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1º de maio | Atos esvaziados no 1M reforçam que precisamos enfrentar o bolsonarismo com independência de classe

Atos esvaziados por todo país e a presença de atos bolsonaristas neste dia histórico de luta dos trabalhadores reforçam que é preciso batalhar pela independência de classe.

segunda-feira 2 de maio de 2022 | Edição do dia

O 1º de maio, dia internacional de luta dos trabalhadores, historicamente é marcado por atos de trabalhadores em diversos países, batalhando por suas demandas mundo afora. No Brasil, o dia de hoje foi marcado também por bolsonaristas nas ruas, em pequenos atos e reacionárias reivindicações em uma clara provocação cínica.

Em Brasília, Bolsonaro esteve presente no ato em frente ao Congresso Nacional, sem discursar, em meio a cartazes que exigem voto impresso e "auditável", contra o STF e com bonecos infláveis de Lula como presidiário, reivindicando a prisão arbitrária realizada pelo judiciário em 2018.

Acompanhando Bolsonaro, estava o general Heleno, e depois, chegou ao ato a ex-ministra ultraconservadora Damares Alves. Para completar o time dos reacionários que odeiam os trabalhadores, as mulheres, os negros e LGBTs, estavam presentes deputados federais como Bia Kicis que chegou a chamar Daniel Silveira de "símbolo de luta pela liberdade". Na ofensiva reacionária de sempre, vociferaram contra o direito ao aborto, contra a legalização das drogas e pediam a "criminalização do comunismo".

Já em São Paulo, o ato na Paulista teve o discurso de Bolsonaro exibido em um telão, onde o lema do integralismo "Deus, Pátria e Família", seguiu presente como costuma acontecer nos atos dessa extrema direita raivosa. Em Niterói, o ato contou com a presença do Daniel Silveira, conhecido por quebrar a placa com o nome de Marielle e figura central no embate entre Bolsonaro e STF, acompanhado de um bizarro sósia do "viking de Capitólio". Em algumas cidades, os atos da direita contaram com poucas centenas de pessoas. Em cidades como São Paulo ou Rio de Janeiro, teve algumas poucas milhares, mas significativamente menores do que atos como os do 7 de setembro do ano passado.

Também registraram atos em defesa do governo Bolsonaro e de todo seu reacionarismo, capitais como Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Curitiba, São Luís, João Pessoa, Salvador, Goiás e outras.

O surgimento desses atos espalhados pelo país, só foi possível pela enorme trégua que protagonizam as centrais sindicais como a CUT e a CTB e por sua política eleitoral e de conciliação de classes, que querem transformar toda a indignação de milhões de trabalhadores frente a inflação, a carestia de vida, o desemprego e a fome, em votos para a chapa de Lula-Alckmin.

Atos do 1º de maio ou pró Lula-Alckmin?

As burocracias sindicais que deixam isoladas cada luta como a da CSN, como foram a de garis e da educação de Minas Gerais, é a mesma que nesse 1º de maio convocaram atos eleitorais em defesa da conciliação de classe e da chapa Lula-Alckmin, que defendem uma política que concilia com os capitalistas, golpistas e instituições do regime e não pode responder às necessidades da classe trabalhadora e do povo pobre.

Em geral os atos foram muito aquém do que as burocracias sindicais esperavam – em São Paulo, onde Lula discursou e uma série de artistas foram convocados, a Praça Charles Miller não chegou perto de encher e Lula acabou fazendo uma fala curta. Seu discurso, inclusive, sequer citou Alckmin ou mesmo que iria revogar as reformas neoliberais de Bolsonaro. Em cidades como Porto Alegre, por exemplo, as centrais sindicais chegaram a cancelar em cima da hora alegando uma chuva que sequer chegou. Em outras cidades, os atos foram em sua maioria esvaziados.

Além de esvaziados, os atos contaram com convites grotescos, totalmente alheios aos trabalhadores. Um exemplo foi o convite que as centrais sindicais fizeram ao bolsonarista Artur Lira, personagem central da base do governo e dos ataques contra nossa classe, e também a Luiz Fux, presidente do STF que aparece em disputa com Bolsonaro, mas que segue com o autoritarismo judiciário que avalizou o golpe, a prisão de Lula e pavimentou o caminho de Bolsonaro ao governo.

Nós do MRT levantamos nossas bandeiras no ato independente chamado pelo Polo Socialista Revolucionário em São Paulo, como se pode ver nessa matéria.

As burocracias sindicais e sua política de conciliação de classes são responsáveis pelos atos esvaziados por todo o país, onde a enorme força dos trabalhadores, das mulheres, dos negros e da juventude não puderam se expressar com toda sua potencialidade, e a fundamental participação dos trabalhadores foi substituída por discursos de inúmeros burocratas em verdadeiros comícios para Lula-Alckmin.

Para enfrentar o bolsonarismo, é preciso colocar de pé uma política de independência de classe, que levante um programa que responda às necessidades da nossa classe. Pela revogação integral e imediata da reforma trabalhista e de todas as reformas e privatizações! Pelo reajuste automático dos salários de acordo com a inflação, emprego para todos e contra a precarização do trabalho! Por auxílio de um salário mínimo para todos desempregados! Pela redução drástica e imediata dos preços do gás de cozinha e dos combustíveis, e por uma Petrobrás 100% estatal e sob controle dos trabalhadores e da população! Batalhamos também por uma política de independência de classe internacionalmente, contra a guerra na Ucrânia, pela retirada das tropas russas da Ucrânia, bem como contra a OTAN e pela retirada de suas tropas da Europa do Leste, rechaçando o rearmamento imperialista.

Para enfrentar a extrema-direita e os ataques do governo e das diversas instituições do regime, é preciso fortalecer e unificar as lutas em curso, como a dos trabalhadores da CSN, como vimos no caso dos garis do RJ, dos trabalhadores da Avibras, do INSS, dos educadores de Minas que agora se enfrentam com o STF.

Frente a esse cenário e frente à crise histórica do PSOL, que oficializou seu apoio à chapa Lula-Alckmin, fomos parte de um ato independente em São Paulo junto a outras organizações que compõem o Polo Socialista Revolucionário e seguimos diariamente em cada local de trabalho e de estudo, através do Esquerda Diário e dos nossos programas, batalhando para construir uma alternativa de independência de classe.




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