×

TRIBUNA ABERTA DIRETO DO RIO GRANDE DO SUL | Adailson Rodrigues, rodoviário, opina sobre a luta em curso no RS

quinta-feira 6 de agosto de 2015 | 00:03

Adaílson: Existe um processo aqui no Rio Grande do Sul de constante ebulição, de descontentamento generalizado dos trabalhadores nos órgãos estaduais. Agora, com esse parcelamento no pagamento do Sartori, o governador, causou revolta.

A revolta é fragmentada. Por exemplo, a Polícia Civil, a perícia IGP, a SUSEP estavam fazendo atos isolados, próprios do setor deles. Chegaram a fazer um ato que segundo dizem tinha 5000 pessoas no centro da cidade de Porto Alegre em frente ao Palácio do governo. Por outro lado, os professores também estão se mobilizando junto a outros servidores estaduais, que prometem paralisação. Eles estão formalizando um ato em conjunto pro dia 18/8. Tende a ser um ato unificado. (...)

Mas assim, eu não consigo assimilar a ideia de um ato conjunto [da Brigada Militar]. Um trabalhador que já apanhou de policia em manifestação, que já teve confronto em piquete com a Brigada Militar, esta que nunca se solidarizou com a classe trabalhadora... eu não consigo assimilar a ideia de fazer ato em conjunto, e manifestar claramente apoio a um ato em conjunto que inclui os brigadianos. (...) No dia 29 de maio, por exemplo quando a gente fez um ato aqui dos rodoviários, o batalhão de choque tava batendo o cassetete no escudo formando filas em frente à garagem da Trevo, no portão da Trevo, escorraçando os trabalhadores que faziam um manifesto pacífico, ordeiro em frente à garagem. Simplesmente porque o patrão solicitou e prontamente foram atendidos. (...)

Há pouco tempo no Paraná aconteceu essa tragédia toda com os professores e no brasil a fora se vê muito disso aí, a PM retirando famílias de locais de moradia já tão precárias, a PM a mando da burguesia, a mando do Estado, a mando dos ricos e poderosos, da justiça burguesa. (...)

Eu, Adaílson Rodrigues, rodoviário, como peão, como operário que já esteve várias vezes frente a frente com a PM, eu não consigo ter essa visão aí que talvez muitos tenham me criticado e muitos gostariam que eu tivesse total apoio com a PM (...) eu não sei quanto tempo vai durar essa lua de mel, porque se vê que é um casamento por interesse, então tem prazo de validade. (...)

Já os servidores é mais do que correto e justa a reivindicação deles muito embora eu coloquei no Facebook que talvez muitos servidores tenham que sofrer na carne o que sofre o trabalhador no dia-a-dia, o operário, o trabalhador do setor privado que às vezes vive com um salário de 800 pila. Talvez agora o servidor que tá sentindo na pele o corte de salário e tá tendo que aprender a viver com menos por esse tempo, talvez ele tenha mais solidariedade e empatia de classe quando vê um trabalhador do setor privado que ganha 800, 1000 reais, quando vê esse trabalhador em luta reivindicando por melhor salário por mais direitos e melhores condições de trabalho. É um mal que eu não desejo pra eles, nunca desejei, mas eu avalio também que esse choque de realidade neles possa ser o que venha a colocar eles de volta ao mundo real e que todos somos operários, que todos somos trabalhadores e estamos debaixo da mesma sola que é a sola do sapato da burguesia que insiste em pisar na classe trabalhadora.

Mas os servidores, como disse, são trabalhadores como eu. A polícia pra mim é diferente. Precisamos unir todos os trabalhadores contra os ataques da burguesia e do governo

Um abraço a todos do Esquerda Diário




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias