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VIOLÊNCIA POLICIAL | Assassinatos, Desaparecimentos e a Impunidade da polícia no Rio de Janeiro

Juan ChiriocaRIO DE JANEIRO

sexta-feira 2 de outubro de 2015 | 00:00

Dados publicados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) expressam uma realidade que é ocultada a maioria das vezes pela grande imprensa. A polícia mata nas favelas, e cada vez com mais frequência, mesmo em suas próprias estatísticas. O vídeo que flagrou policiais forjando a resistência do jovem Eduardo Felipe Victor dos Santos de 17 anos desnuda uma prática institucional generalizada na ação da Polícia Militar do Rio de Janeiro: assassinatos e impunidade dos PM.

227 mortes em 2015 contra 174 em 2014, no período entre Janeiro e Agosto na capital do estado. No conjunto do estado de Rio de Janeiro as mortes pelas mãos da polícia também aumentaram no mesmo período, de 389 para 459. Um em cada cinco assassinatos no Rio de Janeiro é causado pela bala de um PM.

Essas estatísticas mostram só os assassinatos da polícia que chegaram ao conhecimento público. Existem muitos outros casos em que o assassinato ou enfrentamento nunca chega a ser de domínio público. Esses casos passam a engrossar a estatística dos registros de pessoas desaparecidas.

Se o vídeo em que PMs forjam um falso enfrentamento no morro da Providência é tão gritante e escandaloso que até a Globo tem que se pronunciar condenando, gritante são também os 4172 registros de pessoas desaparecidas no estado do Rio entre Janeiro e Agosto de 2015.

Uma estatística confusa, mas que oculta os assassinatos do dia-a-dia feitos também, muitas vezes pelos mesmos policiais do Rio de Janeiro. "Sumiu e já não está". 2013 deixou um dos casos mais emblemáticos e que escancararam a relação entre os desaparecimentos e o caráter assassino da Polícia Militar. O caso de Amarildo de Souza Santos o pedreiro que "sumiu" após ser levado de um bar na Rocinha. Naquele tempo o Rio ainda fervia pelo fogo das jornadas de Junho e o grito de "Cadê o Amarildo" pressionou e o Estado e a Polícia teve que reconhecer que foi da mão da própria polícia que Amarildo foi assassinado e desaparecido, não tendo sido encontrado até hoje.

O vídeo com flagrante na Providência exigiu pronunciamento supostamente horrorizados de todas as autoridades. "Abominável e muito triste" diz o Governador Pezão e o Secretário de Segurança Beltrame, condena dizendo que a PMERJ não será denegrida por "4 ou 5 bandidos travestidos de polícia".

Todos condenando a ação "daqueles policiais", aqueles agentes em particular do Estado mas nós no Esquerda Diário não cansamos de condenar e repetir que situações como esta fazem parte da coluna vertebral da instituição da Polícia Militar, que na ideologia e na prática são os filhos dos filhos dos filhos dos capitães do mato, e como herdeiros desta tradição "caçam" especialmente os negros.

Beltrame afirma que "os policiais ruins a gente demite" mas o assassino de Amarildo ainda continua dentro da PMERJ no mesmo serviço que o que matou o menino Eduardo, a Claudia e o que atravessou o peito do menino Vinicius no Caju.

Este escândalo foi um balde de água fria para o secretário Beltrame e também para o prefeito Eduardo Paes e suas tentativas de reforçar o cerco policial ao redor da zona sul. Estes fatos evidenciam a falsidade do discurso que estaria ocorrendo um "constrangimento" no emprego da polícia no Rio de Janeiro.

Qual constrangimento havia na Providência? "Bala Perdida", "Auto de Resistência", "Desaparecimento" pretendem ocultar o verdadeiro caráter do Estado e da ação da polícia. A impunidade de cada dia da Polícia do Rio de Janeiro e o vídeo do flagrante tornam impossível evitar a semelhança com o filme Tropa de Elite e uma frase de um dos policiais: “Eu jogo lá, eles jogam aqui, eu jogo lá, eles jogam aqui, é a guerra da carne!




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