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PARALISAÇÃO | Apeoesp chama paralisação dia 18: para acontecer é preciso assembleia e organização pela base

Um governo negacionista em meio a 475 mil mortos e que ataca os trabalhadores com privatizações e reformas. Um governador que se diz “racional” contra Bolsonaro, mas impõe o retorno inseguro das escolas e faz de São Paulo um laboratório de ataques, fazendo avançar a reforma do ensino médio. Motivos não faltam para que os professores de São Paulo se mobilizem. O nosso sindicato, a Apeoesp, dirigido pelo PT, diz que dia 18 é dia de paralisação. Mas como fazer com que esse dia seja um dia de mobilização real nas escolas e não só para constar no calendário da Bebel?

quinta-feira 10 de junho de 2021 | Edição do dia

O 29M, antecedido por greves como a dos metroviários de São Paulo, marcou um momento de volta dos atos de rua e mobilização contra o governo Bolsonaro e seus ataques, sobretudo à educação. Os professores, eleitos junto aos estudantes como inimigos desse governo, em São Paulo sofrem com o governo de Doria e seu secretário Rossieli, que fazem do ensino um exemplo nacional de precarização e de privatização, e hoje se enfrentam com uma reestruturação profunda da educação, com PEI, novo ensino médio, escolas cívico-militares, ensino híbrido, e ataques antissindicais, em meio a um retorno inseguro que continua deixando professores e alunos contaminados e mortos.

Mas infelizmente, para o 29M, em que o país foi marcado por fortes atos de rua, não pudemos contar com nosso sindicato para organizar assembleias e reuniões em cada escola ou região para debater com cada professor que é preciso romper a rotina que o governo quer nos impor, nos mobilizar em nossas escolas e ir às ruas. Pelo contrário, além de não ter nenhuma organização de base para a manifestação, o PT, que dirige a Apeoesp (sindicato dos professores de SP), ainda fez um jogo duplo tentando desmarcar atos em alguns lugares do país, e indo em outros, tudo para controlar as manifestações e instrumentalizar para seus objetivos eleitorais.

Agora, a Apeoesp diz que está chamando uma paralisação no dia 18, acompanhando as demais centrais sindicais que chamam a se “mobilizar” nesse dia e que assim separam mobilizações do dia 18 com atos do dia 19, que também dizem que estão chamando, para que nossa força não se expresse unificada. Tanto que a própria Apeoesp ainda não disse nada sobre os novos atos do dia 19 que estão sendo chamados contra Bolsonaro. Mas o 29M mostrou a força dos que não vão se calar frente a esse governo e é nela que devemos nos apoiar para seguir nossa mobilização e não deixar que sejam mobilizações inofensivas e instrumentalizadas por interesses eleitorais. Por isso, precisamos que todas as forças que se dizem de oposição ao sindicato se coloquem a exigir desde já assembleias e reuniões de base para que o dia 18 seja um dia de paralisação real, se expressando em cada escola, e para que o dia 19 seja um dia em que os professores possam ir às ruas mostrando toda sua força e que faz jus a fama de inimigo do governo.

Imaginem se existissem assembleias de toda a categoria de professores, em que tivéssemos direito a se expressar e decidir paralisar dia 18. Imaginem se em cada escola existissem reuniões, abertas à comunidade escolar, onde todos pudessem debater sobre o que significa o governo Bolsonaro e Mourão e como estão querendo avançar até mesmo na privatização da luz, com a Eletrobras, se pudessem debater o que é o novo ensino médio, o PEI, e o ensino híbrido e os grupos empresariais que estão por trás dessas medidas, junto com Doria e Rossieli, e como são ataques para tornar o ensino mais rápido e vazio de conteúdo, também atacando o trabalho docente. Querem ensino precário para estar de acordo com trabalhos precários.

E imaginem se a partir desse debate os professores decidissem que os dias 18 e 19 não serão normais, já que a normalidade já não existe faz tempo, mas serão dias de luta, onde nossa categoria possa paralisar as escolas, fazer atividades de paralisação com diversos debates e atividades que os professores julguem necessários e ir às ruas, se juntando com todos os que querem rechaçar esse governo.

Só com essa organização pela base, onde a nossa categoria possa falar, votar, decidir, e se mobilizar é que o dia 18 e o dia 19 podem ser reais e unificar as pautas da nossa luta contra os ataques a educação com a luta contra o governo, que como é possível ver no cartaz de convocação, não é nem citado pela direção do sindicato. Por isso, é fundamental que o PSOL, o PSTU, e todas as forças de oposição exijam esses espaços e essa organização pela base, ou do contrário, só serão dias para constar no calendário sindical da Bebel, presidente do sindicato.

O dia 18 poderia ser um dia onde os sindicatos de conjunto do país chamassem uma grande paralisação nacional, onde todas as categorias pudessem se mobilizar e assim extrapolar o controle das direções burocráticas que querem apenas um palanque para Lula, ex-presidente que já está mostrando que vai se ligar com tudo de mais podre que existe para governar em 2022, sem ao menos tocar nas reformas e ataques que já passaram. Poderia ser um dia que abrisse caminho a outros trabalhadores e suas lutas, como é a dos garis de SP que hoje lutam por vacina.

Nessa luta, nós do Nossa Classe Educação defendemos que é preciso gritar por Fora Bolsonaro e Mourão, sem nenhuma ilusão de que o impeachment ou qualquer saída institucional como a CPI, possa ser um caminho, já que precisamos derrubar o governo de conjunto, sem deixar Mourão ileso. Também defendemos a necessidade de lutar por uma assembleia constituinte, livre e soberana, que possa decidir os rumos do país e revogar as reformas, porque também não confiamos no Congresso e STF golpistas.

Além disso, devemos levantar a demanda por vacina para todos já, com quebra imediata das patentes e sem indenização aos empresários da indústria farmacêutica, que deveria ser controlada pelos trabalhadores. Agora, Doria diz que “antecipou” o calendário da vacina para professores, mas a verdade é que há meses estamos trabalhando sem segurança sanitária de forma totalmente exposta. É muito importante que finalmente tenhamos esse direito, mas não podemos permitir que usem dele para ampliar ainda mais o retorno inseguro, já que a comunidade escolar ainda não será vacinada e é preciso seguir defendendo essa demanda a toda população.

Só com essa força da nossa classe, unificada, podemos enfrentar Bolsonaro, Mourão, e todos os ataques e reformas, incluindo os ataques de Doria e a reestruturação que estão fazendo na educação. E nós professores podemos mostrar um caminho.




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