No primeiro pronunciamento após o resultado das eleições no primeiro turno, o ultra direitista Jair Bolsonaro, acompanhado de seu guru neoliberal Paulo Guedes, faz acenos claríssimos aos interesses do mercado e do capital imperialista sobre a privatização das estatais brasileiras. Declarando que “de aproximadamente 150 estatais no primeiro ano, no mínimo, 50 nós privatizamos ou simplesmente extinguimos."
segunda-feira 8 de outubro de 2018 | Edição do dia
Uma sinalização clara ao mercado, que nos últimos dias exigia garantias de que o programa neoliberal defendido por Paulo Guedes seria levado adiante pelo candidato do PSL. Bolsonaro também deu um aceno claro ao presidente dos EUA, Donald Trump, que essa semana ameaçou o Brasil criticando a suposta dureza brasileira nas relações comerciais com os EUA. Sem citar o presidente americano, Bolsonaro declarou que “vamos nos aproximar das grandes nações, vamos fazer uma política externa sem o viés ideológico”. O que implicitamente significa subordinar ainda mais a política externa brasileira aos interesses imperialistas.
O discurso foi repleto de muita demagogia tentando diminuir o peso de todas as suas declarações racistas, machistas e lgbtfóbicas. Frente a polarização que toma conta do país, tentou sua base de ultra direita, colocando o PT e a esquerda como os grandes vilões responsáveis pela crise capitalista e se alçando como a saída que vai salvar o país. Destacou também sua aproximação com a maioria dos deputados em Brasília, e os mais de 300 apoios da bancada parlamentar, que lhe permitiria ter a segurança para governar e aplicar os ataques.
Enquanto a cada dia fica mais claro como a seletividade da operação Lava Jato, ao contrário de combater a corrupção inerente ao sistema capitalista, veio para escolher o candidato que vai implementar as reformas e o programa de ajustes do sistema capitalista, manipulando abertamente as informações a serviço de dar continuidade do golpismo, Bolsonaro declarou abertamente seu apoio a essa operação, “o nosso juiz Sérgio Moro não vai ser jogado na lata do lixo”.
A estratégia petista de canalizar a força da classe trabalhadora e da juventude para uma via eleitoral já mostrou sua impotência para enfrentar com essa extrema direita que a cada dia se fortalece com um discurso e práticas radicais contra a esquerda e os setores progressistas. A ideia de renovar um pacto com os mesmos golpistas, como o PT voltou a sinalizar logo após o resultado do primeiro turno, sendo que foram esses mesmos golpistas que abriram o espaço para que Bolsonaro e a extrema direita se fortalecesse não pode ser nossa alternativa frente a essas eleições manipuladas.
Para combater essa extrema direita que odeia os trabalhadores, as mulheres, os LGBTs, os negros e indígenas, é preciso nos organizar desde cada local de trabalho e estudo, construindo uma grande força anticapitalista, capaz de fazer pela via da luta de classes com que sejam os capitalistas aqueles que paguem por essa crise.