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CRIMINALIZAÇÃO DE MOVIMENTOS SOCIAIS | Após incêndio na ocupação do Paissandu, mídia criminaliza ocupações e movimentos sociais

Mídia, aliada aos grandes empresários do mercado imobiliário, faz ofensiva para criminalizar ocupações por moradia na cidade que tem mais casas vazias que pessoas sem casa.

sexta-feira 4 de maio de 2018 | Edição do dia

Após o escândalo do incêndio e do desabamento da ocupação do prédio no largo do Paissandu na última terça (1), que escancarou o total descaso do Estado com o direito à habitação, a grande mídia vem tentando criminalizar o movimento por moradia pelo fato das ocupações cobrarem aluguel para mudar completamente o foco do verdadeiro problema.

Os movimentos por moradia têm uma lógica de se auto sustentar e manter o espaço, visto que não existe nenhum tipo de política pública ou auxílio para as pessoas que não têm onde ficar. Os alugueis que são cobrados nas ocupações para garantir, por exemplo, a limpeza e a segurança do local na medida do possível, não chegam nem perto dos alugueis que seriam cobrados nos prédios da região. O grande questionamento agora, no entanto, deve ser porque algumas pessoas são submetidas a morar nesses locais sujeitos a desabamentos, enquanto existem mais prédios vazios por toda a cidade do que pessoas sem ter onde ficar.

As ocupações e o movimento por moradia não são uma escolha, e sim ações de desespero para ter um lugar para dormir. O incêndio seguido pelo desabamento escancarou ainda mais as situações de miséria evidentes em todos os cantos de São Paulo. O Estado, que fortalece a especulação imobiliária mantendo os prédios vazios, além de não oferecer políticas públicas para as pessoas que não têm onde morar, avança repressivamente, decretando na maioria das vezes reintegração de posse para tirar as famílias que moram ali a força.

É preciso que o Estado seja responsável pela crise de moradia que existe em São Paulo. Os imóveis ociosos só servem à especulação imobiliária e devem ser imediatamente expropriados para atender as necessidades dos ocupantes com uma séria inspeção e revitalização desses espaços, para que exista uma garantia de condições de vida dignas aos moradores dessas ocupações. Para os sobreviventes da tragédia da última terça-feira, devemos exigir que sejam oferecidos locais adequados para eles ficarem, para que não tenham que ficar dormindo no largo do Paissandu e para que não tenham suas vidas colocadas em risco todos os dias.

Além disso, devemos olhar mais profundamente o verdadeiro problema para que exijamos medidas realmente efetivas. Em vez de criminalizar o movimento de moradia que paga em média R$ 200,00 de aluguel, deveríamos questionar a especulação imobiliária, que escancara a real prioridade do Estado que é responsável pela tragédia que aconteceu. Precisamos de um programa sério de obras públicas para todos, sobre a base de impostos às grandes fortunas, como mansões, e o não pagamento da dívida pública, que apenas enriquece os banqueiros milionários nacionais e estrangeiros. Um plano coordenado pelos próprios trabalhadores e sem-teto, criando empregos, e a possibilidade desses sem-teto viverem nos grandes centros em que trabalham, com moradia digna para suas famílias.




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