MINUSTAH), que desde 2004 impõe uma brutalidade militar ao heroico povo que protagonizou a primeira revolução negra na história. Fiquemos apenas com esses dois entre as centenas de feitos “humanitários” da ONU.

Pois é essa agência imperialista que com seu Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) faz levantamentos que atestam o “desenvolvimento humano” das nações. Em que pese as divergências que se possa ter com os critérios do seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), ele mede algumas questões fundamentais para o direito social de qualquer população: acesso à educação, saúde e renda, por exemplo.

A divulgação do mais recente resultado, nessa terça-feira, 21, que se refere ao ano de 2015, traz alguns elementos novos sobre o Brasil. Dentre as 188 nações em que é feito o levantamento, o país ficou em 79º lugar e com sua nota estagnada em 0,754 (o índice atribui uma nota que vai de 0 a 1, com o resultado melhor sendo 1. O país com maior IDH hoje é a Noruega, com 0,949). O índice é considerado “elevado” pela ONU, e foi o primeiro ano, desde que o levantamento é feito (1990), que o país não subiu seu índice.

A desigualdade social cresce, afetando sobretudo mulheres e negros, LGBTs e imigrantes

Mas o desenvolvimento humano – do ponto de vista do que é considerado por uma agência imperialista – não está estagnado no país: ele está em franco retrocesso. Se no índice geral permaneceu estagnado, quando se leva em consideração a desigualdade social, o país caiu 19 posições. De acordo com o Coeficiente de Gini, que mede a desigualdade de renda, o Brasil é o décimo colocado em todo o globo terrestre. O abismo social que relega a maior parte da população à miséria, cresce.
A desigualdade, quando considerada com recorte de gênero é raça, é ainda mais absurda: a renda das mulheres, dos negros, e em especial das mulheres negras, é muito inferior à dos homens. No índice de desigualdade de gênero, o país ocupa a posição 92 entre 159.

No Brasil, a população LGBT, e em particular a população trans – que conta com uma expectativa de vida de 35 anos, um fato monstruoso – é das mais prejudicadas por essa sociedade de miséria.

Os imigrantes haitianos, que em nosso país vivem em uma situação absurda, em condições de vida completamente precárias, representam a realidade de milhões de imigrantes no mundo. São esses os principais afetados por um sistema em que o lucro de um punhado de parasitas significa a miséria de milhões.

O que havia melhorado voltou a piorar?

A desigualdade está pior. Isso não quer dizer que em qualquer momento ela foi sanada ou nem sequer algo remotamente próximo disso. O que ocorre é que, em anos de crescimento, governos capitalistas puderam garantir lucros astronômicos para empresários e banqueiros (como, aliás, muito se orgulhava de dizer Lula, falando que “nunca na história desse país” eles ganharam tanto dinheiro) e ainda assim, do banquete dos capitalistas, caíam migalhas suficientes para melhorar minimamente as condições de vida. Reajustes salariais ligeiramente acima da inflação, programas de renda como o Bolsa Família, aumento do consumo baseado em crédito muito farto (e nada barato) mesmo para os trabalhadores de baixa renda. A alta do preço das commodities – produtos de exportação preferenciais do Brasil – acompanhadas por um crescimento desse setor que significou, de fato, uma desindustrialização do país; as altas taxas de juros para atrair o capital especulativo de todas as partes do mundo: esses foram os “pés de barro” que sustentaram o crescimento econômico.

Se vendeu aos trabalhadores e ao povo pobre uma ilusão: hoje você está pobre, numa situação precária; mas está melhor que seus pais, e seus filhos estão melhor do que você. Ele pode ir pra universidade por meio de um FIES ou PROUNI, e amanhã vai ter um emprego melhor, mais renda. A televisão de plasma, o smartphone que mesmo os trabalhadores com menor renda podiam comprar a prazo, eram parte dessa mentira que nos vendiam. A taxa mais baixa de desemprego, mesmo que a custa do aumento da terceirização, também sustentava esse sonho. Basicamente, a ideia era: aos poucos, tudo vai melhorar. Inclusive, o relatório da ONU continua vendendo essa mentira, por exemplo, com o vídeo divulgando os resultados em que procura mostrar uma linha reta evolutiva no tempo em que “só precisa” melhorar a desigualdade.

O índice divulgado pela ONU, referente a 2015 (ainda não pegando o catastrófico ano de 2016), expressa o ruir dessa mentira que os capitalistas e seus governos nos contaram. Com a crise, os patrões atacam: nossos salários, nossos empregos, nossa educação, nossas aposentadorias, nossos direitos trabalhistas. A “melhora gradual e contínua” era uma farsa para que nenhum trabalhador incomodasse os patrões enquanto suas taxas de lucro disparavam, batiam todos os recordes. Agora, na crise, eles continuam lucrando, continuam milionários; mas os trabalhadores tem a corda colocada no seu pescoço. Se depender dos patrões, nós iremos pagar pela crise que eles criaram com sua sede infindável de lucros. E eles, continuarão ricos.

O aumento da desigualdade no Brasil mostrado pelo IDH da ONU é só um ligeiro levantar da cortina que esconde a podridão do capitalismo e dos ataques que eles nos preparam. A nós, os explorados e oprimidos, só resta uma alternativa: nos organizarmos para lutar contra essa sociedade miserável. Ou acabamos com o capitalismo, ou o capitalismo e sua eterna desigualdade acabam conosco.




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