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ESCOLAS SP | Alunas da EE Alves Cruz ocupada defendem educação pública de qualidade para todos

O Esquerda Diário entrevistou Joana e Paula, estudantes da E. E. Prof. Antônio Alves Cruz, escola de tempo integral, a primeira desse tipo a ser ocupada, a partir de ontem, dia 25 de novembro. Elas defendem uma educação de qualidade para todos e o direito à greve dos trabalhadores, e também relatam que os alunos sofreram ameaças por conta da ocupação.

sexta-feira 27 de novembro de 2015 | 00:00

ED: Por que vocês decidiram participar desse forte movimento de ocupações das escolas contra a "reorganização escolar"?

Joana: Embora a reorganização não vai afetar a gente de modo direto, de modo indireto afeta com certeza porque fazemos parte do sistema educacional. Embora muitos alunos não achem isso por sermos uma escola integral, escola "modelo" do governo, eles acham que a gente está dentro de uma bolha. Mas percebemos que afeta sim. E além disso, estamos dando ao movimento por conta da visibilidade que a escola tem, ser a "escola modelo" do governo Alckmin, que ele usa em muitas propagandas políticas. Mostramos o apoio pois é uma luta de todos nós. Estamos aqui também pelas melhorias necessárias.

Paula: E mais, a nossa escola já foi quase fechada 2 vezes e conseguimos superar. Os próprios alunos se mobilizaram. E é mais que necessário a nossa escola, por ser "modelo", dar esse exemplo. Dizer "Nós somos contra a reorganização e estamos dando nosso apoio".

ED: Vocês estão sofrendo algum tipo de ameaça ou retaliação por conta da ocupação?

Paula: A gestão está mobilizando os alunos que não são a favor da ocupação a virem aqui e atacar a escola, tentar tomar o nosso movimento.

Joana: A gente tem prova de que a diretoria mandou mensagem pra alguns alunos dizendo "vocês têm que ir lá e tentar tirar os ocupantes". E tem outras ameaças, as de sempre: que não vamos ter nota, que não vamos repetir de ano, que o pessoal do terceiro ano não vai entrar em faculdade. Também estão falando que a gente está aqui pra vandalizar a escola, espalhando esse tipo de boato. Mas estamos resistindo!

ED: É sabido que professores que participaram da greve do primeiro semestre tiveram seus contratos cessados com a escola [escolas integrais impõem aos professores contratos especiais, segundo os quais podem ser "devolvidos" às suas escolas de origem de tempo parcial caso a direção assim o julgue]. O que vocês alunos pensam disso?

Paula: Absurdo. Porque todo trabalhador tem direito de fazer greve. E não é porque a escola integral está nessa "bolha" e tem tudo diferente que eles não têm esse direito. Não deveria existir essas diferenças da escola de tempo integral pras outras.

Joana: O professor não pode fazer greve porque a escola é diferenciada. Mas acho que isso tudo é muito errado porque isso vai criar um desnível no ensino público. Se a educação pública é pra todo mundo, todo mundo deveria ter acesso a um ensino de qualidade. Se nós temos esse privilégio de estar nessa escola, e receber um conhecimento e ensino que - não que eu concorde - é considerado mais adequado e melhor, porque todas as pessoas não têm acesso a isso? Isso é um dos motivos que me faz apoiar essa causa. Não é porque a gente está numa posição confortável [na escola de tempo integral] que não devemos nos mobilizar; temos que sair dessa zona de conforto. A gente tem que querer que todo mundo tenha a mesma educação de qualidade. E a gente tem que lutar muito pra chegar a isso.

ED: Vocês querem mandar mais alguma mensagem pros alunos, professores e comunidades em geral?

Paula: Ocupe sua escola, lute pela educação e pelos seus ideiais! Juntos e unidos nós conseguimos!

Joana: Educação é transformar. Quanto mais a gente transformar, mais avanços a gente vai ter! Tamo junto!




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