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"Aqui tem black!" Frase e grafite substituíram pichação racista em muro de escola

Professor Cláudio Melo e alunos de duas escolas fizeram intervenção artística no muro onde havia sido pichada frase racista em setembro.

domingo 3 de dezembro de 2017 | Edição do dia

Na Escola Estadual Fernando Lobo em Juiz de Fora, no bairro de São Mateus, um muro, o qual havia sido alvo de uma absurda pichação racista, passou a estampar um belo grafite e a afirmação: “Aqui tem black!”.

Em 13 de setembro, o muro da escola havia amanhecido com revoltantes frases: “Descendentes desde Caim / Cruzaram com os macacos / A origem da raça negra”. A pichação foiimediatamente apagada e a escola registrou a ocorrência na polícia.
A ação realizada nesta semana pelo professor de artes Cláudio Melo e alunos das escolas Fernando Lobo e Francisco Bernardino, ressignificou o local que havia sido suporte para o deplorável ato racista, tornando-o espaço de afirmação da identidade da negra. Nas palavras do próprio professo “Nós pintamos um personagem e escrevemos ‘Aqui tem black’, que apresenta o conceito ‘aqui tem, aqui existe’ ”.

Como bem destacou o professor: “Não foi um serviço de pintura, mas uma aula de arte”. ”Usamos da mesma linguagem para atropelar a atitude racista e também conversar com esses jovens que querem dar a mão para combater esse tipo crime. A juventude que está querendo conversar sobre o tema e levá-lo para frente”.

Todo o ocorrido é bastante simbólico da luta dos negros. Assim como na iniciativa do professor e dos alunos de recolorir o muro que havia sido alvo da pichação racista, para torná-lo um espaço de afirmação da identidade negra, boa parte da resistência negra está no processo de ressignificar, de se apropriar da estrutura racista dessa sociedade para subvertê-la. Como disse o historiador e militante negro CLR James: “O único lugar que os negros não se revoltaram foi nas páginas dos historiadores capitalistas”. Para nos enfrentarmos com o racismo é preciso recontar a história, reconstruir ideias, conceitos e expressões dessa estrutura social racista, indissociavel do capitalismo, ou seja, é preciso recolorir os muros.

Racistas não passarão!

(Foto da capa por Marcio Ribeiro)




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