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LUTA SECUNDARISTA | Alerta: estão tentando negociar um acordo com o governo pelas costas dos estudantes em luta

A UMES e a UPES estão à frente dessa operação desmonte, defendendo uma proposta de acordo nas alturas que não representa a vontade dos estudantes em luta. É possível barrar essa manobra e avançar na luta se um forte organismo democrático de representantes das escolas surge e se torna o único interlocutor do movimento

Odete AssisMestranda em Literatura Brasileira na UFMG

segunda-feira 23 de novembro de 2015 | 14:05

FOTO: Na audiência de hoje, 23, os dirigentes da UMES Marcos Khaue, da UPES Angela Meyer e Camila Lanes presidenta da UBES, uma alta burocrata da UJS (PCdoB). Mais uma vez colocaram uma proposta de acordo que não é aprovada pela base pela ampla parcela dos estudantes mobilizados.

Na última quinta-feira, 19 de novembro, aconteceu no antigo hotel Hilton uma audiência pública para falar sobre a reorganização escolar, que contou com a presença da UMES, UPES, ANEL, além de diversos estudantes em luta e do secretário estadual de educação, Herman Voorwald, o deputado pelo PSOL Carlos Giannazi e outros políticos.

O secretário apresentou a proposta do governo do estado, como denunciamos no Esquerda Diário, numa clara tentativa de manobrar o conjunto do movimento e desmobilizar os estudantes, sendo divulgado pela midia burguesa como um recuo na reorganização mas que na verdade consistia em suspender a proposta por dez dias. Segundo o acordo proposto por ele após a desocupação das escolas seria enviado um material informativo em 48 horas, para que pudesse ser iniciado debates com a comunidade, professores, alunos, pais, associações e conselhos. Tudo isso em apenas 10 dias.

A defensora pública Daniela Skromov apresentou uma contraproposta dizendo que antes de tudo era necessário o diálogo e que se houvesse uma negociação os estudantes poderiam até concordar com a reorganização, desde que se respeitasse 4 premissas básicos. Essas premissas seriam em primeiro lugar, o não fechamento de nenhuma escola, em segundo que a reorganização fosse debatida ao longo de 2016 com a participação de pais, alunos, professores, APMs, conselhos de escolas e grêmios estudantis, nesses três últimos deveriam ocorrer eleições no inicio do ano para eleger novas gestões. O terceiro ponto era que os formandos em 2015 participassem das discussões e por último que professores, pais e alunos não sofram punições.

Novamente na audiência na justiça hoje, os dirigentes da UMES Marcos Khaue e da UPES Angela Meyer, voltaram a colocar essa proposta, que não é aprovada pela base pela ampla parcela dos estudantes mobilizados.

UM ACORDO QUE NÃO FOI DISCUTIDO COM OS ESTUDANTES MOBILIZADOS

Esse acordo é uma proposta levada adiante pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e pela União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES) associações que hoje são dirigidas por setores que defendem a política do governo Dilma e que fazem de tudo para frear a luta dos estudantes secundaristas para que a mobilização não saia do controle deles e por isso não quer que avence verdadeiramente. Teme também que caso se desenvolva se choque com o governo de Dilma e do PT, que assim como Alckmin atacam a educação pública.

Apesar de conter o não fechamento das escolas e a não punição daqueles que estão em luta, esse acordo não foi discutido nas bases dos estudantes. Não é uma proposta unificada do movimento, tirada após uma discussão em um organismo democrático como por exemplo, um comite dos estudantes mobilizados. Esse acordo é uma proposta unilateral dessas entidades governistas que não foi construída conjuntamente com todos aqueles que se mobilizam contra a reorganização escolar de Alckmin.

Não podemos aceitar que desarmem que essas direções negociem pelas costas dos estudantes e traiam a mobilização quando ela ainda está se fortalecendo. Se o movimento acabasse agora e aceitasse essa proposta, essas entidades governistas sairiam cantando vitória, contudo seria desaproveitar a força que temos agora para resistir aos ataques do governo e a desmobilização facilitaria para que ano que vem Alckmin pudesse implementar seu projeto aos poucos.

Temos força para impor como piso mínimo para negociar neste momento o não fechamento das escolas. Para resistir a essa manobra, a articulação entre as escolas em luta precisa se fortalecer e passar a ter representantes eleitos democraticamente em todas as escolas que levem os informes para assembléias de base e que estas tenham o controle das decisões dos rumos do movimento a partir deste organismo de representantes por escola. Mas é possível ir por mais nessa luta.

PODEMOS IR POR MAIS NA LUTA POR UMA EDUCAÇÃO GRATUITA E DE QUALIDADE EM TODOS OS NÍVEIS

Se construímos um organismo democrático de representantes das escolas, nosso movimento vai ficar mais forte e organizado, podendo ser capaz de organizar grandes ações unificadas e passar da luta contra o fechamento para uma luta em defesa da educação pública e de qualidade em todos os níveis. Essa luta tem que partir de barrar os cortes de Alckmin e Dilma na educação e garantir investimento suficiente para a abertura de novas escolas, a diminuição do número de alunos por salas, a reforma e abertura de novas escolas, contratação de mais professores efetivos e melhoria salarial, tudo isso como parte da luta por um outro projeto de educação, onde as escolas deveriam ser auto-gestionadas por estudantes, professores e pais, onde o currículo seja debatido na comunidade, onde se acabe com as escolas e universidades privadas e se garanta o acesso direto do ensino médio para a universidade pública, assim como existe em diversos outros países.

Um organismo desse tipo teria força para convocar toda a sociedade para essa luta, aproveitando as forças e apoio que os secundaristas despertaram na sociedade.




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