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Eleições 2021 Argentina | As perspectivas para as eleições argentinas deste domingo

Neste domingo ocorrem as eleições argentinas, que vão renovar metade do congresso e também outros âmbitos parlamentares no país vizinho. O que esperar deste processo? Acompanhe a cobertura no Esquerda Diário.

sábado 13 de novembro de 2021 | Edição do dia

Após as eleições primárias ocorridas em setembro [1], neste domingo ocorre a versão “definitiva” das eleições argentinas. A partir das PASO, algumas definições importantes já se desenharam.

A primeira definição importante é que a esquerda agrupada na Frente de Esquerda e dos Trabalhadores – Unidade (FIT-U) – composta pelo PTS (grupo irmão do MRT na Argentina), PO, IS e MST – se firmou como a terceira força nacional. Nesse sentido, além de estar praticamente certo que irá conseguir renovar suas duas cadeiras, há a chance de dobrar, conseguindo uma em Jujuy, na candidatura encabeçado pelo gari Alejandro Vilca, do PTS e também na cidade de Buenos Aires, na candidatura encabeçada por Myriam Bregman, advogada militante dos direitos humanos e também do PTS.

Na imensa crise social e política que passa a Argentina, a esquerda revolucionária conseguiu levar uma campanha histórica, com um programa de independência de classe para responder a crise. O peso eleitoral da FIT-U, diferente de partidos neorreformistas como Syriza ou Podemos, ou em algum o nível o PSOL brasileiro, está ligado diretamente ao peso no movimento operário. Não à toa, se vamos analisar por bairros, os bairros mais proletários da grande Buenos Aires registraram votações mais expressivas na esquerda. Mais recentemente, a FIT também aumentou sua influência nos movimentos de moradia, principalmente a partir da intervenção audaz do PTS na ocupação de Guernica, que foi brutalmente reprimida pelo governo peronista. Além disso, se trata de uma campanha militante, que muito além de meramente adaptar seu programa para conseguir cargos a mais no parlamento, busca desenvolver a luta de classes e difundir as ideias revolucionárias, no objetivo de formar um partido revolucionário para por fim ao capitalismo. Um grande exemplo para a esquerda brasileira, que muitas vezes ignora-o.

Ver também: A entusiasmante campanha operária da esquerda argentina

A segunda definição importante é a crise do peronismo. Após Alberto Fernandez conseguir ganhar no primeiro turno, fruto do desgaste de Macri, o governo teve resultados muito ruins nas eleições desse ano. Por um lado, cresceu a coalizão macrista, que teve 42% dos votos válidos a nível nacional, contra 32% da peronista Frente de Todos. Muitos desses votos vieram de eleitores de Alberto em 2019, que votaram na Juntos por el Cambio (frente macrista) não por afinidade ideológica, mas sim como um “voto de castigo”. A abstenção e os votos brancos/nulos também cresceram. Com isso, o governo pode perder a maioria que conta hoje no parlamento, aumentando a crise política.

No entanto, o que tem chamado atenção dos burgueses é outro fenômeno: as migrações dos votos peronistas para a esquerda.. A votação histórica da FIT-U na grande Buenos Aires é significativa, pois mostra esquerda conseguindo penetrar nos bastiões peronistas. Isso desencadeou uma feroz campanha do peronismo contra a FIT-U, muitas vezes colocando que “fazia o jogo da direita”.

Frente aos resultados eleitorais, abriu-se uma crise entre Alberto Fernandez e sua vice Cristina Kirchner, que trocaram atritos públicos logo após a eleição. Como resultado, houve uma mudança nos Ministérios entrando nomes muito mais à direita, com o governo falando que “ouviu o recado das urnas”. Apesar da campanha contra a FIT-U, fica claro quem realmente “faz o jogo da direita”.

Por último, o último acontecimento notável é o fortalecimento dos liberais de extrema-direita, os chamados “liberfachos”. A figura mais notável é Javier Milei, que diz se inspirar em Bolsonaro e Trump. Se dizendo “liberal na economia e conservador nos costumes”, Milei conseguiu 13% dos votos na capital com um forte discurso antissistema criticando a “casta política”. No entanto, após a PASO, a máscara foi caindo. Começou a “amansar” seu discurso contra os macristas, colocando eles como fora da casta política e dizendo que poderia inclusive fazer alianças eleitorais. Muito parecido com sua inspiração tupiniquim lambendo as botas do centrão.

Chamamos a todos a acompanhar no Esquerda Diário estas eleições argentinas e a conhecer a experiência da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores - Unidade!


[1Desde 2011 vigora uma lei na Argentina que faz com que antes das eleições oficiais há uma eleição prévia chamada PASO, que apenas as forças que tenham mais de 1,5% dos votos podem participar das oficiais. Tal mecanismo antidemocrático foi imposto pelo kirchneirismo para prejudicar as forças de esquerda.





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