Conversamos com Marcello Pablito, trabalhador do bandejão da USP, dirigente sindical dos trabalhadores da mais prestigiosa universidade do país sobre a libertação de Lula e as perspectivas para a luta dos trabalhadores.
sábado 9 de novembro de 2019 | Edição do dia
Depois de centenas de dias de prisão arbitrária Lula foi solto essa tarde. Sua libertação vivamente sentida por muitos jovens e trabalhadores mostra a debilidade de parte do imenso arranjo político-midiático-judicial para realizar o golpismo. Sua libertação pode ser um necessário ponto de apoio para avançar contra todo autoritarismo e golpismo. Para isso é preciso superar a imensa trégua que as centrais sindicais tem dado ao governo Bolsonaro, "é preciso exigir um plano de lutas contra as reformas e os ataques", afirmou Marcello Pablito, diretor do Sindicato de Trabalhadores da USP, e candidato a eleição nessa combativa entidade sindical na "Chapa 2 – Unidade Pela Base contra Bolsonaro, os golpistas e os ataques".
Em conversa com o Esquerda Diário ele afirmou: “Em primeiro lugar é preciso remarcar como a prisão de Lula foi crucial para realizar uma eleição manipulada, como nós do Esquerda Diário sempre denunciamos, uma eleição que tinha como objetivo garantir a continuidade do golpe. Um golpe que só pode se consolidar com as mãos do judiciário, inclusive dos ministros que agora criticam a Lava Jato.”
“Em todo esse tempo ficou mais do que provado a arbitrariedade do judiciário. É possível e necessário partir dessa raiva sentida por milhões para avançar contra todo o golpismo. Para isso é preciso dizer um forte basta à paralisia imposta aos trabalhadores e à juventude pelas direções do movimento de massas. Elas deixaram passar a Reforma da Previdência sem luta, e suas direções políticas, como o PT e PCdoB, tentam costurar acordos com o centrão contra Bolsonaro e a Lava Jato. Só podemos confiar no caminho da luta de classes para enfrentar os ataques e a extrema direita. Não será com acordos com partidos burgueses como o PDT, PSB e nem falar outros partidos do centrão, em uma chamada frente de esquerda ou frente democrática que enfrentaremos o golpismo. Esses partidos tiveram muitos parlamentares que votaram a favor da Reforma da Previdência, não só Tabata Amaral mas também Kátia Abreu e vários outros.”
Pontuando o que é necessário fazer o trabalhador do bandejão da USP e dirigente sindical pontuou: “ É preciso batalhar pela imediata ruptura da criminosa trégua que as centrais sindicais estão dando a Bolsonaro e todos seus ataques e exigir dos sindicatos, da UNE, das centrais sindicais como a CUT e CTB, que levantem um plano para reverter cada ataque que tem sido aprovado e garantir o fim de processos arbitrários como o de Lula, além da justiça por Marielle, uma ferida do golpe. É preciso construir em cada local de trabalho e estudo uma força militante que possa desafiar os freios que as direções dos sindicatos e do movimento estudantil colocam. É possível e necessário avançar para exigir anulação de todos processos da Lava Jato, impor que todos casos de corrupção sejam julgados por júri popular, que todos juízes sejam eleitos e ganhem como uma professora, e partir do questionamento ao racista e golpista judiciário possamos avançar contra cada medida contra a educação, a saúde, as aposentadorias e direitos trabalhistas já votadas ou que estão lá no Congresso aguardando para ser votados”.