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Hoje é dia internacional dos trabalhadores que deve ser lembrado por sua origem na luta da classe trabalhadora por seus direitos e pela redução da jornada de 8 horas de trabalho. E hoje também professoras e professores de vários estados do Brasil estão em greve contra os cortes dos governos e contra a precarização do trabalho e da educação. E nestas greves milhares de professoras estão enfrentando as barreiras da opressão, que faz com que as mulheres não participem da vida política, e saíram em luta por seus direitos, como as professoras do estado de São Paulo em greve há quase 50 dias e as professoras do Paraná que retomaram sua luta contra os cortes do governo e foram vítimas da escandalosa repressão da polícia militar de Beto Richa (PSDB-PR)

sexta-feira 1º de maio de 2015 | 00:26

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A categoria de professores é composta em sua maioria por mulheres. O censo do professor realizado pelo MEC em 2007, relatou que o total de professores do ensino básico no Brasil era de 1.882.961, sendo que 340.036 eram homens e 1.542.925 eram mulheres, ou seja 81,93% são mulheres. Essa relação do trabalho docente com a questão de gênero não é uma mera coincidência, principalmente nas séries iniciais do ensino fundamental, onde a maioria são mulheres, pois este trabalho era relacionado com uma vocação “natural” feminina de educar, originária nos cuidados que desprendia do papel social associado à reprodução e à maternidade.

A combinação entre capitalismo e patriarcado se tornou um pilar estrutural da sociedade dividida em classes. De um lado a burguesia, os que sugam o suor da classe trabalhadora, e do outro, os que são explorados através da sua força de trabalho para poder sobreviver. Entre os explorados, a metade são mulheres, que por sua vez são mais exploradas, recebem os salários mais baixos, vítimas da dupla jornada de trabalho, do machismo e da violência cotidiana do Estado.

As trabalhadoras sofrem com a precarização do trabalho e dentro de casa responsáveis por um trabalho não remunerado com as tarefas domésticas fundamentais para a manutenção da vida da classe trabalhadora. As professoras, como parte da classe trabalhadoras, sofrem com a precarização obrigadas a trabalhar em várias escolas, com salários rebaixados e vítimas de até tripla jornada de trabalho. Assim como trabalhadoras das indústrias alimentícias, têxtil, eletrônica, trabalhadoras de telemarketing, sofrem com as dores diárias da intensa jornada de trabalho e movimento repetitivos, as professoras sofrem de doenças nas cordas vocais e problemas de circulação e são vítimas de doenças psicossomáticas associadas ao assédio moral, ao assédio sexual e depressão (tão comum na categoria de professores).

A ideologia machista burguesa que atribuiu o papel da professora como a “segunda mãe” e o Estado jogam nas costas das professoras a responsabilidade de ter que resolver os problemas sociais dentro da escola. E quando elas lutam por seus direitos, sofrem com os ataques dos governos que as desqualificam como se não preocupassem com a educação das crianças e adolescentes.

Mas as professoras nestas greves estão mostrando que também podem ensinar lutando contra os verdadeiros inimigos da educação pública dos filhos e filhas da classe trabalhadora. Mostram que a educação pública e de qualidade é defendida por bravas lutadoras que estão na linha de frente contra as humilhações e precárias condições de trabalho. Professoras que mostram que não são o “sexo frágil” e enfrentam com cabeça erguida as demissões de 20 mil professores temporários (categoria O) em SP, a intransigência do governo Alckmin (PSDB-SP) e a revoltante repressão que sofreram no Paraná.

Professoras que mostram que lutar contra a violência contra as mulheres é lutar também contra a precarização do trabalho, a retirada de direitos e a repressão do Estado, que com cachorros, cavalaria e bombas instaurou uma guerra em que o “crime” do “inimigo” era simplesmente a luta por condições dignas de trabalho e poder educar com qualidade.




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