×

GREVE BANCÁRIOS | Aviso ao Sensacionalista: Bancos estão em greve há 127 anos e ninguém percebeu

Após o término da greve dos bancários em São Paulo na noite desta segunda-feira (26), a equipe de reportagem do Esquerda Diário, preocupada com as recentes alegações do site Sensacionalista, percorreu as agências bancárias da cidade para saber como os clientes estão reagindo ao retorno.

sexta-feira 30 de outubro de 2015 | 23:35

Para ler o artigo do Sensacionalista, clique aqui

A constatação foi surpreendente: mesmo com o término da greve, as agências mantinham-se fechadas, e os funcionários do banco que lá estavam recusavam-se a atender. "Depósito apenas no caixa eletrônico." e "Pagamentos exclusivos em lotérica" eram as frases mais dirigidas aos clientes, que aceitavam as orientações com naturalidade. Ao conseguirmos entrar em algumas agências, vimos que todas aquelas visitadas continuavam com atendimento reduzido, com vários guichês de atendimento e de caixa vazios.

"É esta greve absurda que continua." afirma o gerente geral de uma das agências, Mauro Andrade. "Todas as agências estão com falta de funcionários devido a esta manifestação, a meu ver, desnecessária." Um funcionário do atendimento prontificou-se a falar sobre a falta de contratações no banco e sobre os postos vagos ainda não preenchidos na agência. Mauro reagiu rapidamente, tirando uma panela do terno e acertando-o direto na cabeça. "Sim, realmente, é a greve." enfatizou.

Diante desta situação, foi feito o contato com o representante da FENABAN, Trabuco Leviano. "A greve ainda se mantém, com várias demandas ainda sendo levadas à Brasília por vários sindicatos de bancários para apreciação pelo ministro da Fazenda e pelo Senado.", afirma Trabuco. Ao comentarmos sobre o encerramento da greve no dia 26, ele respondeu: "Eles? Não, essa é a greve dos bancários. A greve dos bancos é a que continua."

Trabuco segue informando que a greve dos bancos se mantém ininterrupta desde 1888, como solidariedade à greve dos produtores rurais que começou no mesmo ano. Ao relembrar, o representante se emociona: "Toda década de 1870 a 1880 foi marcada por uma série de ataques covardes a direitos históricos conquistados muito antes de nossa chegada em 1808. A Lei Áurea foi o sinal de que precisávamos retaliar."

De acordo com Trabuco, a greve dos bancos segue forte, com falta de funcionários, venda casada e restrição de atendimento ampliados diariamente. Entre as demandas levadas pela categoria, o representante da FENABAN enfatiza a alta das taxas de juros, demissão de funcionários e isonomia na terceirização. Sobre esta demanda, ele destaca: "A terceirização representa um grande direito conquistado na década de 1990, garantindo salários atrasados, verbas rescisórias não pagas e instabilidade no emprego. É mais do que justo que este direito seja estendido ao restante dos bancários." Sobre as outras demandas, Trabuco informa que novas demandas são criadas a cada dia. "Por exemplo:" diz ele, acenando para um diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo que o escoltava naquele momento, "a nova demanda é que eu possa beber meu martini em paz e mandar você sair do meu resort. Mas esta é uma conquista fácil de alcançar".

"Sabe como é," Trabuco Leviano comenta enquanto a equipe de reportagem era delicadamente surrada pelo diretor do sindicato durante a despedida, "Nós temos responsabilidade social."




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias