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FIM DA GREVE BANCÁRIA | Bancários mostraram força e tiveram conquistas, mas CUT e aliados impediram avançar mais

Bancários retornam ao trabalho com a garantia da reposição da inflação no salário (10%) e alguma recuperação do poder de compra dos vales refeição e alimentação (14%)

Após 21 dias de uma greve que iniciou com uma força maior que a de todos os últimos anos, e que não deixou de se fortalecer dia após dia, os bancários retornam ao trabalho nesta terça-feira.

Do ponto de vista da conjuntura econômica geral, em que muitas categorias estão sendo empurradas para o arrocho salarial, cortes de direitos e benefícios, enfrentando o terrorismo patronal com as demissões em massa em alguns setores, o acordo foi claramente positivo. A força da greve, que contou com adesão maciça da categoria como um todo, num movimento provavelmente sem precedentes na última década, impediu a tentativa inicial da patronal de impor o arrocho salarial diretamente, com um eventual acordo abaixo da inflação, usando para isso o patamar inicial de 5,5% de reajuste, como forma de assustar a categoria.

De outro ponto de vista, porém, fica claro que o movimento poderia ter ido por mais. Numa dinâmica claramente ascendente mesmo no limiar da terceira semana de greve, a luta dos bancários tinha todas as condições para seguir adiante até infligir um golpe frontal ao plano de ajuste do governo Dilma e da patronal, que tentam descarregar a crise sobre as costas dos trabalhadores. Conquistar um aumento de fato acima da inflação, seria uma sinalização clara e um impulso para que nenhuma outra categoria aceite acordos abaixo da inflação, ou pioras nas condições de trabalho e de vida.

O papel traidor do Sindicato dos Bancários de SP, assim como das outras direções em nível nacional vinculadas à CUT, CTB e adjacências, foi decisivo para que a greve tivesse esse desfecho.

Veja no vídeo do momento em que sindicato claramente impõe o fim de greve contra a categoria

De um lado, essas direções, ligadas ao governo e conciliadoras com a patronal, não tiveram capacidade nem vontade para levar até o final um verdadeiro enfrentamento contra os banqueiros, para barrar de fato o arrocho. Por outro lado, foram empurradas a levar à frente uma greve de 20 dias, devido à intransigência de um setor que bate recordes atrás de recordes de lucro, apesar de todo discurso sobre a “crise econômica”.

No seu discurso, a burocracia cutista teve que dizer que a greve tinha chegado ao limite, e que daqui para a frente existiria o risco de retroceder do que já foi conquistado. Mas isso é uma clara falácia. Quem esteve no dia a dia da greve pôde vivenciar a experiência de um movimento que apenas se fortaleceu dia a dia, com adesão de novos setores chegando até os cargos comissionados, em particular no Banco do Brasil.

Nos bancos privados, é fato que o Sindicato desde o início da greve teve que paralisar diversas concentrações importantes, tanto para “mostrar serviço” para a base, como para apontar algum nível de resistência compatível com a ofensiva patronal expressa na proposta inicial dos 5,5%. Porém um único dado mostra o quanto estávamos longe de atingir o limite do movimento: no quadro de uma greve mais forte que a de todos os últimos anos, não houve paralisação na matriz do Bradesco em Osasco, a Cidade de Deus, que foi paralisada ano passado num contexto de menor adesão à greve nos bancos privados.

Esse exemplo, ao lado de muitos outros, mostra que ainda havia muito terreno para que a greve seguisse se fortalecendo, e fornece um fundamento a mais para a firme conclusão da Oposição Bancária, e em particular do movimento Nossa Classe e do MRT (veja abaixo o panfleto distribuído na assembléia), de que é preciso construir uma grande força militante na base da categoria, inclusive nos bancos privados, para que nas próximas greves sejamos capazes de tomar o rumo da luta em nossas mãos.




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