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O AGRONEGÓCIO AGRADECE | Bolsonaro quer desviar mais R$ 1,4 bi do MEC para agradar o Exército e o agronegócio

Bolsonaro propôs ao Congresso mais um corte de R$ 1,4 bilhão nos recursos do Ministério da Educação para distribuí-los aos ministérios comandados pelos militares, também a ministérios como o do Desenvolvimento regional e o da Agricultura, que servem ao agronegócio.

Mateus CastorCientista Social (USP), professor e estudante de História

sábado 3 de outubro de 2020 | Edição do dia

Tal desvio de verbas é possibilitado pela aproximação entre Bolsonaro e o centrão dos velhos políticos da elite brasileira, muitos deles ligados ao grande latifúndio, que veem nessa aliança uma oportunidade de aumentar seus lucros. O MEC já havia sido alvo do maior corte para redistribuição de verbas, de cerca de R$ 6,118 bilhões de reais.

O objetivo de Bolsonaro e dos militares da cúpula do governo é servir ao grande capital concentrado no agronegócio brasileiro, através de obras que sirvam ao escoamento e todo logística que envolve a produção bilionária de soja e boi, lucros estes que ficam na mão de um punhado de donos de latifúndios enquanto a população enfrenta o aumento de preços de alimentos e insumos básicos, como o arroz, o auxílio emergencial sendo cortado pela metade e o desemprego em crescimento.

O Ministério do Desenvolvimento Regional, comandado por Rogério Marinho que agora sempre acompanha Bolsonaro nos vídeos onde este inaugura novas obras pelo Nordeste, é o que recebe a maior quantia, R$ 2,3 bilhões. A Infraestrutura do capitão de reserva Tarcísio Gomes de Freitas receberá R$ 1,06 bilhões. O restante dos bilhões será dividido entre a Agricultura e outros dois ministérios de militares, Minas e Energia e a Saúde.

A relocação, que nada mais é que um desvio de verbas legalizado pelos poderes autoritários e golpistas do Congresso e do Governo de Bolsonaro, é o primeiro passo do Plano Pró-Brasil, idealizado pelos militares e apresentado na primeira metade do ano pelo chefe da Casa Civil e general da ativa, Braga Netto.

O projeto na época havia entrado em atrito com a agenda ultra neoliberal de Paulo Guedes, porém, com os resultados positivos na popularidade de Bolsonaro através do auxílio emergencial e o enfraquecimento de Paulo Guedes como “super ministro” nesta pandemia e crise, o projeto Pró-Brasil, que agrada mais ao centrão da câmara ligado ao grande latifúndio, demonstra ganhar força e conquista os seus primeiros bilhões para ser executado. A Economia teve uma redução de R$ 615,6 milhões em seus recursos.

A simultaneidade entre a devastação ambiental que assola o Pantanal e a Amazônia neste momento e a rearticulação de verbas para ministérios tão estratégicos para o avanço territorial e logístico do agronegócio pelo país não é uma coincidência. O governo Bolsonaro utiliza-se de todas as ferramentas e recursos sujos para satisfazer os interesses dos latifundiários da soja e do boi, seja através de Salles que a todo momento toma medidas para beneficiar a destruição dos biomas brasileiros para serem invadidos pelo grande latifúndio ou Mourão, até a cumplicidade do Exército com o desmatamento, grilagem e incêndios criminosos. O desvio de verbas da Educação para estes ministérios faz parte também do objetivo de “passar a boiada”.




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