Bolsonaro arrota xenofobia e preconceito de classe durante live semanal.
sexta-feira 4 de fevereiro de 2022 | Edição do dia
Durante sua maldita live de quinta, onde o presidente da república arrota barbaridades semanais, a última vítima de preconceito foi o povo nordestino em seu conjunto. Ao perguntar sobre o estado natal de Padre Cícero, Bolsonaro diz “tá cheio de pau de arara aqui e não sabem que cidade fica Padre Cícero?”
Há pelo menos dois tipos de pau de arara na língua portuguesa, ambos já utilizados por Bolsonaro de forma obscena. O pau de arara que Bolsonaro fez referência em sua live é o dos caminhões que transportam passageiros como carga. As imagens de retirantes nordestinos abarrotados nas carrocerias de caminhões, para atravessar o país em busca de emprego e melhores condições de vida, ou fugindo da fome e da seca, marcaram décadas da história nacional. Quantas famílias, que hoje fazem sua vida no estado de São Paulo, por exemplo, tiveram antepassados que tiveram que subir no pau de arara? Símbolo migração violenta, o pau de arara não é motivo de piada.
A expressão de Bolsonaro é preconceituosa, não só com quem nasce em estados do nordeste ou cuja família nasceu, como com os pobres que em dado momento da vida foram obrigados a atravessar quilômetros, com fome, no pau de arara. O jumento combina xenofobia e preconceito de classe ao mesmo tempo, com direito ao risinho típico do reacionário.
O segundo pau de arara, também já utilizado por Bolsonaro em 2019, é referente ao instrumento de tortura que os militares utilizavam frequentemente durante o período da ditadura. Na época, Bolsonaro disse que “colocaria no pau de arara” ministro que fosse pego em corrupção. Pau de arara no dos outros é refresco, pelo visto, pois seus filhos, sua esposa, seus amigos, vários ministros, e a pessoa em si, já sofreram denúncias das mais variadas de corrupcão, da rachadinha à rachadona, passando pelo caixa 2 e por aí vai.
Xenofobia e apologia à tortura, com requintes de crueldade, em menos de 1 minuto. Só mais uma live de quinta do capitão que preside o país.
