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Internacional/ Nicaragua | Manifestação pedindo a saída do presidente Daniel Ortega foi reprimida pela polícia e por grupos paramilitares, no episódio mais sangrento desde que começaram as manifestações

Manifestação pedindo a saída do presidente Daniel Ortega foi reprimida pela polícia e por grupos paramilitares, no episódio mais sangrento desde que começaram as manifestações

sábado 2 de junho de 2018 | Edição do dia

Mais de 200 pessoas foram feridas e pelo menos 15 foram mortas desde a manhã de quarta-feira, 30, nos protestos contra o governo do presidente Daniel Ortega, segundo dados da própria polícia nicaraguense.

O jornal El País relata que numerosas testemunhas relatam que partidários da Frente Sandinista, grupos paramilitares e a polícia abriram fogo contra manifestantes nesta quinta, 31, em uma avenida no centro da capital Manágua, quando tiros foram disparados do Estádio Nacional e várias pessoas começaram a cair feridas.

A repressão veio pouco depois de um discurso de Ortega na televisão onde respondeu ao principal sindicato patronal do país, que pedia sua renúncia, que “a Nicarágua não é propriedade privada de ninguém”, mostrando que Ortega estaria disposto a tomar medidas duras para manter o poder. Uma das consequências imediatas foi a recusa por parte da igreja católica em continuar mediando o diálogo entre a oposição e o governo Ortega.

Daniel Ortega enfrenta assim a enorme onda de protestos que já duram 44 dias e começaram quando o presidente tentou aprovar uma reforma da previdência que aumentava a contribuição obrigatória dos trabalhadores e dos patrões, em uma medida de conciliação de classes que buscava dividir os custos da persistente crise econômica que aflige o país, mas que apenas serviu para que os empresários pudessem capitalizar a indignação popular.

Ortega assim cumpre a sina de muitos líderes de “esquerda” latino-americanos, como Nicolás Maduro na Venezuela e Evo Morales na Bolívia, que utilizam um discurso supostamente nacionalista e socialista para seguir com a submissão ao capital internacional. A questão é que frente ao maior acirramento das disputas entre as potências imperialistas, tal submissão não é mais suficiente e esses governos são atacados pelo capital internacional e por suas respectivas burguesias, que conseguem capitalizar o descontentamento popular em torno de medidas ainda mais duras com a população.

Nesses países, assim como no Brasil, onde uma greve (locaute) liderada pelos patrões dos transportes está sendo amplamente apoiada pela população e, inclusive, por setores da esquerda socialista, é necessário uma alternativa que defenda resolutamente a independência de classe diante de todas as frações burguesas e do capital internacional para dar uma resposta as justas reivindicações da população pobre e trabalhadora.




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