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IMIGRAÇÃO EUA | As jaulas anti-imigrantes de Trump: a cara bárbara de um capitalismo apodrecido

Leandro LanfrediRio de Janeiro | @leandrolanfrdi

quarta-feira 20 de junho de 2018 | Edição do dia

São de virar o estômago as gravações que chegam dos campos de detenção no Texas, Estados Unidos. Em jaulas, crianças são detidas, enquanto em jaulas ao lado se amontoam seus pais igualmente detidos. Em alguns lugares os familiares enjaulados são separados em instalações diferentes e ficam sem ter notícias de seus parentes. O crime que estas crianças e adultos são acusados? Cruzar a fronteira dos EUA buscando algum emprego precário para se sustentar e quem sabe até remeter alguns dólares a quem ficou para trás, no México, no Haiti, na Guatemala e até mesmo no Brasil.

As jaulas de Trump ecoam através do oceano. Relembram o menino sírio morto nas areias da Turquia, relembra os campos de detenção na Hungria, os milhares amontoados em Lesbos, na Grécia, as prisões em Lampedusa na Itália, os imensos muros para manter os africanos fora do enclave imperialista espanhol de Ceuta, e o grande jazigo que se tornou o Mediterrâneo.

A barbárie capitalista tem seu ponto mais tocante na crise dos refugiados. Mas está é somente o último elo de horrores de um sistema em putrefação.

Centro de concentração de imigrantes na ilha grega de Lesbos

Centro de concentração de imigrantes em Lampedusa, na Itália

Os imigrantes são eles mesmo em sua maior parte oriundos de países devastados por guerras conduzidas pelos imperialismos ou pela devastação de empregos e direitos sociais produzida pela mesma ofensiva imperialista, pela via de seus dólares e políticos a soldo e não por porta-aviões.

O saque das riquezas nacionais, nos minérios, no petróleo, no agronegócio em repúblicas de banana ou soja, o saque via dívidas públicas, os golpes de estado (com tanques como em Honduras) ou com judiciário, parlamento e mídia como no Brasil e Paraguai motivam colocar no poder governos ainda mais lacaios, que entreguem com maior rapidez e submissão o país à rapina imperialista como tão bem demonstrado Temer.

Resultado? Milhões deixados no desemprego, no sub-emprego, presa de guerras convencionais ou pequenas guerras civis com exército, polícias, narco-tráfico e milícias como peões locais da guerra às drogas promovidas pelos EUA, assim são empurrados milhões ao mar e ao deserto ao norte. Essas são parte das correntes profundas que motivam milhões a se arriscar no Mediterrâneo gelado, a cruzar o Rio Grande, se esconder da violenta polícia anti-imigrantes dos EUA, a ICE.

A resposta imperialista ao drama que ele mesmo cria é de demagogia de defesa de interesses nacionais ou até mesmo humanitários (sic). Este é o motivo ridículo alegado pelo governo xenófobo da Itália para negar o desembarque de um navio lotado de resgatados em alto-mar , e com esta mesma desculpa esfarrapada que Trump separa as crianças de seus pais, afinal se os pais colocaram menores no risco de uma suposta "imigração ilegal" o melhor e mais humanitário a fazer é separá-los e enjaulá-los.

Esta demagogia nacionalista no twitter e diante das câmaras é acompanhada de tropas nas fronteiras, mas também de crescentes medidas econômicas nacionalistas. Trump está no limiar de desatar uma guerra comercial com a China e de sangrar recursos de todos países emergentes subindo as taxas de juros dos EUA.

O mundo é crescentemente à cara do imperialismo em decadência: uma suja prisão e exigindo do conjunto da humanidade de ajoelhar-se e oferecer-se como sacríficio no altar dos ditames de cada potência com seus "America First", "Britain First", etc.

As jaulas de Trump, os gritos e choros das crianças comovem até mesmo âncoras de TV nos EUA e redações tão desalmadas como a do Estadão, que fez um editorial crítico nesta terça-feira. No choro do jornal conservador paulista, Trump estaria "pervertendo uma história de liberdades civis e valores ocidentais" dos quais os EUA seria porta-bandeira. Não é esta a história real: seja no tratamento dos negros, dos latinos e outras minorias nos EUA nem falar do que faz o imperialismo mundo afora. Não há tratamento humano no capitalismo. Um sistema erguido para sustentar quem vive do trabalho alheio só pode cedo ou tarde trazer jaulas, guerras comerciais e mesmo convencionais.

As lágrimas de crocodilo de quem aplaude todas medidas imperialistas menos suas jaulas mostra o nível de barbaridade das novas medidas. Se até o Estadão critica, se até uma âncora da NBC chora ao vivo é que a barbárie é mais do que é possível seguir fingindo como se não existisse. Ela invade, comove, dá ânsia de vômito. Ela é a podridão de um sistema político onde 6 bilionários tem a mesma renda que metade da população do mundo.

Para romper as jaulas, a perseguição, precisamos em cada país lutar pelos plenos direitos civis e políticos do imigrantes, que cada angolano, senegalês, haitiano, venezuelano, boliviano e pessoa de qualquer nacionalidade em nossas terras não tenha que passar por uma versão brasileira da mesma barbaridade. Mas essa luta pelos direitos daqueles que atravessam fronteiras em busca de seguir vivos precisa ir a mais do que ao absurdo de negar direitos a quem vive e trabalha em um país, precisa ir ao âmago do que empurra as pessoas ao alto-mar e à fronteira americana: o capitalismo cada vez mais decrépito. Precisamos erguer uma força mundial pela revolução socialista, única maneira de acabar com as fronteiras e suas prisões e também com a fome e o desespero que movem milhões a arriscar suas próprias peles e de seus filhos.




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