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#BlackLivesMatter nas Olimpíadas

Com tão somente 16 anos esta mulher fez história em uma piscina olímpica, na quinta-feira passada. Ficou, junto à canadense Penny Oleksiak, no pódio número um com uma marca de 52 segundos. Faz história por ser a primeira afro-americana a chegar a este posto em uma das instituições mais racistas dos Estados Unidos: a piscina.

segunda-feira 15 de agosto de 2016 | Edição do dia

No passado as pessoas negras não podiam ter acesso às piscinas nem às praias públicas, e é por isso que 70 por cento dos afro-americanos não sabe nadar. A natação como esporte foi reconhecida nos anos 1950 e 1960, plena época de segregação racial. Um dos motivos que explica que a maior quantidade de nadadores representantes dos Estados Unidos sejam brancos.

#BlackGirlsSwimFast

Simone, ao sair da prova, fez declarações a favor dos direitos da comunidade afro-americana e contra a brutalidade policial. Mark Anthony Neal, reconhecido intelectual da comunidade negra, tuitou #BlackGirlsSwimFast para comemorar. A hashtag #BlackGirlMagic também teve importante repercussão nas redes.

Simone Manuel disse que sua vitória foi muito especial no contexto dos problemas raciais em curso que existem em seu país: “Significa muito, pelo que está acontecendo no mundo hoje em dia com o tema da brutalidade policial”. “Esta vitória traz a esperança de que algumas coisas mudem. Minha cor simplesmente vem com o território de onde provenho”.

Disse que não se sentia bem com a menção de “nadadora negra”, indicando que “esta referência sugere que não devo ganhar ouros ou quebrar recordes, o que não é verdade, porque treino duro e quero ganhar como todos os outros”.

Para finalizar tomou o legado de sua comunidade e disse que era algo pelo que vinha lutando muito, “Ao entrar na carreira tratei de colocar o peso da comunidade negra sobre meus ombros, é algo que levo comigo e quero ser uma fonte de inspiração”.

Novamente a questão negra nos Jogos Olímpicos

Em um mundo convulsionado pelos fenômenos políticos à esquerda e à direita, era previsível que algo disto aparecesse nos Jogos do Rio 2016, e foi assim. Simone se pronunciou denunciando a polícia responsável pelos assassinatos racistas que ocorrem diariamente nos Estados Unidos.

Esta ação nos traz a lembrança dos corredores Tommie Smith e John Carlos, que nos Jogos Olímpicos de 1968 no México subiram ao pódio e com uma mostra de orgulho afro-americano e homenageando os trabalhadores, os assassinados e os marginalizados, levantaram seus punhos envoltos em uma luva preta imitando a saudação do Partido das Panteras Negras.

Leia mais: Olimpíadas: uma história repleta de racismo

As competições do atletismo começaram na sexta-feira e se estendem até o último dia com a maratona masculina. Nesta competição os atletas e as atletas de origem negra são os melhores. Veremos se algum deles novamente nos surpreende com algum acontecimento que denuncie a repressão contra sua comunidade.

Tradução: Francisco Marques




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