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Bolsonaro quer manter ex-consultor do FMI, parte do governo golpista de Temer, no Banco Central

Douglas SilvaProfessor de Sociologia

quarta-feira 26 de setembro de 2018 | Edição do dia

Paulo Guedes, guru econômico de Bolsonaro, que já havia sinalizado o interesse em manter parte da equipe golpista de Michel Temer num eventual governo do capitão reacionário do PSL, sinaliza agora, mais uma vez, o interesse em manter como presidente do Banco Central, o ex-consultor do Banco Mundial e do FMI, Ilan Goldfajn.

Goldfajn, que tem um currículo de peso entre instituições financeiras apoiadoras do golpe e defensora dos ataques contra os trabalhadores, foi indicado pelo banqueiro, também candidato à presidência, Henrique Meirelles, em 2016.

O presidente do BC foi consultor do mesmo órgão - o FMI - que hoje exige duros ajustes contra os trabalhadores e o povo pobre na Argentina de Macri, que no dia de ontem (25) se levantou numaforte paralisação nacional contra os ataques exigidos pelo imperialismo e protagonizado pelo presidente argentino.

O que quer Bolsonaro e Paulo Guedes com Goldfajn?

Bolsonaro, que já bateu continência, literalmente, à bandeira dos Estados Unidos, para garantir os ataques contra os trabalhadores, busca o máximo de estabilidade e confiança dos setores do mercado e finanças que ainda não fecharam em uníssono um apoio ao capitão reformado.

Como sinalização aos bancos e demais setores capitalistas, Bolsonaro aponta manter o ex-consultor do FMI no BC e - vai mais longe - indica a intenção em tornar fixo os mandatos de quatro anos para autoridades monetárias. Em outras palavras, oferece aos capitalistas a “poltrona de ouro” do BC sem questionamentos.

Do outro lado da disputa pelo Planalto, Haddad, que já ofereceu diversos acenos ao mercado, também sinalizou a possível permanência de Goldfajn no BC. O candidato do PT encontrou duas vezes para falar sobre economia e o sistema bancário com o atual presidente do BC do governo golpista de Temer, dando mais uma demonstração da disposição em consolidar um discurso mais pró mercado e garantir um eventual apoio das alas golpistas e capitalistas na consolidação do novo “pacto nacional”.

Contudo, o que se apresenta é a busca em garantir os ataques contra os trabalhadores, sinalizando, ambos candidatos a sua maneira, a necessidade de uma reforma da Previdência, o pagamento fiel da dívida pública e garantir que não sejam eles, os capitalistas, a pagarem pela crise.

Bolsonaro, que tem mais semelhanças com Temer do que a alta taxa de rejeição de ambos, é quem representa a continuidade dos ataques promovidos pelo governo golpista, sinalizando, inclusive, a permanência de ministros do atual governo para garantir todas as reformas exigidas pelos capitalistas, bem como a reforma da Previdência encarada com prioridade pelo candidato do PSL.

Em resposta a isso, nessas eleições manipuladas pelo judiciário e apoiada pela crescente politização das Forças Armadas, nenhuma ilusão num “mal menor”, que “vende a alma para o diabo” do mercado, pode representar uma alternativa real contra a extrema direita representada por Bolsonaro. Não será compactuando com os golpistas e capitalistas, como vem fazendo o PT, que iremos derrotar a extrema direita. Nem será com este pacto, que mantém viva a reforma da Previdência e a aliança com os golpistas, como Goldfajn, que faremos os capitalistas pagarem pela crise.

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