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EFEITOS DA CRISE NA ECONOMIA CHINESA | Bolsas mundiais despencam com forte queda nas bolsas chinesas, no Brasil: dólar passa dos R$4,00

terça-feira 5 de janeiro de 2016 | 00:00

Nesta segunda-feira, primeiro dia útil de 2016, as bolsas mundiais fecharam suas negociações em queda influenciadas pela suspensão das cotações (circuit breaker) na bolsa chinesa, após forte queda de quase 7%, foi a primeira vez que esta medida foi adotada pelo governo. O principal índice chinês de Xangai atingiu a maior queda percentual desde 25 de agosto do ano passado ( que gerou naquele momento um colapso nas bolsas mundiais), outro importante índice de ações do país, o índice Shenzhen, também caiu 8,2%.

O que penalizou as ações, segundo os analistas, foi o recuo do índice de atividade dos gerentes de compra (PMI) do setor industrial da China, medido pela Caixin, que recuou para 48,2 em dezembro, de 48,6 em novembro, o décimo mês consecutivo de leitura baixo da linha dos 50,0 pontos. Também teriam pressionado o recuo, o provável fim - na próxima semana - de uma proibição de vendas a descoberto de ações, imposta em julho do ano passado, e a paridade do iuan com o dólar a 6,5032, fixada pelo governo, o nível mais fraco para a moeda local desde 2011. Para alguns profissionais, isso abriu espaço para uma antecipação de vendas de papéis de empresas nesta segunda, o que fez as bolsas chinesas despencarem.

Efeitos mundiais

O recuo das bolsas chinesas varreu o globo. As bolsas europeias terminaram com perdas expressivas principalmente na bolsa alemã, que fechou em queda de 4,28%, aos 10.283,44 pontos. Nos EUA, as bolsas trabalharam em queda superior a 2% praticamente o dia todo e, às 18h07, os índices perderam 2,38% (Dow), 2,34% (S&P) e 2,84% (Nasdaq).

O petróleo, que pela manhã subia por causa do conflito entre Arábia Saudita e Irã, passou a cair à tarde com o aumento dos estoques no centro de distribuição em Cushing. O contrato do petróleo para fevereiro na Nymex perdeu 0,75%, a US$ 36,76 o barril.

Impactos no Brasil

A bolsa de valores brasileira, Bovespa, iniciou 2016 em baixa devido aos efeitos globais da queda na bolsa chinesa. O principal índice doméstico voltou a níveis de abril de 2009, ano em que o Brasil mais sentiu os efeitos da crise econômica mundial de 2008. O Ibovespa terminou esta segunda-feira, 4, em baixa de 2,79%, aos 42.141,03 pontos, menor patamar desde 1º de abril de 2009 (41 976,33 pontos).

Ações de bancos e financeiras caíram, assim como, as ações das empresas mineradoras e siderúrgicas como a Vale, empresas diretamente afetadas pelo desempenho da China. Em 2015, o preço do minério de ferro, por exemplo, acumulou queda de quase 40%, devido aos efeitos da retração no crescimento da economia chinesa.

Dólar inicia 2016 a R$4,00

O noticiário negativo vindo da China, somado às preocupações com a economia brasileira, fez o dólar voltar a superar os R$ 4,00 neste primeiro dia útil de 2016. A moeda americana à vista terminou a sessão desta segunda-feira, 4, cotada aos R$ 4,0344, em alta de 1,88%, em sintonia com o avanço do dólar ante praticamente todas as demais moedas mundiais.

Como desenvolvemos aqui, a valorização do dólar traz efeitos negativos para o bolso dos trabalhadores, com impactos na inflação de preços e serviços, sendo mais uma forma de ajuste da economia em momentos de crise, nos quais os empresários buscam válvulas de escape, dentre elas o aumento de exportações frente à queda no consumo interno. E ainda apresenta outra consequência: o crescimento do custo da dívida externa (em dólares).

O que está por trás desta nova queda da bolsa chinesa?

O Esquerda Diário tem apresentado diversas análises sobre os rumos da economia chinesa no quadro da crise econômica mundial, principalmente após as várias quedas da bolsa chinesa que vêm acontecendo desde julho de 2015 e das desvalorizações da moeda chinesa impulsionadas pelo governo do país. Apontamos que este processo é um sintoma de profundas contradições na economia chinesa que foi o motor do crescimento global dos preços das matérias-primas nos últimos 10 anos. O que se expressa é o choque entre um “modelo exportador” que já não pode sustentar-se e um “modelo de mercado interno” que está longe de consolidar-se. À mesma contradição leva a uma diminuição do crescimento da economia chinesa e as tentativas de liberalizar o yuan buscando que sua moeda ocupe um lugar de paridade com as principais moedas dos países imperialistas como o dólar, o euro, a moeda japonesa e a libra esterlina.

Estas contradições da economia chinesa criadas pelo governo burocrático do país, trazem duas consequências: a China deixa de ser o lugar de atração por excelência de capitais que foi durante os últimos 15 anos aproximadamente, e pelo outro, o país, perde a capacidade de demanda que representou um contrapeso à debilidade de crescimento da economia mundial desde a crise de 2008, veja mais aqui e aqui.

Esquerda Diário com informações da Agência Estado.




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