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PRESSÃO POR AJUSTES | Agência Fitch rebaixa nota do país e aumenta pressão por mais ajustes

sexta-feira 16 de outubro de 2015 | 00:00

O diretor executivo da Fitch, Rafael Guedes, afirmou nesta quinta-feira, 15, depois que a agência internacional rebaixou o Brasil, que a questão política apresentada pelos analistas do País para reduzir a nota soberana "demonstra a dificuldade que o governo está tendo em passar as medidas que são necessárias para restabelecer um equilíbrio macroeconômico e fiscal".

"A notícia má é a perspectiva negativa", comentou Guedes, ao subir inesperadamente no palco do evento que já havia participado mais cedo, em São Paulo. "A perspectiva mostra que há chance maior do que 50% de o País ser rebaixado num período de até 24 meses", disse.

E o rating sendo rebaixado resultaria, segundo ele, no grau especulativo do Brasil por duas agências de classificação, o que poderia levar o País a "perder elegibilidade para investidores institucionais".

Para jornalistas logo depois, Guedes destacou que os analistas de rating soberano "geralmente gostam de resolver de 12 a 18 meses", sobre uma reavaliação de nota de um país analisado.

"O relógio começou a contar a partir de hoje. Em no máximo 12 meses terá que ocorrer outro comitê", apontou Guedes. "A nota de hoje reflete nossa expectativa quanto à capacidade de pagamento que um investidor, alguém que esteja comprando título do Brasil, tenha seu investimento pago num período de até 5 anos", definiu

Tendência a aumento da dívida

O diretor executivo da Fitch disse também que o "ambiente político e econômico é muito negativo", o que indica um cenário conturbado no curto prazo que coloca pressão sobre a nota soberana do País. "O Brasil tem dinâmica de dívida desafiadora. Há também questões sobre o baixo crescimento", destacou.

"Com o desafio político exacerbado, o cenário para a dívida (bruta) pode não ser atingido", apontou Guedes. Segundo ele, a redução da nota do País "não deveria ser uma surpresa" depois do que falou na sua primeira palestra, logo cedo.

Nessa participação, Guedes destacou que a agência previa que a dívida bruta como proporção do PIB atingiria 66% neste ano, 69,5% em 2016 e 71% em 2017.

Para o diretor da Fitch, há projeções de analistas de mercado segundo as quais a dívida bruta poderia chegar a 80% do PIB em 2018, o que seria o dobro do patamar registrado por países que têm o rating no mesmo nível do Brasil.
O que a Fitch nem outras agências mostram é que 47% do orçamento é destinado ao pagamento da dívida. Seu alarme não é sobre quanto o país deixará de ter saúde ou educação para os trabalhadores, mas quais juros serão pagos e com quais facilidades.

Pressão por mais ajustes

Guedes afirmou que, se a situação política levar a riscos maiores do que o esperado pela agência para a dinâmica da dívida pública, o rating soberano poderia ser revisto mais rapidamente. "O que nossos analistas certamente vão olhar é se há paralisia do governo", comentou.

Questionado sobre um eventual impeachment, ele disse que isso não configuraria um evento de crédito, ou seja, não tem implicações automáticas e diretas sobre o rating, mas é preciso analisar o que aconteceria no dia seguinte. "O impeachment é negativo porque leva a uma parada no governo. Com ou sem impeachment, o fato de não se fazer nada é negativo", afirmou.

Com toda cara de pau do mundo , o representante da Fitch negou que a perspectiva negativa atribuída para o rating - fato que não estava inteiramente precificado pelos mercados financeiros - seja uma forma de pressionar o governo. "Nós nunca agimos politicamente, só damos uma opinião técnica", argumentou. Na verdade, estas notas e pareceres são utilizados para pressionar o governo a aplicar ainda mais severos ajustes para que a classe trabalhadora pague pela crise. O modelo grego, espanhol, português de como lidar com a crise é o que estas agências pedem e o governo Dilma de bom grado está entregando.

Esquerda Diário / Agência Estado




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