Os agentes escolares de São Paulo, que já haviam realizado uma paralisação no dia 18 de outubro, paralisaram novamente as escolas nesta quarta dia 03, a paralisação segue exigindo de Doria o pagamento do abono salarial a todos os agentes e melhorias de condições de trabalho e salário, já que o salário recebido pelos agentes é de cerca de $1.000,00, abaixo até mesmo do salário mínimo federal.
quarta-feira 3 de novembro de 2021 | Edição do dia
A paralisação ocorreu nesta quarta, dia 03, mesmo dia em que Doria e Rossieli, seguindo a normalidade negacionista de Bolsonaro, impuseram o retorno escolar obrigatório para 100% dos estudantes e sem distanciamento social. Os agentes paralisam mais uma vez exigindo a sua participação no abono salarial que o governo anunciou aos professores, e melhores condições de trabalho e salário, já que não chega nem ao mínimo federal o valor recebido pelos agentes, mostrando que é com a precarização do trabalho que o governo de São Paulo mantém as escolas públicas. Além disso, a mobilização se contrapõe a PLC 26, a reforma administrativa de Doria.
Veja declaração de uma das agentes escolares que estiveram presente no ato pela manhã na cidade de Campinas:
“Sou funcionária pública há 10 anos e o motivo da nossa paralisação no dia de hoje, e também como foi no dia 18 de outubro, é por conta do nosso salário que está muito abaixo do mínimo federal e também por todo descaso do governo do Estado e do secretário para nossa classe de servidor público e servidor da educação, está cada dia pior, nós não temos respaldo nenhum deles, simplesmente esqueceram que tem um quadro de funcionário que abre a escola, que cuida dos alunos, que derrepente você é pai, mãe, enfermeiro, psicólogo, você é tudo desses alunos e também atendemos pai, mãe, você acaba sendo psicólogo de mães que tem n problemas de família querendo desabafar. Por tudo isso, pelo que a gente representa para a comunidade escolar, onde a gente trabalha, só que o governador não está enxergando isso. Deixou a gente para trás no abono que teve, que sempre foi distribuído para classe geral e agora nesse momento crítico da economia, tudo subindo, ele deixou a gente de fora. É inaceitável! O PLC 26 infelizmente foi aprovado, tem deputados tentando reverter isso, a gente espera que seja revertido, mas infelizmente ele acabou com a classe de professor, servidor público e não só escolares, com todos, porque a questão de abonadas, falta, abono permanência, 5 anos de licença premium, que poderia pegar um mês de pecúnia, mas até isso ele fez questão de acabar. Eu espero que a Afuse dê a atenção que estamos precisando e que a classe corra atrás não deixe só por conta deles. Temos que ir lá, gritar, ir pra guerra, a hora é agora, embora eu acho que começou tarde demais, mas já que começou não podemos ter medo, não podemos ficar aterrorizados, porque dirigente falou aquilo, isso, porque eles não passam pelo que a gente passa, então que a gente tenha pé no chão e firmeza e continue de cabeça erguida lutando pelos nossos direitos.”
Uma declaração que mostra que motivos não faltam para a mobilização dos agentes, assim como também não faltam aos professores, já que estamos diante de um verdadeiro combo de ataques aos servidores e toda classe trabalhadora, com PLC 26, retorno obrigatório, implementação da reforma do ensino médio, PEI, avanço do EAD e fechamento de noturnos, além de Doria extinguir cargos nas escolas e precariza o serviço para favorecer a entrada das Organizações Sociais na gestão escolar e assim abrir mais espaço à privatização.
A paralisação desta quarta mostra que existe muita insatisfação na categoria, e poderia ser ainda maior de não fosse o assédio da SEDUC sobre as faltas de quem paralisasse hoje. Além disso, poderia ser maior se as direções sindicais, como a AFUSE, mobilizasse a categoria de fato, organizando espaços de base para que a paralisação seja mais ampla e efetiva. A Apeoesp, sindicato dos professores, que poderia junto com a Afuse e demais sindicatos da educação, chamar uma mobilização em comum, segue com seu rotineirismo e sem organizar nenhum plano sério de luta contra esses ataques e de Bolsonaro e Mourão.
É preciso reunir forças para exigir das direções sindicais a organização pela base, onde tenha paralisações reais e que possam ser parte de um plano de luta, que unificado com os professores e demais categorias, possa exigir aumento real de salário, e não abono, para que o salário seja o mínimo do DIEESE e não um valor que mal dê para comer, como denunciam as agentes.
Nós do Nossa Classe Educação prestamos total apoio aos agentes escolares, uma só classe, uma só luta!